‘Café superfaturado’: popular nas redes sociais, termo representa um hábito cada vez mais comum entre os jovens


O que à primeira vista pode ser tida como uma prática de pessoas com mais idade, tem se tornado algo habitual entre os jovens. Nas redes sociais, conteúdos em cafeterias viralizam. ‘Café superfaturado’ se torna hábito entre os jovens e viraliza nas redes sociais
Tomar um café, acompanhado de um pedaço de bolo e uma boa companhia no entardecer. O que à primeira vista pode ser tida como uma prática de pessoas com mais idade, tem se tornado um hábito cada vez mais comum entre os jovens. Nas redes sociais, até um termo foi criado: ‘café superfaturado’.
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Basta uma navegada rápida pela timeline para encontrar diferentes conteúdos em referência ao hábito. Na prática, não interessa se o café é com ou sem açúcar, o que importa mesmo é curtir o momento com calma e, de quebra, fazer belos registros que em segundos se tornam conteúdos digitais.
Aos 22 anos, a estudante Ana Laura Silva, de Ribeirão Preto (SP), foi uma das que se renderam a um cafezinho caprichado fora de casa. Ligada às redes sociais, ela explica a popularidade do ‘café superfaturado’.
“O termo simboliza esse movimento de buscar um lugar aconchegante e comer uma coisinha gostosa fora de casa, melhor ainda se for acompanhada de um cappuccino ou café gelado. É uma tendência que veio para ficar e um dos meus momentos de lazer preferidos”, diz.
Ainda de acordo com a estudante, o uso do ‘superfaturado’ não representa, necessariamente, uma crítica aos valores dos produtos, mas se trata de uma linguagem bem humorada usada para se referir a um gasto não essencial.
☕A média de preço de um cappuccino em cafeterias da cidade, por exemplo, varia entre R$15 e R$20.
Registros de cafés da tarde da estudante Ana Laura Silva, de Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Conteúdo viral🤳
Em redes sociais, como o TikTok, um simples passeio por uma cafeteria se torna material para conteúdos virais que vão desde indicações de pedidos a vlogs bem humorados. (Veja vídeos acima)
Com um celular em mãos, registros rápidos são feitos e viralizam. Entre os pedidos com mais acessos, aqueles cobertos com chantilly ou servidos em copos com bordas decoradas se destacam.
A tendência faz parte de uma onda que ficou conhecida como “grandpacore”, ou guarda-roupa do vovô, em tradução livre. O conceito se resumo a reproduzir uma estética vintage, resgatando roupas, acessórios e até hábitos comuns entre os idosos.
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Público renovado
Responsável por uma confeitaria inaugurada há três anos na zona Sul de Ribeirão Preto, a empresária Letícia Carvalho Botelho dos Santos aponta que, apesar de considerar o público do estabelecimento misto, o número de clientes jovens cresceu exponencialmente.
🍰Atraídos por produtos e espaços ‘instagramáveis’, típicos e chamativos para as redes sociais, os jovens apresentam um comportamento padronizado, onde a aparência dos produtos ganha maior valorização, de acordo com Letícia.
“A gente percebe que grande parte das pessoas acaba se importando mais com a aparência do produto do que o sabor em si. Quanto mais jovem a pessoa é, mas ela exige da aparência do produto”, afirma.
Segundo a empresária, pratos populares fora do país acabaram sendo incluídos no cardápio, justamente por chamar a atenção dos jovens que já procuram a unidade com o desejo de experimentar o que é sucesso no mundo digital.
Cafeterias e confeitarias têm atraído, cada vez mais, a atenção de jovens em Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/Çikolata Confeitaria
Mudança de hábito
Mais do que uma trend de rede social, a popularidade do ‘café superfaturado’ expõe uma mudança no comportamento dos jovens e uma tendência a hábitos antes vistos como específicos de uma faixa etária.
O comportamento se reflete em outras práticas da população como, por exemplo, o consumo de álcool. De acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde, em 2021, 19,3% dos brasileiros, com idade entre 18 a 24 anos, fazem consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Esta foi a primeira vez que o índice ficou abaixo dos 20% desde 2015.
Medo de dar vexame, ressaca moral e ligar para o ex são determinantes para jovens não exagerarem no consumo de álcool
Publicado em 2023, um panorama produzido pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) aponta que o grupo de pessoas com idade entre 18 e 24 anos apresenta menor índice de consumo abusivo de álcool quando comparado à faixa etária de 60 anos ou mais.
Hábitos de jovens aponta redução do consumo abusivo de álcool
Jader Souza/SupCom/ALE-RR
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