Louva-a-deus: veja 11 espécies brasileiras que chamam a atenção na natureza


Fundador de projeto voltado ao estudo e conservação do inseto traz detalhes sobre os grupos mais surpreendentes. Até o momento, Brasil tem mais de 250 espécies catalogadas. Os louva-a-deus estão entre os insetos mais carismáticos e chamativos da natureza. Vale lembrar que são louva-a-deus, não “louva-a-deuses”. Inofensivos, esses animais apresentam cores e formas exuberantes, e são extremamente camuflados em seus ambientes.
Há espécies que imitam galhos, flores, folhas verdes ou secas, musgos, líquens e até mesmo outros animais, como aranhas e formigas. Essa adaptação é muito importante, pois são caçadores e utilizam sua camuflagem para capturar suas presas, geralmente insetos menores que eles.
A camuflagem também os ajuda a se esconder de predadores como aves e anfíbios. Segundo Leo Lanna, biólogo e fundador do Projeto Mantis, o Brasil possui a maior diversidade de louva-a-deus do mundo, mais de 250 espécies já catalogadas, e a expectativa de ao menos o dobro a se descobrir.
Estão presentes em todos os biomas e ecossistemas, com maior variedade nas florestas da Amazônia e Mata Atlântica. As espécies maiores costumam ser verdes, mas há espécies de todos os tamanhos e cores. Nesta matéria, você vai conhecer:
Louva-a-deus unicórnio
Louva-a-deus pipa
Louva-a-deus dragão brasileiro
Louva-a-deus flor
Louva-a-deus coroado
Louva-a-deus folha seca
Louva-a-deus galho
Louva-a-deus líquen
Louva-a-deus de tronco
Louva-a-deus verde gigante
Louva-a-deus artista
Louva-a-deus unicórnio (gênero Zoolea)
Um dos louva-a-deus mais icônicos do país, de acordo com Leo, o louva-a-deus unicórnio recebe esse nome graças à projeção que lembra um chifre em sua cabeça.
Acredita-se que essa projeção, junto às abas das pernas e cores parte verde, parte marrom, são uma forma de camuflagem disruptiva, em que o predador não entende a forma do corpo do louva-a-deus e acaba deixando-o de lado.
Espécies do gênero Zoolea são conhecidos popularmente como louva-a-deus unicórnio
Projeto Mantis
São raros e já até foram matéria no Terra da Gente. Os adultos, por serem maiores, são mais avistados, principalmente no verão. As asas da fêmea têm uma coloração verde aveludada. Estão presentes principalmente na Mata Atlântica e Cerrado, mas há registros deles na Amazônia e Caatinga.
Louva-a-deus pipa (gênero Choeradodis)
Talvez um dos louva-a-deus mais raros no Brasil, o gênero é comum na América Central mas, no Brasil, só pode ser encontrado na Amazônia. Mesmo lá, são poucos os sortudos que já registraram um louva-a-deus pipa. Ele leva esse nome graças à forma ao redor de sua cabeça, que lembra uma pipa.
Vivem em cima de folhas, onde achatam o corpo (que por cima é todo verde) para se esconder de predadores.
Se um predador os avista, levantam-se mostrando as cores incríveis por baixo, comportamento chamado pose deimática, uma forma de assustar e parecer maior e mais perigoso. Como todos os outros louva-a-deus, porém, são inofensivos, não têm veneno nem picam.
Espécies do gênero Choeradodis são conhecidas como louva-a-deus pipa
Projeto Mantis
Louva-a-deus dragão brasileiro (espécies Stenophylla cornigera)
Outra espécie bastante rara, esse louva-a-deus tem uma forma extremamente peculiar que lembra um pequeno dragão chinês. São habitantes de florestas tropicais, sendo a espécie Stenophylla cornigera endêmica da Mata Atlântica, com outras duas espécies do gênero ocorrendo na Amazônia.
Espécies Stenophylla cornigera têm forma que lembra a de um dragão chinês
Projeto Mantis
As fêmeas cuidam da ooteca (estrutura que contém os ovos) até o nascimento dos bebês, comportamento incomum entre louva-a-deus. Devido à raridade, os cientistas temem que dependam de florestas mais preservas e estejam ameaçados, porém há registro de uma população protegida na Reserva Ecológica de Guapiaçu, no Rio de Janeiro.
Louva-a-deus flor (espécie Callibia diana)
Essa louva-a-deus amazônica leva esse nome graças à similaridade da fêmea adulta com uma flor. É a única espécie com essa característica no Brasil. Não se trata de uma flor vistosa, mas um tipo amarelo e pequeno muito comum no interior sombreado da floresta, onde ela habita.
Fêmea da espécie Callibia diana é conhecida por mimetizar flor amarela
Projeto Mantis
Tem um dos ciclos de vida mais fantásticos entre os louva-a-deus, com filhotes que mimetizam formigas-feiticeiras e aranhas, o macho adulto mimetiza vespas, e a fêmea, flores.
Louva-a-deus coroado (espécie Vates phoenix)
Endêmica da Mata Atlântica, a espécie foi descrita em 2020, pela equipe do Projeto Mantis em colaboração com o especialista peruano Julio Rivera. O nome é uma homenagem ao Museu Nacional, pois, para a descrição, a equipe usou exemplares que coletaram em campo e outros emprestados do museu, alguns com mais de 100 anos de coleta.
Nome do louva-a-deus coroado é uma homenagem ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro
Projeto Mantis
“Com o incêndio, a coleção se perdeu, mas esses exemplares ficaram a salvo, e hoje já estão de volta à casa, representando o renascimento dessa importante coleção”, comenta Leo Lanna.
Provavelmente habitam as copas das árvores, pois fêmeas e jovens (que não voam) são raramente vistos e a maior parte dos machos conhecidos são atraídos por luzes, fenômeno comum entre os louva-a-deus voadores.
Louva-a-deus folha seca (gênero Acanthops)
Quando se fala em louva-a-deus muitos pensam imediatamente nas formas verdes e grandes, e se surpreendem ao descobrir que há louva-a-deus que parecem folhas secas. São várias espécies no Brasil, de vários gêneros, cada qual adaptada a seus ecossistemas, da Caatinga à Amazônia.
Acanthops é o gênero mais comum de louva-a-deus folha seca, segundo biólogo
Projeto Mantis
Os mais comuns são do gênero Acanthops, cujo macho tem asas que imitam perfeitamente uma folha morta. A camuflagem é tão boa que eles são encontrados assim, em meio ao verde.
E se um predador muito atento percebe sua presença, eles caem como uma folha morta no chão, ficando imóveis, comportamento chamado de tanatose.
Louva-a-deus galho (gênero Angela)
Há diversos louva-a-deus cujo corpo se parece a um fino galho, o que leva muitas pessoas a confundirem eles com bichos-pau. Um olhar atento, porém, revela os grandes olhos e as pernas da frente em formato de garra, característica típica dos louva-a-deus.
Muitas pessoas confundem espécies desse gênero com bichos-pau
Projeto Mantis
Entre esses louva-a-deus galho, o gênero Angela é o de maior tamanho, incluindo a espécie mais comprida do país, com até 14 cm. São muito comuns na Amazônia, e seu encontro em outros biomas é bastante raro e localizado.
Louva-a-deus líquen (gênero Anamiopteryx)
Os louva-a-deus desse gênero são pouco conhecidos, pois se camuflam muito bem com suas várias projeções pelo corpo lembrando cascas de árvore, líquens e musgos. Há uma diversidade concentrada especialmente em regiões do Cerrado.
Maior parte das espécies deste gênero se encontra no Cerrado
Projeto Mantis
Na Mata Atlântica, uma espécie intrigante, que se assemelha muito a um líquen, foi registrada pelo Projeto Mantis em 2020 e está sob análise, potencialmente uma espécie nova para a ciência. Nesse gênero as fêmeas nunca possuem asas, mesmo quando adultas.
Louva-a-deus de tronco (família Liturgusidae)
Esta família inclui diversos gêneros de louva-a-deus que vivem sobre os troncos e galhos de árvore. Extremamente camuflados e ágeis, são difíceis de serem avistados pois ao menor sinal de aproximação desaparecem para o outro lado da árvore. A forma mais fácil de vê-los é procurar à noite, com uma lanterna, quando a luz gera uma pequena sombra que denuncia sua posição.
Família do louva-a-deus de tronco inclui diversos gêneros
Projeto Mantis
Nos troncos, estão constantemente caçando formigas, alimento incomum para outros louva-a-deus por conta de sua agressividade e toxicidade. O corpo desse louva-a-deus possui diversas manchas e padrões complexos que os tornam muito camuflados em seu ambiente natural.
Louva-a-deus verde gigante (gênero Macromantis)
Este não é o louva-a-deus mais comprido do Brasil, mas certamente o maior. Chegando a mais de 11 centímetros, são verdes, grandes e muito vistosos. Os machos possuem asas translúcidas e voam muito bem, enquanto as fêmeas possuem asas curtas e verdes que a camuflam como folha.
Espécies do gênero Macromantis podem ultrapassar 11 centímetros de comprimento
Projeto Mantis
São encontrados principalmente na Amazônia, mas uma população foi recentemente descoberta no Espírito Santo, representando uma espécie nova que está sendo descrita pela equipe do projeto.
Louva-a-deus artista (gênero Parastagmatoptera)
Também chamados de louva-a-deus arco-íris, as espécies desse gênero chamam a atenção pelas cores no corpo. Roxos, azuis e rosas, laranjas e amarelos se misturam de forma harmônica e estratégica. Quando estão em repouso, o louva-a-deus parece ser apenas verde, revelando cores apenas nas partes internas, que parece reservar para comunicação entre machos e fêmeas.
Espécies têm padrões de cores diferentes a depender da região de ocorrência
Projeto Mantis
Apesar da suspeita, faltam estudos sobre o porquê de tantas cores presentes no inseto. São encontrados em todo o país, cada região com sua espécie e padronagem de cores diferentes. É um dos poucos louva-a-deus brasileiros em que a fêmea adulta voa tão bem quanto os machos.
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