Saiba o que é ‘vaga zero’, medida de urgência para atender bebê mesmo com UTI superlotada


Campinas tem 30 leitos neonatais em unidades particulares contratados, com 35 internados. Estado diz que trabalha para tentar direcionar recém-nascidos para vagas de menor complexidade. Apontado como um dos problemas para superlotação de UTIs Neonatais em Campinas (SP), o sistema de “vaga zero” impõe às unidades SUS que recebem pacientes mesmo sem o leito disponível, uma vez que há urgência no atendimento.
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Nesta segunda (29), por exemplo, a metrópole possui 35 bebês internados em UTIs, mas apenas 30 vagas contratadas pela prefeitura em hospitais conveniados. São 18 na Maternidade de Campinas, que conta com 23 recém-nascidos, e outras 12 no Hospital PUC-Campinas.
Na Maternidade, local com mais recém-nascidos do que leitos contratados, a chegada de demandas da chamada “vaga zero” ocorrem “dia sim, dia não”.
“O estado não fornece o leito a mais para a transferência. Então nós temos a dificuldade de transferência e de leito. Por outro lado, temos o sistema de vaga zero, quando o recém-nascido tem um caso grave, o estado encaminha para a gente mesmo se a gente não tiver a estrutura para receber. Em dezembro, a gente recebeu 17 vagas zero e em janeiro que ainda nem acabou o mês já recebemos 15. Ou seja, dia sim, dia não, a gente recebe uma vaga zero e coloca em risco o atendimento adequado dessa criança”, explicou Marcos Miele, presidente da Maternidade.
Problema crônico
Secretário de Saúde de Campinas, Lair Zambon enfatiza que o problema é crônico.
“Crise da neonatologia é recorrente em Campinas. O Ministério da Saúde preconiza que a cidade tenha 12 leitos de UTI Neonatal e hoje nós temos 30 leitos de neonatologia e ele é insuficiente. [esse trânsito de pacientes de outras cidades] Isso acontece porque basicamente há muito tempo não se investe em leitos de neonatalogia, então os locais que são referência concentram a demanda”, disse.
O direcionamento de vagas no SUS é feito por meio da Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde (Cross), da Secretaria Estadual de Saúde.
Em todo o Departamento Regional de Campinas, quatro hospitais são referências para esses atendimentos de alta complexidade: Maternidade de Campinas, Hospital Celso Pierro (PUC), Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), da Unicamp, e Hospital Estadual de Sumaré (HES) – os dois últimos, de gestão estadual.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informa “que trabalha no apoio aos hospitais na tentativa de identificar os bebês que podem ser encaminhados para leitos de menor complexidade nas unidades referenciadas da região, liberando assim novas vagas de UTI Neonatal”.
Aumento de partos de alto risco
Segundo a pasta, o aumento de partos de alto risco sobrecarregam os serviços neonatais, devido à necessidade de recém-nascidos de baixo peso permanecerem por mais tempo na internação.
“Com o objetivo de evitar a sobrecarga dos leitos, o DRS também trabalha na linha de qualificação do acompanhamento de pré-natal das gestantes de baixo e alto risco junto aos profissionais de saúde da região”, diz, em nota.
Maternidade de Campinas realiza 750 partos por mês e completa 110 anos nesta quinta-feira (12)
Weverson Pelipe/ Maternidade de Campinas
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