Como pesquisadores mapearam caldeira vulcânica de 1,8 bilhão de anos na Amazônia


Análise de rochas foi feita em área marcada pela mineração de ouro e cobre no Mato Grosso. Materiais analisados são peças de quebra-cabeça que remonta ao início da vida na Terra. Floresta amazônica de terra-firme, fotografada de torre de observação no município de Alta Floresta (MT)
Divulgação/Luiz Claudio Marigo via Conservação Internacional
Rochas analisadas por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal do Ceará (UFC) revelaram uma caldeira vulcânica com aproximadamente 1,8 bilhão de anos na região Norte do estado do Mato Grosso, sob a vegetação da Amazônia.
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🔎 Uma caldeira vulcânica é, resumidamente, uma cratera circular e rebaixada por onde vulcões expeliam lava e gases quando estavam ativos. A área pode ter dezenas de quilômetros, como é o caso da caldeira vulcânica do Parque Yellowstone, nos Estados Unidos.
Essas rochas vulcânicas já se sabia que existiam nesse lugar. […] O que este trabalho traz de diferente é que, em vez de fazer uma coisa em grande escala, pegamos uma área pequena e detalhamos essa área. Ali descobrimos, então, a caldeira dos vulcões e as estruturas que caracterizam o vulcão.
🌎 O artigo foi desenvolvido na Província Mineral de Alta Floresta, uma área marcada pela mineração de ouro e cobre no distrito de União do Norte, em Peixoto de Azevedo (MT). A região também integra o Cráton Amazônico, que cobre grande parte da América do Sul.
Mesquita explica que, diferentemente da Islândia ou dos Andes, por exemplo, a área explorada pelos pesquisadores é tectonicamente estável. Isso significa que há rochas com bilhões de anos e que foram pouco modificadas desde a época em que aconteciam erupções.
“Essas rochas vêm de um período em que a Terra toda começa a se oxigenar. É um período muito estudado e que chama muita atenção. Como a Terra se oxigena, os indícios para saber por que de lá para cá ela começou a formar vida. É um período de transição onde aconteceu muita coisa”, afirma.
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Como é feita a análise?
⛰️ Para identificar as rochas analisadas, os pesquisadores dividiram o trabalho em algumas etapas, começando por um sensoreamento remoto – em outras palavras, uma análise da área por meio de imagens de satélite antes de ir a campo.
“E aí vamos para campo, porque fazemos o mapeamento geológico e vamos colhendo as amostras. Quando colhemos as amostras, voltamos para a universidade e fazemos toda a parte de laboratório”, detalha André Kunifoshita, primeiro autor do estudo.
🔬 No laboratório, é hora de analisar as rochas coletadas pelo microscópio. Para isso, as amostras são desbastadas até ficarem em um tamanho que permita a passagem da luz. “Fazemos a parte de geoquímica para ver a composição dessas rochas e a datação urânio-chumbo para ver as idades”.
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Estilos eruptivos
🌋 A análise das rochas também revelou informações sobre os diferentes estilos de erupções vulcânicas presentes na região há quase dois bilhões de anos, segundo os pesquisadores. São eles:
Erupção explosiva: mais violentas e com potencial catastrófico, contêm cinzas vulcânicas, fragmentos de rochas e poucas lavas. Um exemplo é a erupção do vulcão Anak Krakatoa, que causou um tsunami na Indonésia em 2018;
Erupção efusiva: expelem mais lavas que acabam percorrendo longas distâncias, como as recentes erupções no sudoeste da Islândia.
“Com o detalhamento que conseguimos observar em União [do Norte], conseguimos caracterizar esses dois estilos de vulcanismo diferentes. São peças de um quebra-cabeça maior que a gente consegue juntar e ir entendendo, montando um cenário de muito tempo atrás”, diz Kunifoshita.
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