Petrobras perde R$ 34 bilhões em valor de mercado após demissão de Jean Paul Prates


As negociações das ações da maior empresa do Brasil chegaram a ser interrompidas por 20 minutos para evitar uma redução ainda maior. Petrobras perde R$ 34 bilhões em valor de mercado após demissão de Jean Paul Prates
Jornal Nacional/ Reprodução
O Conselho de Administração da Petrobras oficializou a saída antecipada de Jean Paul Prates depois que ele foi demitido pelo presidente Lula.
Assim que a Bolsa de Valores abriu nesta quarta-feira (15), as ações da Petrobras mergulharam. Durante a manhã, as ações ordinárias – dos acionistas com direito a voto – recuaram mais de 9,5% e as preferenciais – sem direito a voto -, mais de 8%. As negociações das ações da maior empresa do Brasil chegaram a ser interrompidas por 20 minutos para evitar uma redução ainda maior. A Petrobras fechou o dia com perda de R$ 34 bilhões em valor de mercado.
“A partir do momento que o governo anuncia, da forma que foi, de uma forma rápida, sem, obviamente, envolver o Conselho da empresa de uma nova autoridade, uma nova liderança na empresa, o mercado financeiro acredita que a própria empresa vai ser instrumento para alguns objetivos políticos do governo”, diz Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos.
Petrobras perde R$ 33 bilhões em valor de mercado até as 15h após demissão de Prates
A saída de Jean Paul Prates começou a ser traçada a partir de divergências entre ele e os ministros de Minas e Energia e da Casa Civil. Em março, os atritos ficaram claros. O governo era contra a distribuição de dividendos extraordinários para acionistas. Prates defendia o pagamento da metade. Venceu o governo, que tem maioria no Conselho de Administração. No fim de abril, o conselho voltou atrás e aprovou a distribuição de metade dos dividendos em duas parcelas.
Nesta quarta pela manhã, o Conselho de Administração da Petrobras anunciou como presidente interina da companhia a diretora-executiva de Assuntos Corporativos, Clarice Coppetti, até que Magda Chambiard, indicada pelo presidente Lula, tome posse.
Nesta quarta, ao sair da sede da Petrobras, Prates falou rapidamente:
“Estou triste, só isso. Anunciamos o futuro da empresa, deixamos a transição energética encaminhada, bons projetos em portfólio para serem analisados agora e, principalmente, a gente deixou uma política de preços que o presidente pediu, disse que ia abrasileirar os preços, o mercado entendeu, a gente conseguiu explicar isso”.
Magda Chambriard não assume a presidência da Petrobras imediatamente. Há um caminho burocrático que precisa ser seguido, de acordo com o estatuto da companhia. E isso pode levar mais de 30 dias. O nome de Magda vai passar por várias checagens e tem que ser votado e aprovado pelo Conselho de Administração da empresa.
Magda Chambriard tem 67 anos. É carioca, engenheira civil, formada pela UFRJ, e tem pós-graduação em Engenharia Química. Ela entrou na Petrobras como estagiária em 1980. Foi diretora-geral da ANP, a Agência Nacional de Petróleo, entre 2012 e 2016 – durante o governo de Dilma Rousseff. É a segunda mulher a chefiar a empresa, 12 anos depois de Graça Foster. É a sexta presidente da empresa em três anos.
“O mercado de títulos acaba criando uma percepção de instabilidade e isso acaba sendo precificado. Então, isso não é bom para a empresa. O ideal é que a empresa tivesse maior estabilidade na sua gestão com trocas planejadas, com uma sucessão organizada e não da maneira que vem sido feita nos últimos governos”, afirma Edmar Almeida, professor do Instituto de Energia da PUC-Rio.
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