7 em cada 10 mulheres do estado de SP têm medo de sofrer assédio no carnaval, aponta pesquisa


Ainda de acordo com o levantamento, 19% dos brasileiros concordam que não há problema em um homem ‘roubar’ um beijo de uma mulher no carnaval se ela estiver bêbada e com pouca roupa. Bloco da Maria, da cantora Maria Rita, faz sua estreia no carnaval de rua de São Paulo em 2023 desfilando na Avenida Pedro Alvares Cabral em frente ao Parque do Ibirapuera na tarde deste domingo (12)
SUAMY BEYDOUN/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Sete em cada dez mulheres do estado de São Paulo têm medo de sofrer assédio no carnaval. Entre os entrevistados, a pesquisa apontou ainda que 45% das mulheres do estado já sofreram assédio e 56% discordam que atualmente o carnaval é mais seguro para mulheres do que no passado.
A pesquisa foi realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a empresa Question Pro e ouviu moradores de vários estados do Brasil. Foram 1.507 pessoas com 18 anos ou mais, entrevistadas entre os dias 18 e 22 de janeiro.
Considerando-se todas as pessoas ouvidas pelo país, 19% concordam que não há problema em um homem “roubar” um beijo de uma mulher no carnaval se ela estiver bêbada e com pouca roupa.
Ainda segundo a pesquisa:
32% dos brasileiros concordam que, se a mulher estiver com pouca roupa no bloco de carnaval, é porque está querendo beijar;
50% das brasileiras afirmaram já ter passado por situações de assédio no carnaval.
Para a promotora Fabíola Sucasas, coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo (MPSP), a porcentagem de pessoas que concordam que não existe problema em um “beijo roubado”, e, por outro lado, o medo das mulheres de sofrer assédio no carnaval, mostra o tamanho do obstáculo.
“A pesquisa apresenta, de um lado, o medo das mulheres e a realidade de que o assédio já foi vivenciado por metade delas; de outro, o que é preocupante, que esse medo está justificado, pois elas lidam justamente com o fato de que milhares de brasileiros ainda cultivam a ideia de que a roupa e a bebida são sinal de consentimento para a abordagem sexual”, afirma.
“‘Beijo roubado’ é uma expressão naturalizada de uma conduta criminosa. Não é poesia, não é samba e tampouco brincadeira. Um dos maiores fossos a serem debatidos está justamente na ideia de que o consentimento e o dissentimento ainda se valem da percepção da moral sexual da mulher e não na sua liberdade e dignidade”, completa.
O levantamento também questionou os entrevistados sobre combate ao assédio e 89% das mulheres do estado de São Paulo concordam que é papel de todos combater práticas de assédio no carnaval.
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