Dengue em 2024: número de casos suspeitos triplica em relação ao mesmo período de 2023


Em apenas quatro semanas, mais de 217 mil casos e 15 óbitos são confirmados. Distrito Federal decreta emergência e ministra da Saúde faz apelo pela ação conjunta de governo e cidadãos para conter proliferação do mosquito e combater automedicação. O número de brasileiros com suspeita de dengue passou de 200 mil só nas quatro primeiras semanas deste ano, três vezes mais do que nos mesmo período de 2023.
A doméstica Maria Soares Braga está com os sintomas há uma semana, piorou e agora sabe que é dengue.
“Dor, febre, dor no olho… Eu estou sem comer direito, estou com muita dor no corpo, muita dor mesmo. Parece que vai explodir”, conta.
O governo do Distrito Federal armou nove tendas em lugares estratégicos para atender a população com ajuda do Corpo de Bombeiros e do Exército. O atendimento consiste em uma triagem, verificação de temperatura e pressão, o teste rápido e a prova do laço, para ver se há manchas no corpo, que é um dos sintomas da dengue.
O resultado do teste rápido sai em dez minutos. Dependendo da situação, o atendimento é no local mesmo: soro na veia. Os casos mais graves seguem de ambulância para uma UPA ou, em última instância, para um hospital.
O Distrito Federal lidera o ranking de incidência de casos prováveis da doença e já decretou situação de emergência, assim como Minas Gerais, Acre e alguns municípios de Goiás.
Em Rio Branco, agentes têm aplicado o fumacê para combater o mosquito. Em Belo Horizonte, a prefeitura está usando drones para aplicar veneno em locais de risco. Em Curitiba, a população foi convocada para um mutirão de limpeza.
Número de casos de dengue triplica em relação ao mesmo período de 2023
JN
As autoridades estão preocupadas não só com esses estados, mas com a situação do Brasil inteiro. Mal começou o ano e já houve uma explosão de casos: são mais de 217 mil casos prováveis de dengue no Brasil nas quatro primeiras semanas, mais do que o triplo do mesmo período de 2023.
Quinze mortes foram confirmadas em 2024; outras 149 estão sendo investigadas. Nesse mesmo período, em 2023, foram 41 mortes.
A situação é ainda mais alarmante porque, historicamente, os meses com maior número de casos de dengue são março, abril e maio.
Nesta terça-feira (30), em reunião com organizações e conselhos representantes de estados e municípios, a ministra da Saúde reforçou a importância de todos se envolverem no enfrentamento da doença:
“Não podemos esquecer de que 75% da transmissão ocorre dentro das casas. Então, esse apelo é para um trabalho de governo, mas também dos cidadãos, das cidadãs, de cada família, para cuidar desse ambiente. O que nós temos que ter é, seguramente, essa ação coordenada nas duas pontas: evitar a proliferação dos mosquitos, cuidar dessa prevenção desde casa e, ao mesmo tempo, organizar a nossa rede de atenção para cuidar das pessoas de forma adequada”, disse Nísia Trindade.
A ministra e a representante da Organização Pan-americana da Saúde (Opas), Socorro Gross, fizeram um alerta contra a automedicação. Quando houver suspeita de dengue, é melhor buscar uma unidade de saúde.
O SUS vai oferecer vacina contra a dengue a partir de fevereiro. Segundo a ministra, a distribuição ainda não começou porque falta traduzir a bula para o português. O laboratório japonês está finalizando o processo exigido pela Anvisa e, como a oferta de doses é limitada, terão prioridade crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que moram em cidades onde há mais casos da doença.
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