Três homens morrem após confrontos com policiais no litoral de SP


Baixada Santista já soma 12 mortes de pessoas suspeitas em confrontos com policiais apenas em fevereiro deste ano. Casos aconteceram na noite desta quarta-feira, em São Vicente e Itanhaém. Suspeito que morreu em São Vicente foi levado ao PS Central, mas chegou sem vida
Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal
Três homens morreram após serem baleados em confrontos com policiais em São Vicente e Itanhaém, no litoral de São Paulo, na noite desta quarta-feira (7). Com isso, chegou a 12 o número de suspeitos mortos após troca de tiros com a Polícia Militar neste mês de fevereiro nas cidades da Baixada Santista (veja mais no fim da reportagem).
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Um jovem morreu e outro ficou ferido após um conflito com policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) nesta quarta-feira (7) em São Vicente. Segundo o boletim de ocorrência, os dois suspeitos, de 20 e 24 anos, foram atingidos após ameaçarem os agentes com armas de fogo.
São Vicente
Os policiais envolvidos na ocorrência informaram à Polícia Civil que estavam na base da Rota quando receberam denúncia de que homens, envolvidos com tráfico de drogas, estavam em uma casa na Avenida Oswaldo Toschi, no bairro Parque São Vicente. Ainda segundo a denúncia, no imóvel também havia armas e drogas armazenadas.
Viaturas da Rota foram ao local, por volta das 18h45 e, ao chegarem lá, descobriram que o endereço era de uma habitação coletiva, que estava com a porta aberta. Os policiais entraram no imóvel e encontraram algumas pessoas no primeiro cômodo. Por isso, a equipe se dividiu: parte dos agentes ficou no ambiente para revistá-las, enquanto dois policiais seguiram investigando o local.
No segundo cômodo, a dupla foi surpreendida por um homem de 24 anos. Ele apontou uma pistola para os policiais, que reagiram e efetuaram três disparos. O suspeito caiu no chão e os agentes perceberam que havia mais alguém em outro ambiente do imóvel.
Apesar da ordem para se render, o homem identificado como Davi Gonçalves Junior, de 20 anos, apontou uma arma para os policiais, que atiraram novamente em legítima defesa.
Os agentes desarmaram a dupla, que estava com duas armas, e acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Enquanto os homens eram socorridos, outra equipe policial realizou uma busca pelo imóvel e localizou um fuzil embaixo da cama de um dos cômodos.
Segundo a Prefeitura de São Vicente, Davi já chegou sem vida no Pronto Socorro Central, enquanto o homem de 24 anos permaneceu internado sob escolta policial no Hospital do Vicentino. Em nota, a administração municipal informou que não possui autorização para divulgar o estado de saúde dele.
Os dois policiais militares que participaram da ocorrência passaram por exame residuográfico, que também foi solicitado aos suspeitos, inclusive a vítima fatal. As armas dos agentes foram apreendidas e encaminhadas à perícia, assim como as armas da dupla e o fuzil localizado no local.
Itanhaém
Na mesma data, em Itanhaém, outros dois homens morreram. Segundo a Polícia Militar (PM), uma equipe da Força Tática estava em patrulhamento na Rua Manoel Francisco Lisboa, no bairro Belas Artes, por volta das 21h50, quando avistou vários indivíduos. Eles correram em direção ao mangue quando viram os policiais.
Ainda segundo a PM, os suspeitos efetuaram diversos disparos de arma de fogo contra a equipe, que se defendeu. Dois homens foram baleados e morreram no local, enquanto os demais fugiram.
Na ocasião, foram apreendidas três armas de fogo e munições (intactas e deflagradas). A ocorrência foi registrada no Distrito Policial de Itanhaém. A PM não informou se os suspeitos mortos foram identificados.
Procurada pelo g1, a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP) não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Morte de policiais
Policiais militares Marcelo Augusto da Silva, Samuel Wesley Cosmo e José Silveira dos Santos, mortos na Baixada Santista (SP)
Reprodução/Redes Sociais e g1 Santos
No dia 26 de janeiro, o policial militar Marcelo Augusto da Silva foi morto na rodovia dos Imigrantes, na altura de Cubatão. Ele foi baleado enquanto voltava para casa de moto. Uma grande quantidade de munições estava espalhada na rodovia. O armamento de Marcelo, no entanto, não foi encontrado.
Segundo a Polícia Civil, Marcelo foi atingido por um disparo na cabeça e dois no abdômen. Ele integrava o 38º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) de São Paulo, mas fazia parte do reforço da Operação Verão em Praia Grande (SP).
No dia 2 de fevereiro, o policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo morreu durante patrulhamento de rotina na Praça José Lamacchia, no bairro Bom Retiro. O agente chegou a ser socorrido para a Santa Casa de Santos (SP), mas morreu na unidade.
Uma gravação de câmera corporal obtida pelo g1 mostra o momento em que o soldado da Rota foi baleado no rosto durante um patrulhamento no bairro Bom Retiro (assista abaixo).
Vídeo mostra o PM da Rota sendo baleado no rosto em viela no litoral de SP
Cinco dias depois, o cabo PM José Silveira dos Santos, do 2⁰ Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), morreu ao ser baleado durante patrulhamento no bairro Jardim São Manoel, em Santos. Na ocasião, outro policial militar foi baleado e está internado.
Gabinete na Baixada Santista
Após a morte do cabo da PM José Silveira dos Santos, nesta quarta-feira (7), a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP) montou um gabinete em Santos para coordenar a operação policial da região.
Secretário de Segurança de SP, Guilherme Derrite concedeu entrevista coletiva em Santos
Silvio Luiz/A Tribuna Jornal
O titular da pasta, Guilherme Derrite, anunciou uma recompensa de R$ 50 mil por informações sobre o assassino do PM da Rota Samuel Wesley Cosmo.
Ele ainda se posicionou sobre o nome da operação policial em vigor. Derrite corrigiu uma informação errada da pasta que, após a morte do PM da Rota Samuel Cosmo, disse ter deflagrado uma nova Operação Escudo na região.
O secretário apontou que o aumento do efetivo no litoral paulista após o assassinato do policial se deve a um reforço na Operação Verão e que a instalação do gabinete da SSP-SP no CPI-6, na quinta-feira (8), representa a 3ª fase da ação.
Mortes de suspeitos
José Marcos Nunes da Silva (à esquerda) e Rodnei da Silva Sousa foram mortos pela polícia em confrontos
Arquivo Pessoal
Conforme apurado pelo g1, com novas ocorrências em São Vicente e Itanhaém nesta quarta-feira, o número de mortes de suspeitos chegou a 12 só em fevereiro deste ano. Relembre cada uma abaixo:
Na madrugada de sábado (3), um homem – ainda não identificado – morreu na Avenida Francisco da Costa Pires, no bairro São Jorge, em Santos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), policiais da Rota estavam em operação no local, quando foram recebidos a tiros pelo criminoso e revidaram.
O suspeito chegou a ser socorrido ao Hospital Vicentino, mas não resistiu. Com ele, foi apreendida uma pistola calibre 9mm e uma sacola com porções de crack e maconha. Um dos policiais, de 33 anos, foi atingido de raspão no braço.
Em São Vicente, José Marcos Nunes da Silva, de 45 anos, também morreu após ocorrência na madrugada de sábado. O caso aconteceu na Avenida Sambaiatuba, no bairro Jóquei Club. Segundo a SSP, os policiais deram ordem de parada ao suspeito, que tentou fugir a pé e atirou na direção dos agentes.
Os policiais atingiram o homem, que foi socorrido, mas não resistiu. Dentro do imóvel onde ele tentou se esconder, foram encontrados um caderno com anotações do tráfico de drogas e uma mochila com drogas. Também foi apreendida uma pistola calibre 9mm. Ao g1, a família da vítima disse que José era catador de recicláveis e implorou pela própria vida.
Por volta das 11h do mesmo dia, outro suspeito – também não identificado – morreu na Rua Joaquim Teixeira de Carvalho, no bairro do Bom Retiro, em Santos. Ele foi atingido após atirar contra policiais do 3º BPChq.
O homem chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Com ele, foi apreendido um revólver calibre 38 e, na casa em que tentou se esconder, foi encontrada uma mochila com 35 pedras de crack, 312 microtubos com cocaína e 386 microtubos de maconha, além de diversas facas.
Na noite de sábado (3), foram três óbitos na Vila dos Criadores, também em Santos. De acordo com a SSP-SP, suspeitos atiraram contra policiais que faziam uma incursão na região e, depois, fugiram. No entanto, houve troca de tiros e três suspeitos acabaram atingidos. Um deles tinha um revólver e estava com uma quantidade de droga. O trio foi socorrido para a Upa da Zona Noroeste, mas não resistiu.
Na noite de domingo (4), Rodnei da Silva Sousa, de 28 anos, morreu após ser baleado por tiros de fuzis de dois policiais militares da Rota no Morro São Bento, em Santos. Ele estava em um carro de aplicativo que foi abordado pelos policiais.
Segundo o boletim de ocorrência, o motorista de aplicativo atendeu a ordem dos policiais e desceu. Porém, o passageiro, que estava no banco da frente, teria apontado uma arma contra os agentes. Dois PMs reagiram e dispararam. Um deles atirou cinco vezes, enquanto outro fez dois disparos, ambos com fuzis. Ao g1, um familiar contou que Rodnei foi atraído para falso encontro e caiu em emboscada.
Já na madrugada de quarta-feira (7), um adolescente de 14 anos morreu após ser baleado por uma equipe da Polícia Rodoviária na Rodovia dos Imigrantes, na altura de Cubatão. Segundo boletim de ocorrência, policiais viram três homens em atitude suspeita andando na beira da rodovia. Eles desembarcaram da viatura e foram surpreendidos por disparos de arma de fogo.
Um policial chegou a ser atingido no colete balístico e a equipe revidou, efetuou seis disparos e acertou um dos suspeitos. Ao g1, a mãe de Gabriel da Silva Batista de Sena disse que ele era um bom menino e sonhava em ser engenheiro.
Também na quarta-feira (7), um homem, de 33 anos, morreu após cair do 4º andar de um prédio. A queda aconteceu enquanto ele fugia da Polícia Militar, que procurava pelos suspeitos de atirarem no cabo da PM José Silveira dos Santos, no bairro São Manoel, em Santos.
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