
Denis Silva foi preso por descumprir medida protetiva e denunciado por tentativa de feminicídio por meio cruel. Vítima, que diz ter sido jogada de carro em Cajuru (SP), tem sequelas, segundo promotor. Ministério Público denuncia homem por agredir ex-namorada em Cajuru, SP
As investigações que levaram o Ministério Público a denunciar, na última semana, um homem por tentativa de feminicídio em Cajuru (SP) apontam crueldade nas agressões contra a namorada. A jovem, de 25 anos, disse ter sido jogada por ele de um carro em movimento durante uma briga em janeiro. Depois disso, ao longo das investigações, ela entrou com uma medida protetiva, que foi descumprida pelo suspeito, preso no dia 16 de março.
Antes de cair no asfalto (veja o vídeo da queda abaixo), Gabriele Caroline Gonçalves levou socos e teve a cabeça batida contra o painel do veículo várias vezes. Ela gritou por socorro, enquanto tentava se livrar do investigado, Denis Cipriano de Carvalho Silva, de 31 anos, segundo o promotor de Justiça Ilo Wilson Marinho Gonçalves Júnior.
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Gabriele também relatou que chegou a ser arrastada por alguns metros depois que caiu do veículo. A denúncia foi apresentada pelo MP no dia 20 deste mês.
“Entendemos que há crueldade no crime porque houve intenso sofrimento por parte da vítima. Ele a agrediu inúmeras vezes fora do carro, dentro do carro e culminou empurrando, foi um sofrimento completamente desnecessário, enfim, houve excesso de agressividade por parte dele e por consequência lesões graves. Em razão disso, esse intenso sofrimento por ela, esses momentos de terror que ela sofreu configuram sem sombra de dúvidas como uma tentativa de feminicídio por meio cruel”, diz.
Assista ao vídeo que mostra o momento da queda de Gabriele:
Mulher é jogada de carro em movimento em Cajuru, SP
A jovem foi socorrida com a ajuda de testemunhas e levada inicialmente para a Santa Casa de Cajuru, de onde foi transferida para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto devido à gravidade das lesões. Ela ainda se recupera em casa. Segundo o promotor, além de cicatrizes, ela teve problemas auditivos e na visão por conta da gravidade das agressões.
Denis está preso preventivamente, mas porque, em 3 de março, descumpriu uma medida protetiva que desde o dia 18 de fevereiro o impedia de se aproximar da vítima e que foi concedida pela Justiça após as agressões do início do ano.
A reportagem procurou a defesa do denunciado, que não quis se pronunciar até a publicação desta notícia. No decorrer as investigações, Denis também registrou um boletim de ocorrência, mas alegou que a mulher havia bebido após uma crise de ciúmes e que ela havia se jogado do carro durante a discussão.
Ferimentos na cabeça de mulher jogada de carro em movimento em Cajuru, SP
Reprodução/EPTV
Discussão e agressões graves
As agressões ocorreram entre a noite de 12 e a madrugada de 13 de janeiro na Rua Capitão José Ferreira Diniz, no Centro de Cajuru.
Segundo o Ministério Público, as investigações apontaram que o casal havia discutido durante a “Festa de São Sebastião”, um tradicional evento da cidade, e Gabriele decidiu ir embora a pé para casa, mas o namorado a seguiu até encontrá-la. As agressões ocorreram a partir de então, de acordo com Gonçalves Júnior.
De acordo com a denúncia, além de ter sido atingida com um soco no olho, ela foi puxada pelos cabelos até entrar no automóvel, onde continuou sendo agredida.
“Após essa situação e essa identificação da ausência dela do local, o acusado teria saído com o carro em busca da mesma até localizá-la. Quando a localizou, a agrediu com vários socos e a obrigou a entrar no automotor, em seguida, segundo a versão da vítima e o que foi investigado, ele teria agredido novamente jogando o seu rosto por várias vezes no painel, além de inúmeras agressões no interior do carro”, diz.
A vítima relatou que, para tentar se livrar das agressões, tentou sair do carro, mas percebeu que não conseguiria porque o veículo estava em movimento e passou a gritar por socorro até chamar a atenção de pessoas na rua.
Em um determinado momento, ela contou que conseguiu abrir a porta do automóvel, e que não pulou por conta própria, mas sim foi jogada pelo namorado.
“Gabriele abriu a porta do veículo e Denis novamente tentou matá-la quando a empurrou do veículo em movimento e após ter dito ‘então vai'”, registra a denúncia do Ministério Público.
A Promotoria também registrou na denúncia que, após ser arremessada do veículo em movimento, chegou a ser arrastada por alguns metros pelo carro do agressor, porque o pé havia ficado preso no banco do automóvel. Em seguida, segundo o MP, o suspeito parou o carro, desceu e segurou a namorada de modo agressivo.
Imagens mostram queda de mulher de carro em movimento em Cajuru
Reprodução/Câmera de segurança
“Quando ela conseguiu abrir a porta do carro, ele veio a jogá-la para fora do veículo automotor, acontecendo essas gravíssimas lesões que foram identificadas. Após esses fatos, ele parou o carro, voltou e ainda acabou a sacudindo por inúmeras vezes até a chegada de testemunhas que deram ali os primeiros socorros.”
Segundo Gonçalves Júnior, as investigações ainda podem trazer novas informações, mas, em um primeiro momento, as evidências reforçam a denúncia de tentativa de feminicídio por meio cruel, crime passível de ser julgado pelo Tribunal do Júri.
“Dentro desse contexto, dessa dinâmica de um histórico de agressões anteriores, diante dessa alta velocidade, das agressões constantes dentro do veiculo e que culminaram com esse empurrão pra fora do veículo, pelo menos nessa fase processual nós entendemos que sim que houve uma tentativa de feminicídio com uma conduta extremamente cruel por parte do denunciado.”
A denúncia contra Denis ainda não tinha aceita pela Justiça até a publicação desta notícia.
“Acreditamos que deve ser recebido já nos próximos dias e aí sim iniciaremos a instrução na fase judicial com a colheita da oitiva das testemunhas que presenciaram os fatos da vítima e com interrogatório do réu, obviamente sendo concedido a ele todas as oportunidades defensivas no âmbito do processo pra fazer valer a sua tese defensiva”, afirmou o promotor.
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