Juiz absolve Greta Thunberg de acusações após protesto em Londres e critica ação policia

Polícia acusou Greta de não acatar ordem de desobstruir uma via da cidade de Londres. Ela respondeu que ficaria onde estava. Juiz não só considerou que ela não cometeu nenhum delito como disse que a polícia que deveria ter tomado outras ações. ‘Nós não queremos mais blá blá blá’, diz Greta Thunberg
Um tribunal de Londres retirou, nesta sexta-feira (2), as acusações contra a ativista ambiental Greta Thunberg, acusada de perturbar a ordem pública em uma manifestação contra a indústria dos hidrocarbonetos, em 17 de outubro do ano passado.
Thunberg ganhou notoriedade global com suas “greves escolares pelo clima”, que começaram quando ela tinha 15 anos, corria o risco de pagar uma multa de até 2.500 libras (R$ 15.651 na cotação atual) pelas ações de que foi acusada. Desde então, ela participou de diversas manifestações a favor de políticas para atacar as causas das mudanças climáticas.
O protesto de 17 de outubro de 2023 aconteceu no bairro de Mayfair, em Londres. Greta e os outros ativistas reclamavam de um evento, o Energy Intelligence Forum, porque entre os convidados desse evento havia executivos das maiores empresas de gás e petróleo do mundo.
Na quinta-feira, primeiro dia de audiência, o promotor afirmou que Thunberg desacatou a ordem de não bloquear a rua onde ocorria um protesto contra o Energy Intelligence Forum, no bairro londrino de Mayfair, que contou com a presença de executivos das principais empresas de gás e petróleo.
Durante o protesto, policiais acusaram Greta de desacato porque ela se recusou a acatar ordens para desbloquear a rua. Na hora, ela afirmou aos agentes que permaneceria onde estava.
O juiz de primeira instância determinou que os policiais que acusaram a ativista de desacato impuseram condições “ilegais”, sem serem precisos ao expressar suas instruções. Para o magistrado, as condições foram “impostas de forma injustificada” pela polícia aos ativistas no local da manifestação, e os agentes poderiam ter implementado outras medidas para solucionar o problema do bloqueio das vias. Portanto quem não respeitou aquelas regras impostas pelos agentes “não cometeu crime”.
O verdadeiro inimigo
A ativista se declarou inocente em uma primeira audiência em novembro, perante outro tribunal de Londres, pelos acontecimentos de 17 de outubro.
Outras 25 pessoas, detidas naquela manifestação de meados de outubro, junto com Greta Thunberg, e processadas pelo mesmo motivo, também foram libertadas.
No primeiro dia de julgamento, a ativista ambiental pediu para identificar o “verdadeiro inimigo” do meio ambiente.
“Os ativistas ambientais são processados em todo o mundo por agirem de acordo com sua consciência. Temos que nos lembrar quem é o verdadeiro inimigo”, disse Thunberg.
A ONG ambientalista Greenpeace comemorou a decisão da Justiça britânica.
“O veredito de hoje (sexta-feira) é uma vitória para a liberdade de se manifestar. É ridículo que cada vez mais ativistas climáticos sejam julgados por exercerem pacificamente o seu direito de protestar, enquanto empresas como a Shell podem ganhar bilhões com a venda de combustíveis fósseis que são destrutivos para o clima”, afirmou o Greenpeace.
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