Investigação que afastou secretários aponta suspeita de desvios em eventos em Florianópolis


Novas informações sobre a Operação Presságio foram detalhadas em uma representação da Polícia Civil apresentada à Justiça. Novas revelações da operação presságio em Florianópolis
A Polícia Civil pediu a prorrogação do afastamento de dois secretários municipais investigados pela Operação Presságio, que apura um suposto esquema de corrupção na coleta de lixo de Florianópolis, até o fim das investigações.
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As novas informações sobre o caso são detalhadas em uma representação da polícia apresentada à Justiça, na qual a NSC TV teve acesso.
Elas incluem possíveis desvios de dinheiro público em eventos esportivos e até mesmo a suspeita de desvios em um estacionamento da Festa Nacional da Ostra e da Cultura Açoriana (Fenaostra), em 2023, em Florianópolis (veja mais abaixo).
O texto pede que continuem afastados Ed Pereira (Turismo, Cultura e Esporte), a esposa dele, Samantha Brose, que atuou como assessora parlamentar na Câmara de Vereadores de Florianópolis, e Fábio Braga (Meio Ambiente Sustentável) (veja os contrapontos no final da reportagem).
A justiça, a partir do pedido, acatou a prorrogação do afastamento dos envolvidos até o fim das investigações.
O que diz o documento
O documento traz dados retirados de uma análise preliminar do aparelho celular de Renê Raul Justino, que era diretor de projetos da Fundação Franklin Cascaes, e também foi alvo da Operação Presságio.
O equipamento foi apreendido no dia 18 de janeiro, quando a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) cumpriu 24 mandados busca e apreensão na operação.
De acordo com o documento, os trechos “evidenciam uma suposta Organização Criminosa enraizada na Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte, com participação ativa de servidores de outras secretarias, em especial de Fábio Gomes Braga.”
Operação Presságio
Cristiano Gomes/NSC TV
A Polícia Civil destaca um áudio enviado em janeiro de 2023 por Renê para um conhecido, que estaria interessado em realizar um evento com apoio da secretaria comandada por Ed Pereira. Conforme a investigação, Renê estaria sugerindo como os valores poderiam ser divididos.
“Vamos supor que é 150, tá ligado? Setenta e cinco para realização do evento, 75 pro o Ed. Setenta e cinco da realização do evento dá para realizar o evento, pagar todo mundo e sobrar uma grana massa pra ti”, afirma no áudio.
Ed pereira foi candidato ao cargo de Deputado Federal meses antes, em 2022. Em outro trecho, a Polícia Civil afirma que “o real objetivo dos eventos organizados ou apoiados pela Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte de Florianópolis não é para fomentar e promover o esporte, mas sim, encher os bolsos do Secretário e de seus comparsas”.
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A polícia aponta também que os nomes de investigados aparecem em planilhas, ao lado dos nomes de diversos projetos sociais, entre os secretários dois secretários e alguns vereadores.
O documento da investigação diz ainda que “o grupo utiliza de servidores das secretarias municipais, ou de pessoas próximas, para integrar as organizações sociais que recebem valores do poder municipal, visando o repasse para os verdadeiros ‘donos’ dos projetos”.
Fenaoestra
Na mesma análise preliminar do celular apreendido, a Polícia Civil afirma ter encontrado indícios de que o dinheiro arrecadado com o estacionamento para a edição de 2023 da Festa Nacional da Ostra e da Cultura Açoriana (Fenaestra), evento tradicional da capital, pode ter sido desviado.
Na mensagem de 3 de novembro, Ed Pereira teria dito para Renê que “o estacionamento da Fenaostra iria livrar as coisas fora”. Renê teria respondido, em áudio, que a Polícia Militar foi ao local.
“Os caras queriam saber de quem era o estacionamento, se era particular, se era privado, se tinha maquininha, se a maquininha estava tirando o comprovante, se sai em nome da prefeitura ou se sai de privado, particular. Ele mandou tirar cone da pista, para deixar só um ou dois aqui. Diz que vai mandar para cima para ver de quem é esse estacionamento, para quem que tá indo, para ver pra quem que tá arrecadando, que pode ser corrupção”, disse.
Operação
A operação Presságio busca apurar suspeitas de corrupção, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, entre outros crimes cometidos, supostamente, por agentes públicos em conluio com particulares.
A investigação iniciada em janeiro de 2021 começou uma denúncia de poluição ambiental por parte de uma empresa de coleta de lixo terceirizada contratada com dispensa de licitação, a Amazon Fort, de Porto Velho, capital de Rondônia.
O que dizem as defesas
A Defesa de Renê Raul Justino afirmou que teve acesso somente nesta terça-feira (20) ao pedido de prorrogação dos afastamentos dos investigados, sendo que este pedido é basicamente fundamentado em algumas conversas entre Renê e outras pessoas.
E reforça que “até então, o que temos são relatórios nos quais os policiais disseram haver conversas, mas ainda não está oficialmente comprovado o que de fato existe, o que não nos permite uma manifestação minimamente segura a respeito”.
A defesa de Fábio Braga disse que o cliente assumiu o cargo de secretário de Meio Ambiente de Florianópolis após a contratação da empresa mencionada no inquérito. Reforçou que Fábio provocou as instâncias municipais por diversas vezes para a necessidade de fazer licitações para o serviço, sendo que isso aconteceu em duas oportunidades. Por fim, disse que tem a convicção da inocência do seu cliente.
A defesa de Ed Pereira e Samanta Brose, afirma que “o material apreendido na busca e apreensão ainda está em análise preliminar. A defesa tem ciência da decisão proferida que renovou o afastamento dos cargos, porém não teve acesso a íntegra das provas objeto de análise”.
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