Aquecimento global leva a dengue a países do Hemisfério Norte e Europa, dizem estudos


Primo do o aedes aegypti, o aedes albopictus está espalhando dengue, zika e chikungunya por regiões de clima mais ameno e causa preocupação. Aquecimento global leva a dengue a países do Hemisfério Norte e Europa, dizem estudos
O planeta Terra está mais quente do que era – isso já não é novidade para ninguém -, mas esse aquecimento tem efeitos colaterais e um deles é exatamente que uma doença tropical, como a dengue, passou a afetar populações que vivem bem acima na linha do Equador.
Este é um velho conhecido de quem vive em países tropicais: o aedes aegypti transmite dengue, zika e chikungunya. Agora, um primo dele, o aedes albopictus, que espalha as mesmas doenças, também virou motivo de preocupação em regiões de clima mais ameno.
No ano passado, países como França, Itália e Espanha registraram 128 casos de dengue desse tipo. Há dez anos, foram apenas quatro – e só na França. São números pequenos se comparados aos do Brasil, que nas primeiras quatro semanas do ano já registrou mais de 243 mil casos – o triplo do ano passado no mesmo período.
Casos autóctones de dengue na Europa
JN
O aumento de casos na Europa, nos Estados Unidos e até nos países de clima mais frio do hemisfério sul intriga os cientistas: como um mosquito que gosta de calor se adaptou tão bem em países de clima frio?
O virilogista William Marciel de Souza, professor da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, diz que pode ter relação com o aquecimento global:
“Regiões temperadas têm se tornado – tantos os verões, quantos os invernos – um pouco mais quente. Devido a essas mudanças climáticas, é muito possível que os mosquitos sobrevivam melhor, e faz com que tenha transmissões autóctones, como ocorre hoje, tanto na França quanto Espanha e Itália; bem como aqui no sul das Américas, como no Uruguai e na Argentina”.
A situação também é crítica no Paraguai. Na capital, Assunção, os hospitais estão lotados.
“A epidemia de dengue está aumentando e, nesta área, ficarão os pacientes que precisarem de internação”, diz médico paraguaio.
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“Quando a gente fala de população que nunca foi exposta a uma doença, a tendência é que um maior número de pessoas sejam infectadas. Porque elas nunca foram expostas e elas podem desenvolver formas relativamente graves, principalmente porque pode acometer um maior número de pessoas”, explica William Marciel de Souza.
O mosquito aedes albopictus
JN
Quem pesquisa mosquitos explica que a temperatura tem mesmo influência direta no ciclo de desenvolvimento deles. Com os termômetros a 25ºC, um ovo leva, em média, duas semanas para se transformar em mosquitos adultos. Testes feitos em laboratório mostram que esse tempo cai pela metade quando os termômetros sobem para 28ºC – o que aumenta e muito a quantidade de mosquitos em circulação e as picadas.
A bióloga Tamara Lima Câmara explica que, aqui no Brasil, a situação tem sido agravada pelo forte calor e as chuvas de verão, que formam poças d’água – um ambiente perfeito para o aedes aegypti se reproduzir.
“O aumento da temperatura favorece a proliferação dos mosquitos. Quanto maior a proliferação de mosquito, maior a quantidade de mosquito, maior é a chance de transmissão de doenças associadas a eles”, afirma a professora da Faculdade de Saúde Pública da USP.
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