Alterações da água do mar surpreendem banhistas em praias brasileiras


Nos últimos dias, fenômenos naturais foram registrados em pontos do litoral brasileiro. Esses acontecimentos afastaram os banhistas e deixaram centenas de pessoas com sintomas de intoxicação. Fenômenos naturais surpreenderam e afastaram banhistas em praias brasileiras nos últimos dias. Centenas chegaram a apresentar sintomas de intoxicação.
Os relatos de algo estranho no mar começaram no fim de semana passado em Pernambuco. Na Praia de Maracaípe, a pouco mais de 200 km do sul do Recife, banhistas apresentaram sintomas de intoxicação. Uma pessoa chegou a ser internada.
Pouco mais ao sul, em Tamandaré, o hospital local recebeu 278 casos de pessoas relatando dor de cabeça, mal-estar, dor no corpo e irritação em diversas partes do corpo. De acordo com os médicos, sinais de intoxicação.
Sintomas de intoxicação
JN
Técnicos da Agência Estadual do Meio Ambiente recolheram, nesta quinta (1º) e nesta sexta (2), amostras em diversos pontos do litoral sul, mas os casos já tinham diminuído; tanto que a análise preliminar não identificou coloração ou odor diferente da água.
“É uma coisa assim que realmente pode ser uma floração, o que popularmente se conhece como maré vermelha, de alguma microalga, que a gente não conseguiu determinar ainda qual. Essa massa que fica na água, ela fica à mercê das correntes, da direção dos ventos. É muito provável que esse material vá se espalhando, né?”, explica Andrea Xavier, gerente do laboratório CPRH.
Há dois dias, a cerca de 150 km ao sul, um vídeo gravado de um mirante no litoral norte de Alagoas também mostrou a água avermelhada. No dia, a turista Eliane Araújo entrou no mar e logo começou a perceber alguns sintomas.
“Eu comecei a espirrar e tinha gente já tossindo, espirrando. Eu fiquei quase a noite inteira sentada pela falta de ar”, relembra.
Seu Antônio Rocha teve sintomas parecidos.
“Tive estado febril muito alto e dificuldade de respirar também, muita dor no corpo”, conta.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que, em menos de 24 horas, quase 300 pessoas procuraram atendimento médico em uma unidade de saúde. Todas relataram que tomaram banho na praia conhecida como Carro Quebrado, no município de Barra de Santo Antônio.
A praia chegou a ficar interditada por dois dias. O ICMBio e o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas recolheram material para confirmar se algas de cor avermelhada foram as responsáveis pelos problemas de saúde.
ICMBio e o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas recolheram material para confirmar se algas de cor avermelhada foram as responsáveis por problemas de saúde
JN
O oceanógrafo Gabriel Le Campion explicou que o fenômeno se chama maré vermelha, quando há um aumento da quantidade de microalgas dessa cor ou em tons alaranjados, e que muitas dessas algas acabam soltando substâncias muito tóxicas. Segundo Gabriel, o fenômeno de proliferação das algas vermelhas ocorre por causa de fatores climáticos.
“Depende muito de variações climáticas, nutricionais – presença de determinados tipos de nutrientes -, para que elas possam se multiplicar e chegar a produzir um fenômeno dessa natureza. Porque algumas delas – não são todas, tem vários tipos de toxina – podem passar para o ar através do spray das ondas, e você respirar isso”, afirma.
A 2.000 km dali, um outro fenômeno surpreendeu os turistas e moradores de cabo Frio. O mar de cor escura e com mau cheiro afastou os banhistas de um trecho da Praia do Forte, um fenômeno também provocado pela grande quantidade de algas.
“Esse fenômeno acontece por conta de características climáticas e oceanográficas locais. Ou seja, a gente tem a ressurgência, que é uma entrada de uma água cheia de nutrientes. As algas vão aproveitar esses nutrientes para poder se reproduzir e elas necessitam também do sol e da água quente. Tudo isso são fatores que vão proporcionar essa grande reprodução das algas. E essas algas indo para a praia, elas morrem”, explica o biólogo Bruno Masi.
Fenômenos foram registrados em várias praias do litoral
JN
Como as algas, mesmo mortas, servem de alimento para outras espécies, a Prefeitura não pode recolher o material. Vai ser preciso ter paciência.
“Vim agora caminhando e pensando: poxa, a natureza agora vai demorar a limpar. Nem a Prefeitura vai poder fazer nada, porque é uma transgressão a gente também querer fazer essa limpeza. Então o jeito é a gente aguardar”, ressalta o barqueiro Denis Silvério.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.