PSB oficializa saída de ‘blocão’ articulado por Lira na Câmara

Deputados avaliam que partido foi pouco valorizado em 2023 e perdeu espaço na Casa. Bancada vai se reunir ainda nesta semana para discutir próximos passos. O PSB oficializou à Mesa Diretora na última quinta-feira (1º) a saída do maior bloco partidário da Câmara, que reúne o União Brasil, PP, PSDB/Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade e Patriota. Com o PSB, o bloco reúne 176 deputados.
A articulação para a criação do grupo no ano passado passou pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), apesar de não liderar oficialmente o bloco.
O novo líder do PSB na Câmara, Gervásio Maia (PB), diz que a saída do bloco faz parte de uma estratégia regimental para o partido.
Pelo regimento da Câmara, se o PSB saísse apenas a partir do início do ano legislativo – que ocorreu nesta segunda-feira (5) – não teria a possibilidade de integrar outro bloco.
O PSB avalia a possibilidade de se juntar a outro grupo, que reúne MDB, PSD, Republicanos e Podemos e que, hoje, tem 144 deputados. A decisão deve ser definida em uma reunião nos próximos dias.
Também segundo o regimento, as lideranças dos partidos que se coligam a um bloco parlamentar perdem as suas atribuições e prerrogativas regimentais – por exemplo, apresentar destaques (sugestões) a um projeto sem que haja concordância do bloco ou ter tempo de fala em sessões deliberativas.
Deputados do PSB, contudo, não negam que há uma insatisfação do partido e que, no ano passado, as pautas da sigla “não foram respeitadas” e nem “levadas para frente”.
Reservadamente, um parlamentar nega que a responsabilidade seja exclusiva do presidente da Câmara, mas diz que “ele [Lira] precisa respeitar o tamanho do PSB”.
Segundo o deputado Paulo Folleto (PSB-ES), um dos signatários do ofício, a decisão de sair do bloco foi tomada, porque a percepção de integrantes do partido na Câmara é de que o PSB não foi valorizado durante o ano passado.
“Foi feita uma discussão sobre a posição do PSB durante o primeiro ano da legislatura. Não é nenhuma atitude contrária ao Lira nem a favor de quem quer que seja, mas foi feita uma discussão e há uma percepção de que o PSB não foi valorizado com relatorias, com maior participação. Não foi compatível com o tamanho do PSB”, afirmou.
Outra reclamação de parte da bancada do PSB é que a legenda não tem tido espaço dentro do bloco para relatorias importantes. Alegam que quase todas ficaram com PP e União Brasil, partidos mais próximos de Lira.
Parlamentares também lembram que o novo líder da legenda tem um perfil mais governista e que, no dia 17 de janeiro, publicou em uma rede social uma foto ao lado do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha – a quem Lira tem criticado pela articulação com o governo.
A bancada deve se reunir na quarta-feira (7) para decidir os próximos passos da legenda dentro da Câmara.
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