Mauro Cid contou em delação que Flávio Bolsonaro era contra o golpe, mas Eduardo era a favor


Moraes derrubou sigilo da delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro nesta quarta, um dia após PGR denunciar Bolsonaro e outros 33 por tentativa de golpe de Estado. O senador Flávio Bolsonaro (à esquerda) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (à direita)
REUTERS/Adriano Machado
Os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), discordavam sobre qual deveria ser a reação do pai após a derrota nas eleições de 2022. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, contou em delação premiada que Flávio era contra um golpe de Estado, enquanto Eduardo apoiava a ideia.
Segundo o delator, Flávio fazia parte de um grupo conservador que defendia aceitar o resultado das eleições em vez de tentar revertê-lo. Os conservadores aconselhavam Bolsonaro a assumir o papel de líder da oposição, considerando essa a estratégia mais eficaz diante do cenário político.
“[Mauro Cid diz] que tinha um grupo bem conservador, de linha bem política; que [o grupo] aconselhava o presidente [Bolsonaro] a mandar o povo para casa e a colocar-se como um grande líder da oposição; que diziam que o povo só queria um direcionamento; que para onde o presidente mandasse, o povo iria”, indica a delação.
Um outro grupo, chamado por Cid de “radical”, era subdividido em duas alas: a “menos radical”, que buscava encontrar indícios de fraude nas urnas eletrônicas para justificar uma contestação do resultado, e a “mais radical”, que defendia a ideia de um golpe de Estado por meio de um decreto. Eduardo estaria entre os mais radicais, segundo o delator.
O grupo pró-golpe acreditava que Bolsonaro teria apoio popular caso decidisse manter-se no poder e que, “quando desse a ordem”, também seria apoiado por CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores). A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, também fazia parte desse grupo, segundo Mauro Cid.
Veja abaixo quem pertencia a cada grupo e como atuavam:
Conservadores:
Senador Flávio Bolsonaro
AGU Bruno Bianco
Ciro Nogueira (então Ministro da Casa Civil)
Brigadeiro Batista Júnior (então Comandante da Aeronáutica)
➡️ Grupo aconselhava Bolsonaro a se colocar como um grande líder da oposição e mandar o povo que estava nos quartéis para casa.
Moderados
➡️Acreditavam que o país estava passando por abusos jurídicos e não concordavam com “a condução das relações institucionais”, mas entendiam que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições.
Este grupo se subdividia em dois. O primeiro grupo era formado generais da ativa que tinham mais contato com Bolsonaro:
General Freire Gomes (Comandante do Exército)
General Arruda ( Chefe do DEC – Departamento de Engenharia e Construção)
General Teófilo (Comando de Operações Terrestres)
General Paulo Sérgio (então Ministro da Defesa)
Havia ainda um outro grupo de moderados que entendia que Bolsonaro devia sair do país. Faziam parte:
Paulo Junqueira – empresário do agronegócio que financiou a viagem de Bolsonaro para os EUA
Naban Garcia
Senador Magno Malta (que também transitava no grupo mais radical, mas acreditava que Bolsonaro deveria deixar o país)
Radicais
➡️ Ala mais radical também se dividia em dois grupos. No primeiro, estavam os “menos radicais”, que queriam encontrar uma fraude nas urnas. De acordo com Cid, era o grupo mais pressionado por Bolsonaro. Estavam neste grupo:
General Pazzuelo
Valdemar Costa Neto (presidente do PL)
Major Denicole
Senador Heinz
➡️ Já a ala mais radical era a favor de um braço armado e incentivava o golpe de estado. “[ala] queria que ele assinasse o decreto; acreditavam que quando o Presidente desse a ordem, ele teria apoio do povo e dos CACs”, diz um trecho da delação de Mauro Cid.
De acordo com a delação, este não era um grupo organizado, mas pessoas que se encontravam esporadicamente com Bolsonaro. Faziam parte:
Felipe Martins
Onyx Lorenzoni
Senador Jorge Seiff
Gilson Machado
Senador Magno Malta
Deputado Eduardo Bolsonaro
General Mario Fernandes
Michelle Bolsonaro
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