O zootecnista Luis Enrique Dias Wisniewski já chegou a ter uma criação com mais de 250 aves exóticas, mas hoje se dedica a produzir conteúdo para ajudar outros criadores. Luis Enrique Dias Wisniewski comandou um criatório de aves ornamentais com 250 animais. Atualmente o criatório permanece como fonte de informações para criadores e interessados no assunto
Arquivo pessoal
Ainda na infância, por incentivo do avô que criava aves, bovinos, caprinos e ovinos em sua chácara, o zootecnista Luis Enrique Dias Wisniewski foi despertando sua paixão pela criação de animais. Como ter espécies de grande porte em meio urbano era inviável, a saída foi criar galinhas caipiras no quintal.
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Porém, em 2015 o jovem comprou um galo da raça polonesa – considerada uma ave ornamental
ele explica que as galinhas caipiras foram naturalmente se tornando animais mais resistentes ao se adaptarem a diversos ambientes, com climas, alimentos e exposição a bactérias e doenças diferentes, por exemplo.
As galinhas ornamentais, no entanto, são selecionadas de forma totalmente artificial, pensando no embelezamento do animal.
“Foram selecionadas galinhas para que se tivesse o melhor topete, a melhor plumagem. Então enquanto uma foi pautada pela seleção natural pensando na resistência, a outra foi uma seleção artificial que não pensava em produção e muito menos em resistência. A galinha caipira pode ser criada solta, a galinha ornamental é mais delicada. Tem que ter um ambiente controlado, sem barro, com pouca umidade, piso de concreto, raças separadas por baias, porque elas não têm genes de resistência.
90% das raças ornamentais são estrangeiras. E a seleção delas ocorreu fora do país, então elas não são 100% adaptadas ao clima tropical. Sofrem pelo calor, ou pelos parasitas locais.
A transição das aves caipiras para as aves ornamentais aconteceu em 2015, quando o jovem adquiriu um galo da raça polonesa. E foi justamente a dificuldade em encontrar informações na internet para a criação dessa ave exótica que incentivou Luis a ele mesmo produzir conteúdo sobre o assunto, dando origem ao canal Rancho LW no YouTube, que atualmente acumula quase 95 mil inscritos.
“Se eu tivesse que traçar um panorama de 2015 a 2024, hoje esse é um nicho que explodiu, são inúmeros perfis fazendo um sucesso absurdo em todas as redes. Foi um nicho que eu vi se desenvolver, posso dizer que fui um pioneiro nessa área”, orgulha-se.
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Pouco a pouco, a criação de aves ornamentais foi aumentando – ele chegou a ter 250 aves exóticas entre galinhas, codornas e perus na propriedade da família em São Mateus do Sul, na região sul do Paraná. Ao mesmo tempo, o que havia começado como um hobby despretensioso passou a ser visto como uma oportunidade lucrativa.
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Com a conclusão da graduação em 2021, os planos de Luis para 2022 era transformar o Rancho LW em seu ganha-pão, porém, a não liberação da atividade pela ADAPAR (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) frustrou o projeto do zootecnista.
A não obtenção de registro para a criação comercial obrigou Luis a encerrar as atividades do rancho, mas o canal do YouTube permitiu que o zootecnista desse continuidade ao seu propósito de vida
Arquivo pessoal
“Como a criação veio de um hobby e não foi construída com foco comercial, não liberaram o registro. A definição é de que o terreno era muito pequeno e não cumpria com as normativas. A partir dali, tive que encerrar a criação”, lamenta.
A negativa do órgão de fiscalização obrigou Luis a se desfazer da imensa maioria das aves que criava – sobraram 5 galinhas, das quais os avós tomam conta.
Embora a figura física do Rancho LW não exista mais, a propriedade permanece virtualmente, e foi justamente no ambiente virtual que Luis encontrou seu propósito de vida.
“Meu propósito é ajudar as pessoas a se desenvolver, oferecer uma oportunidade de se reencontrar na vida, reencontrar a beleza nas coisas, distrair a mente, encontrar um hobby, voltar a sorrir. Hoje a sociedade está pautada pelo estresse, as pessoas deixam de aproveitar os aspectos positivos da vida
. Conheço pessoas que, tendo contato com a criação de aves ornamentais conseguiram se reencontrar, se reconectar com elas mesmas e com amigos e familiares. Então diria que a minha missão de vida é, além de ajudar do ponto de vista técnico, através da criação ajudar as pessoas a se reconectar consigo mesmas e a levar uma vida mais leve”, afirma.
🐔 Mercado forçado à informalidade
Com seu trabalho de conclusão de curso, Luis conseguiu comprovar o que já percebia pela troca de experiências com outros produtores em seu canal no YouTube: apesar de ser um mercado com uma demanda altíssima e um enorme valor agregado, o setor de criação de aves ornamentais ainda é pautado pela informalidade.
O zootecnista afirma que a própria característica da criação de aves ornamentais, que não costuma passar de 100 animais, acaba levando os criadores para esse cenário.
“Esse é um mercado com uma demanda altíssima e com valor agregado gigante, além de um banco genético extremamente valioso, porque temos 100 raças diferentes, mas que pela legislação ser muito apertada, acaba forçando a informalidade”, analisa.
Além das perdas econômicas associadas à informalização, devido a maior parte dos insumos ter valor elevado, a falta de registro também impacta a sucessão familiar.
“Um dos grandes desafios da agropecuária atualmente é a sucessão familiar. As futuras gerações não querem continuar no campo. Veem atividades penosas que não trazem um retorno financeiro interessante. Quando pensamos nas futuras gerações, além do apelo financeiro, temos que entender que elas são muito ligadas ao entretenimento. Na internet, tem mundo gigante de produtores de conteúdo focado nessa temática”, reflete o zootecnista.
📚 “Comece aos poucos e estude”
Para quem quer iniciar na criação de aves exóticas com foco comercial, Luis elenca 3 dicas essenciais:
📖 Estudar: criar galinhas parece ser algo genérico, mas não é tão simples assim. É preciso entender as raças existentes e as particularidades de cada uma delas
🐔 Começar aos poucos: na ânsia de comprar várias raças diferentes, muitas pessoas acabam se frustrando por não alcançar os resultados esperados. O ideal é começar com menos animais e investir em todo o background da criação, incluindo infraestrutura e alimentação, propiciando um ambiente seguro e com bem-estar garantido para as aves
📄 Entender a legislação: embora todas as portarias relacionadas à produção de aves estejam facilmente acessíveis pela internet, o ideal é conversar com um fiscal da ADAPAR antes de dar início à criação para que desde o começo tudo seja construído de acordo com as exigências legais
🐣 Top 5 de galinhas exóticas
A pedido do g1, Luis fez um ranking das cinco raças mais procuradas e nas quais pode ser interessante investir.
🐔 Brahma
Galinha ornamental da raça Brahma
Reprodução/Instagram Rancho LW
Originária da Índia, a galinha da raça Brahma mede cerca de 70 centímetros de altura. Apesar da imponência, é uma ave dócil. Além das variedades mais comuns, que abrangem penugens branca, preta e marrom, existem outros padrões disponíveis.
🐓 Polonesa
A crista que encobre quase toda a cabeça da ave é uma das principais características da raça polonesa
Reprodução/Instagram Rancho LW
Ao contrário do que o nome sugere, as galinhas dessa raça não são originárias da Polônia. A principal característica da galinha polonesa é a crista de penas que cobre quase toda a cabeça da ave, interferindo até mesmo na visão dos animais.
🐔 Sedosa
Devido ao aspecto “fofinho”, não raramente as galinhas sedosas são tidas como animais de estimação
Reprodução/Instagram Rancho LW
Além do apelo comercial, a galinha sedosa é usualmente tida como um animal de estimação, devido ao seu aspecto “fofinho”, com plumas que assemelham a ave a um bichinho de pelúcia. Com pele azul ou preta azulada, a raça também é caracterizada pelos 5 dedos nas patas.
🐓 Nagasaki
Também chamada de galinha-anã, as aves da raça Nagasaki (ou chabo) têm porte pequeno e se caracterizam pela plumagem vistosa na cauda.
🐔 Índio Gigante
Única variedade brasileira do ranking, a raça é caracterizada principalmente pela altura das aves, que podem ultrapassar os 1,20 metros. “A partir da catalogação, tem potencial para ser a maior do mundo”, complementa Luis.
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