Fisioterapeuta diz ter sido vítima de racismo durante abordagem da Polícia Militar em MG


PM teria recebido denúncia de que um foragido estaria no supermercado que o fisioterapeuta também estava em Alfenas (MG). Fisioterapeuta diz ter sido vítima de racismo durante abordagem da Polícia Militar em MG
Um fisioterapeuta disse ter sido vítima de racismo durante uma abordagem da Polícia Militar em um supermercado de Alfenas (MG). De acordo com ele, a ação militar aconteceu na frente da filha dele de nove anos. Segundo a vítima, a abordagem aconteceu após a denúncia de que um foragido estaria no estabelecimento.
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Conforme o fisioterapeuta disse à EPTV, afiliada TV Globo, ele foi ao supermercado com a esposa e a filha, para fazer compras para fazer cachorro quente para a família. Ao sair do local, ele se deparou com uma equipe policial aguardando por ele.
“Dois policiais vieram em minha direção com tasers apontados para o meu peito e gritando: ‘sai da porta do supermercado, sai da porta do supermercado e larga as compras’. Eu fiquei estático naquele momento e, com muito medo de acontecer alguma coisa com minha esposa e minha filha que estavam perto, soltei as compras e levantei os braços. Eu disse que era fisioterapeuta, professor, que era uma pessoa honesta. Um dos policiais então falou: ‘tivemos uma denúncia no 190 de que um indivíduo negro, de boné e de roupa vinho’. Era a minha descrição, eu estava exatamente daquele jeito. Quando fizeram a verificação, um dos policiais disse: ‘você é a cara do bandido’. O mais triste para mim foi falar isso na frente da minha esposa e da minha filha”, falou o fisioterapeuta Marcelo Silva de Carvalho.
Parte da abordagem foi gravada pela esposa dele. De acordo com o casal, o tom mudou quando a ação passou a ser filmada. Ele diz que não foi a primeira vez que foi encarado como criminoso.
“Uma vez estava dirigindo o meu carro, a polícia me parou achando que eu tinha roubado o meu próprio carro. Teve outra vez que eu estava caminhando e até resolvi comprar outro tipo de roupa, porque eu achava que estava sendo visado por causa da roupa. Mas, é indiferente”, falou.
Fisioterapeuta diz ter sido vítima de racismo durante abordagem da Polícia Militar em MG
Reprodução/EPTV
O caso ganhou repercussão na cidade e o Instituto de Cidadania e Direitos Humanos emitiu uma nota em que repudia essa e outras abordagens sofridas pelo fisioterapeuta.
“Essa abordagem policial, em nosso entendimento, foi totalmente desastrosa, destoa de todo protocolo de abordagem das polícias. A gente entende que essa abordagem específica, em decorrência de descriminação racial, pelo estereótipo da pessoa”, disse o presidente do ICDH, Vander Cherry.
“Vamos preparar também algumas ações contra a Polícia Militar por causa dessa abordagem, vamos fazer denúncia no Ministério Público. O promotor de Justiça tem também o poder de fiscalização, fiscalizar as policiais, quando ocorre esse tipo de violação de direitos”, completou ele.
O que diz a Polícia Militar
A Polícia Militar de Alfenas disse, em nota, que, a averiguação feita pelo militares, para saber se ele portava alguma arma sob a blusa, assim como da solicitação para mostrar seus documentos pessoais condizem com o conjunto de ações policiais para conferir a veracidade de denúncias.
Ainda segundo a nota, foram usados métodos que se encontram nos manuais técnico-profissionais, quais regulam a intervenção policial, processo de comunicação e uso da força, bem como a abordagem a pessoas em procedimento operacional padrão – nos casos de fundada suspeita em abordagens, busca pessoal, veicular e domiciliar – tudo no âmbito da PM.
A polícia esclarece que trabalha com respeito aos direitos humanos, lisura e empenho pela preservação da ordem pública e segurança da sociedade mineira.
A instituição reiterou o compromisso com a verdade e reafirmou que não coaduna com condutas que configurem assédio sexual, moral ou de preconceito. A PM esclareceu, ainda, que qualquer conduta que sugira irregularidade de policial militar pode ser denunciada aos órgãos competentes.
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