‘Carnaval em Dois Atos’: veja as etapas da criação de um desfile de escola de samba


Há nove meses, o Fantástico lançou um desafio: acompanhar as atuais escolas de samba campeãs do Rio e São Paulo: a Imperatriz Leopoldinense e a Mocidade Alegre. ‘Carnaval em Dois Atos’: veja as etapas da criação de um desfile de escola de samba, desde a escolha do enredo até os ensaios finais
Há nove meses, o Fantástico lançou um desafio: acompanhar as atuais escolas de samba campeãs do Rio e São Paulo: a Imperatriz Leopoldinense e a Mocidade Alegre. É a estreia de “Carnaval em Dois Atos”.
Maju Coutinho viu de perto todas as etapas da criação de um desfile de escola de samba. Desde o enredo até os ensaios finais. São meses de muito, muito trabalho. E tudo começa com um sonho: o de conquistar mais um campeonato.
“O Carnaval está sempre à frente do ano histórico. Porque acaba o Carnaval, você começa a fazer outro. E o que comanda o processo é o enredo. E o que comanda o processo é o enredo. Cada novo enredo em si é uma história, porque tem pesquisas, a diretoria, é tudo muito negociado. É a semente de um longo ciclo que vai desaguar nesse desfile festivo que a gente conhece”, diz a professora, Maria Laura.
A escolha do enredo
Tudo começa na escolha do enredo, como destaca Jorge Silveira da Mocidade Alegre.
Mocidade Alegre.
Reprodução/Fantástico
“A gente começa agora a ter contato efetivamente com a cara que o Carnaval, que o nosso sonho de 2024 começa a ter. Isso começa pela escolha do enredo. Pela apresentação dessa ideia aos compositores, para que eles possam começar a desenvolver as propostas de samba-enredo”.
A sinopse, chamada de “texto-mestre” por Milton Cunha, é o ponto de partida desse processo artístico.
“Chamada de o ‘texto-mestre’, a sinopse. Ela deflagra o processo de 11 meses. Então, é o nascedouro. Eu te diria que a sinopse é a mãe, para o bem e para o mal, de todo o processo artístico. Temos ali o artista carnavalesco falando para artistas compositores da melhor cepa. Então, não minimize a loucura”, explica Milton.
Os trabalhos no barracão
E o texto se transforma rapidamente em tecido.
“A partir do momento em que o desfile é texto, é porque ele já existe em alguma condição na minha imaginação. Se ele já existe em alguma condição na minha imaginação, é porque ele já é desenho. E no carnaval, aquilo que é desenho se transforma muito rápido em tecido, em roupa que se costura, roupa que se enfeita”, destaca Leandro Vieira.
O Fantástico descobriu na prática como que é esse processo, no dia a dia: a construção de fantasia, de desenhos, das alegorias. Quais são os segredos para isso tudo rolar em fevereiro na avenida?
“Tecido é enredo, cabeça é enredo, manga de blusa é enredo, sapato é enredo, porque tudo guarda um pedacinho da contação dessa história. Que isso é o que eu mais gosto de fazer, na verdade, né? O que me dá o prazer mesmo é realizar, é produzir a quantidade, é imaginar que o que eu faço vai vestir centenas, milhares de pessoas”, diz Leandro Vieira.
“Em paralelo, a equipe de fantasia já está recebendo os primeiros desenhos e confeccionando a peça piloto, o protótipo, das roupas que vão ser multiplicadas e se transformar em ala”, diz Jorge Silveira.
O Fantástico foi ainda até a Fábrica do Samba, em São Paulo. A gravação foi realizada em julho de 2023, dia que marca a chegada do pessoal de Parintins para o barracão.
E pergunta de milhões: quanto é que custa fazer um carnaval hoje?
“A Imperatriz precisa ser maior do que ela foi em 2023. Então a gente hoje, pra ter o bicampeonato, a gente precisa brigar com a Imperatriz mesmo. Então isso tem um custo, sim, mais elevado”, diz Catia Drumond, presidente da Imperatriz.
Imperatriz Leopoldinense.
Reprodução/Fantástico
Decisão final do samba-enredo
Também é em julho o último momento que os compositores, a equipe que estava cuidando da produção desse samba que entra em disputa, tira dúvidas com o Leandro para saber os rumos que essa história vai contar e como isso vai reverberar na comunidade.
“O melhor samba é aquele que conta também melhor o enredo. Então, esses encontros entre o compositor e o carnavalesco, na verdade, são encontros entre o samba e o enredo, que será traduzido em fantasias e alegorias”, diz Leandro.
E aí vem a torcida, vem a comunidade cantando e vem a disputa final. “Essa competição dura muito, porque valoriza a vida da quadra. Mas você precisa de muito dinheiro para competir”, diz Maria Laura.
E, quanto é gasto por uma parceria para colocar um samba na disputa?
“Assim, rapidamente para ti. Ônibus, cerveja para todo mundo, umas dez vezes indo na quadra, o povo ali na esquina da vizinhança. Eu te diria que eu começo em R$ 250 mil”, revela Milton Cunha.
Milton Cunha esclarece que o envolvimento da comunidade na escolha do samba faz toda a diferença.
“Total, porque aí o samba entrou no coração e ele é meu, eu vou cantá-lo com mais emoção e mais pertencimento, identidade. Quando o samba está fácil no sorriso glorioso do sambista, ele empolga muito, ele vira tema de festa”, diz.
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