Pela 1ª vez, pirarucus são filmados no Lago de Furnas; veja vídeo


Registro da espécie, considerada exótica invasora na região Sudeste, foi feito por um médico no município de Guapé, em Minas Gerais. Presença é preocupante, de acordo com pesquisador. Pela 1ª vez pirarucus são filmados no Lago de Furnas; veja vídeo
O que parecia ser apenas mais uma “história de pescador” do Lago de Furnas foi comprovada depois de um despretensioso registro feito por um médico no início do mês no município de Guapé, em Minas Gerais. As imagens que viralizaram nas redes sociais nos últimos dias mostram dois pirarucus nas águas da represa.
“Muita gente falava da presença de pirarucu no Lago de Furnas. Já ouvi comentários até que o peixe tinha rasgado a tarrafa de pescadores profissionais que tentaram capturar, mas pelo que fiquei sabendo, ninguém ainda tinha filmado”, comenta o clínico geral Fainer Vidal, que conseguiu registrar a cena inusitada com o celular.
O médico tem uma propriedade às margens da represa, perto dos municípios mineiros de Capitólio e São Sebastião do Paraíso e estava admirando a vista quando viu os peixes. Em poucos dias, o vídeo teve mais de três milhões de visualizações.
“Recebi muitas ligações de amigos e até pesquisadores entraram em contato. Foram vários comentários em redes sociais, algumas pessoas duvidaram que as imagens foram feitas na região, de tão inusitado o registro. Eu nem imaginava a repercussão”, comenta Vidal.
Não foi a primeira vez que o médico viu pirarucu nessas águas. “Gosto muito de natureza e sempre estou por ali pescando, curtindo o lugar. Eu já tinha visto outras vezes os peixes por lá, mas não conseguia gravar. Dessa vez deu certo. A água na região é bem transparente, o que facilita a visualização. O casal de pirarucu que vive por ali deve ter quase três metros cada um”, completa Vidal.
De acordo com o pesquisador Jean Vitule, do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), de fato a presença do pirarucu na região já era investigada pela comunidade científica, mas o vídeo do médico é o primeiro que se tem notícia que comprova a presença do peixe até agora.
Pirarucu possui bexiga natatória que permite respirar ar atmosférico em períodos de seca
Exploradores de Bogotá/iNaturalist
A ocorrência do pirarucu no Lago de Furnas, no entanto, representa uma ameaça às espécies nativas da região, como mandi, traíra e lambari, já que o peixe é nativo de algumas regiões da Bacia Hidrográfica Amazônica e nos rios do Sudeste é considerado uma espécie exótica invasora.
Ainda não há informações de como os pirarucus foram parar no lago de Furnas.
“Aqui no Sudeste, ele vem se adaptando à esses ecossistemas artificiais criados a partir da construção das barragens e, com isso, invadindo e se dispersando para novas regiões, causando vários impactos negativos relacionados com efeitos de predação, competição e introdução de parasitas e doenças”, afirma o pesquisador que estuda a espécie.
Estudos indicam uma grande dispersão nos últimos tempos desta espécie em áreas onde o peixe não é nativo. “O pirarucu é um peixe que consome uma grande quantidade de recursos, incluindo diversos peixes menores, simplesmente pelo porte dele e pela quantidade de energia que ele vai precisar para manter a massa corpórea. É isso que a gente se preocupa com o pirarucu, já que por aqui ele está em um ecossistema que ele não era pra estar naturalmente”, completa Vitule.
O Terra da Gente já mostrou que o pirarucu invadiu outras partes do Sudeste. No Rio Grande, que faz divisa entre São Paulo e Minas Gerais, a espécie se espalhou pelo reservatório de Água Vermelha, confira na reportagem.
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