Crítica do carnavalesco Leandro Vieira ao samba da Mocidade causa polêmica


Em entrevista à Piauí, carnavalesco da Imperatriz disse que ‘Pede caju que dou, pede caju que dá’, ‘em qualquer ano, seria considerado um samba ruim’ e questionou se o marketing digital não pode influenciar jurados. Um dos autores, Adnet disse que ‘todos têm direito a ter opinião’, mas que Vieira poderia ter tido mais ‘cuidado’. O carnavalesco Leandro Vieira conquistou o seu terceiro título no carnaval do Rio em 2023, com a Imperatriz
Alexandre Durão / g1 Rio
Uma declaração do carnavalesco atual campeão do carnaval do Rio, Leandro Vieira, gerou polêmica no mundo do samba e, claro, nas redes sociais.
À frente do Imperatriz Leopoldinense, Vieira disse em entrevista à Revista Piauí que “Pede caju que dou, pede caju que dá” – samba da Mocidade Independente de Padre Miguel que viralizou e entrou entre as mais ouvidas do Spotify – “em qualquer ano, seria considerado um samba ruim, digno de notas baixíssimas, mas teve um ótimo trabalho de marketing digital” e, por isso, “é apontado como um dos favoritos”.
“Talvez os jurados tenham medo de tirar pontos em função do que se tornou consenso antes do desfile”, disse à revista.
Um dos compositores do samba, o humorista Marcelo Adnet afirmou que “todos têm direito a ter opinião”, mas acredita que o carnavalesco poderia ter sido mais cuidadoso.
“Acho que isso não é uma questão importante, pois é apenas uma opinião, todos têm direito a ter opinião, opinião é subjetivo, não é nada definitivo, mas, quando se fala em público sobre o trabalho de outras pessoas, principalmente quando se trata de carnaval que é um trabalho coletivo e subjetivo, acho que sempre cabe um cuidado maior. Mas, é isso, sem problemas. O jogo segue.”
O que diz Leandro Vieira
Ao g1, Leandro afirmou que algumas de suas falas soaram “fora de contexto” e que ligou pessoalmente para alguns envolvidos com o samba.
“Tenho admiração e apreço por muito dos envolvidos com o trabalho da escola e com alguns torcedores. Liguei pessoalmente pra alguns, assim como fiz com o carnavalesco [Marcus Ferreira], o enredista [Fábio Fabato] e um dos compositores do samba. Todos, pessoas com quem mantenho contato e festejo o trabalho”, disse Vieira.
Segundo o carnavalesco, a ideia era falar sobre pré-julgamentos e o processo de como as redes sociais têm impacto – para todas as escolas e não apenas para a Mocidade – no carnaval.
“Foram 9 meses de conversas e entrevistas ao longo de um processo de construção mensal sobre os mais variados assuntos do período pré-carnavalesco e algumas falas soam fora de contexto. Na ocasião, em novembro, o assunto era o pré-julgamento de enredos, sambas, fantasias e o carnaval debatido no tempo das redes sociais. Dei inúmeros exemplos sobre pré-julgamento ao longo dos últimos anos e o quanto o trabalho das escolas em diferentes setores estão sobre essa influência.”
Nas redes sociais, houve quem perguntasse a Leandro: “Uma declaração dessa, vinda de alguém como você, pra um veículo tão importante, não tem o mesmo efeito de influenciar o julgamento antes do desfile?”, escreveu Pedro Simões, fã assumido de Leandro Vieira.
Veja abaixo algumas postagens sobre a declaração de Vieira.
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Samba viral
Se é fruto ou não do “marketing digital” citado por Leandro, fato é que o samba da Mocidade furou a bolha dos fanáticos por samba-enredo e chegou no grande público.
O enredo sobre o fruto caju – flerte assumido com os carnavais mais leves e campeões da agremiação nos anos 80 e 90 – gerou um samba que viralizou e foi a música mais ouvida no Rio de Janeiro no réveillon, de acordo com a plataforma Spotify. Desde então, segue nas paradas e sendo tocado em festas.
Reportagens e até o prefeito Eduardo Paes já comentaram que 2024 já pode ser considerado o “verão do caju”.
A obra “Pede caju que dou… Pé de caju que dá” é assinada pelo ator e humorista Marcelo Adnet, pelo veterano Paulinho Mocidade e por Diego Nicolau, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Gigi da Estiva, Lico Monteiroe Cabeça do Ajax.
O samba contraria a tendência de sambas mais densos que desembarcaram na Avenida, sobretudo, a partir de 2016.
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