Entenda por que chuvas não garantem abastecimento de água à população em Piracicaba


Volume do manancial era de 48,7 mil litros de água por segundo por volta das 7h. Marca é 60,3% menor do que a vazão estimada para dezembro, de 122,9 mil litros de água por segundo, aponta PCJ. Rios da região de Campinas têm vazão acima da média para a época do ano
Com quase 100 mil litros de água por segundo, o vazão do Rio Piracicaba em novembro superou a média histórica esperada para o período no ponto de captação da região da Rua do Porto, em Piracicaba (SP). No mês seguinte, o cenário é outro, com 48,7 mil litros de água por segundo (m3/s) por volta das 7h de segunda-feira (16), o volume 60% menor que a expectativa para dezembro deste ano. A pergunta que fica é: para onde vai a água?
O representante do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) faz um alerta sobre a necessidade de cuidados com os mananciais que abastecem as cidades e investimentos em reservatórios de bairros. 👇Leia detalhes, abaixo, na reportagem.
🚰Em Piracicaba , são constantes as reclamações de falta de água nos bairros. Em novembro deste ano, mais de dez pontos da cidade ficaram sem abastecimento, algumas regiões por mais de cinco dias seguidos. – Relembre aqui.
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O secretário-executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahoz, afirma que importantes cuidados com os reservatórios não foram seguidos.
“Nós temos os 30 mandamentos para estiagem, os 22 artifícios para evitar os eventos climáticos extremos e todos eles recomendam que, quando chegam as chuvas, os reservatórios estejam desassoreados, limpos, para ter espaço para a água. E constatamos que isso não foi feito adequadamente”, diz.
“Então, um [volume] de água que poderia ficar aqui para uma eventual estiagem em 2025 e nos garantir uma sobrevivência hídrica, está indo para o Rio Tietê, para o Paraná e para a Argentina”, afirma secretário-executivo.
Rio Piracicaba tem vazão menor do que a esperada para dezembro
Edijan Del Santo/EPTV
Lacuna em investimentos
Lahoz aponta uma falta de investimentos em situações importantes.
“As próprias tubulações têm vida útil de 20 anos. Então você deveria a cada ano substituir por exemplo 2,3,5 km de rede. Tiveram que priorizar drenagem, tiveram que priorizar outros agravantes climáticos e deixaram de investir, justamente, em substituição de redes, em interligação de sistema, em construção de reservatórios de bairro”, pontua.
“Você não faz ideia a diferença que faz um reservatório de bairro. Ele pode superar uma crise por 3, 5 dias, dando tempo de consertar uma adutora e outros reparos”, diz o especialista.
Vazões dos Rios das Bacias PCJ em novembro de 2024
Reprodução/EPTV
Falta de água
A dona de casa Fátima Braga, moradora do Monterrey, em Louveira, diz que não há água em sua ria desde a última quarta-feira.
“Tenho três crianças pequenos, a gente teve que se locomover para Campo Limpo na casa da minha mãe para poder fazer o básico que é dar banho nos meus filhos, eu tenho um bebê de dois anos, e a gente está com zero de água aqui. Não tem água para lavar louça, para tomar banho, não temos nada de água”, diz.
A moradora diz que a proprietária da residência comprou um caminhão de água, com recursos próprios. Entretanto, é preciso economizar para passar a semana.
“A dona da casa comprou um caminhão de água, do bolso dela, para abastecer a minha casa, a casa dela e dos outros inquilinos, que tem mais ou menos umas seis casas no quintal, só que assim, foi um pouquinho para cada um, e eu estou sem lavar roupa, a gente está economizando o máximo que a gente pode para poder passar a semana”, afirma Fátima.
Gangorra: alta em novembro, baixa em dezembro
O Rio Piracicaba, na região da Rua do Porto em Piracicaba (SP), registra nível e vazão abaixo da média esperada para dezembro nesta segunda-feira (16). No período, o volume de chuvas acumulado no manancial, na primeira quinzena do mês, representa 28% da quantidade média observada no mês, que é de 160,11 milímetros.
De acordo com informações do boletim diário da Sala de Situação das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), nesta segunda-feira, o volume do manancial era de 48,7 mil litros de água por segundo (m3/s) por volta das 7h. A marca é 60,3% menor do que a vazão estimada para dezembro, que é de 122,9 mil litros de água por segundo.
Na comparação com o mesmo dia no ano passado, a vazão do Rio Piracicaba também nesta segunda-feira, também é 18% menor que o volume registrado em 16 de dezembro de 2023, quando o manancial registrava 59,6 mil litros de água por segundo.
A vazão média observada nos primeiros 15 dias de dezembro de 2024 é de 92 mil litros de água por segundo.
Profundidade
O nível do Rio Piracicaba também não atingiu a profundidade média esperada para dezembro. Nesta segunda-feira, o manancial tinha 1,42 metro. Veja os detalhes, a seguir: 👇
Conforme o boletim desta segunda (16), o nível registrou 1,42 metro de profundidade, sendo que a média para dezembro é 2 metros.
De 1º a 10 de dezembro, a cidade registrou total de 58,4 milímetros de chuvas. Média histórica para mês é de 195 milímetros.
Claudia Assencio/g1
Chuvas acumuladas
O Rio Piracicaba registrou 45 milímetros (mm) de chuvas acumuladas entre os dias 1º e 16 de dezembro deste ano. O volume representa 28% da quantidade média de chuvas esperada para o período, que é de 160,11 milímetros.
Nestes últimos sábado (14) e domingo (15), o volume de chuvas registrados 0,75 milímetros no leito do Rio Piracicaba.
Na cidade
De acordo com dados do Posto Meteorológico Jesus Marden do Santos da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz (Esalq)”, o campus da USP em Piracicaba, de 1º a 10 de dezembro, a cidade registrou total de 58,4 mm.
A média história de chuvas no mês de dezembro, segundo informou o professor e pesquisador da Esalq, Fabio Marin, é de 195,4 milímetros.
⛅Veja previsão do tempo para região, no VÍDEO, abaixo:
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