Mourão admite que governo Bolsonaro discutiu plano de golpe: “Bem tabajara”

O militar minimizou a gravidade do plano ao compará-lo com golpes de Estado realizados em outros paísesReprodução

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente no governo de Jair Bolsonaro (PL-RJ), admitiu quehouve discussões dentro do governo sobre um plano para impedira posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na presidência em 2023.

Em entrevista ao jornal O Globo, o general da reserva classificou o planejamento como “bem tabajara” e afirmou que as reuniões realizadas por integrantes das Forças Armadas “não levaram a nenhuma ação”. 

“Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação”, afirmou o senador. Segundo Mourão, na linguagem militar, “ações táticas” envolvem movimentos concretos, o que não ocorreu. “Houve pensamento, não passou disso. É uma conspiração bem tabajara, conversas de WhatsApp”, completou. 

O militar minimizou a gravidade do plano ao compará-lo com golpes de Estado realizados em outros países. “Golpe não funciona assim. Golpe é como você viu aí na Síria, na Venezuela, na Turquia. É tropa na rua, é tiro, é bomba”, declarou.

Ele também afirmou que, para um golpe ser viável, seria necessário o apoio do Alto Comando do Exército, o que, segundo ele, não ocorreu.

“Como funcionaria um golpe? Você vai fazer o quê? Fechar o Congresso? Qual objetivo do golpe? Impedir a posse? Não tem nada disso. É um troço sem pé nem cabeça”, argumentou. 

O senador defendeu a atuação do Exército durante o período. “O Exército se baliza por três vetores: trabalhando dentro da legalidade, usando legitimidade e mantendo a estabilidade do país”.

“O Exército não pode ser fator de instabilidade. É óbvio que uma reversão de um processo eleitoral na base da força lançaria o país num caos. Então, o Exército agiu dentro desses vetores. Foi a atitude correta do [general] Freire Gomes [que recusou o golpe], não há o que contestar”, afirmou. 

Mourão opina sobre as investigações

Mourão também comentou as investigações da Polícia Federal, que indicaram a existência de um plano envolvendo membros do governo Bolsonaro e uma ala do Exército para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Ele chamou as apurações de “fora do contexto” e destacou inconsistências no suposto plano. “Essa investigação da PF, que levou praticamente dois anos, é um escarafunchar de conversas de WhatsApp e de algumas mensagens de e-mails trocados. A gente nunca sabe o contexto em que isso foi efetivamente tratado”, disse. 

Ele também ironizou os detalhes do plano revelados pela Polícia Federal. “Eles diziam ‘vamos ter armas, mas vamos matar por envenenamento’. Então pra que ter arma? São coisas surreais, na minha visão. Os que estão indiciados me parece um grupo pequeno e que não tinha a mínima condição de executar aquilo que em tese estaria dito que eles iriam executar”, concluiu.

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