Dossiê expõe que mortes de transexuais e travestis ainda deixam de ser registradas pela polícia no Pará


Oficialmente, a polícia paraense não registrou morte de pessoas trans e travestis em 2023. Já levantamento feito por ativistas mostra que foram quatro assassinatos no estado. Vítimas da transfobia no Pará.
Reprodução
A violência contra pessoas trans e travestis ainda é subnotificada no Pará. Oficialmente, nenhuma morte de vítimas transexuais e travestis foi registrada pela polícia paraense em 2023. Os casos precisam ser levantados por ativistas, que elaboram relatórios com os casos que se tem notícia.
Foram quatro casos registrados no Pará em 2023 pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). No ranking foi o 13º estado com mais mortes. Em 2022, tinham sido seis vítimas. Já no Brasil foram 142 assassinatos em 2023, segundo a associação.
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Uma das vítimas em 2023 foi assassinada no distrito de Icoaraci, em Belém. Aylla Sofia foi morta no dia 11 de fevereiro por um homem que seria companheiro dela.
Outra vítima, Thalyta Gabriely Alves Sousa, de 20 anos, também foi assassinada no mesmo mês. O corpo dela foi encontrado no rio em Anapu, no sudoeste do estado.
Mais uma vítima foi identificada como Rebeca Vendaval, de 33 anos. O corpo foi achado no meio da rua, no bairro Nova Vitória, em Parauapebas, na região sudeste. A vítima foi morta a pedradas.
Ainda segundo o levantamento, o Pará está entre os dez estados brasileiros com mais mortes de transexuais e travestis entre 2017 e 2023 (confira no gráfico abaixo):
Informação ‘perdida’
As entidades que representam a população trans e travesti cobram dos órgãos públicos de segurança que os registros de casos como estes sejam feitos.
“Dados sobre essas violências seguem inexistentes ou insuficientes quando comparadas com o que é reportado pelos canais de notícias. E é urgente saber onde está sendo “perdida” essa informação”, aponta o dossiê “Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2023”, divulgado no último dia 29 de janeiro.
“A subnotificação é significativa, levando em consideração que, se uma determinada notícia foi veiculada pela imprensa, espera-se que esses casos estejam devidamente registrados em fontes de dados em órgãos competentes, como delegacias e/ou Institutos Médicos Legais (IML) em todo o Brasil, bem como em secretarias de segurança pública ou órgãos policiais. No entanto, observamos exatamente o oposto dessa expectativa”.
O que diz o governo
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) do Pará informou que em 2022, de janeiro a dezembro, foram registrados dois homicídios contra transexuais no Pará e que, “em 2023, não foram encontrados na base de dados homicídios de vítimas declaradas transexuais, não significando que não há casos, mas que há possibilidade do não preenchimento desta informação no momento do registro do boletim de ocorrência”.
A Segup orienta que “quem for vítima de qualquer tipo de violência, pode procurar a delegacia mais próxima ou a especializada de Combate a Crimes Discriminatórios e Homofóbicos (DCCDH) para atendimento, acolhimento e diligências investigativas”.
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