Suspeito de matar namorada em Holambra se entrega à Polícia Civil


Homem de 59 anos foi preso em São Paulo no fim de semana. Ele era procurado desde a noite de 14 de janeiro, quando Vanessa Teixeira foi encontrada morta no imóvel no bairro Palmeiras. Homem que matou a namorada em Holambra se entrega à polícia neste fim de semana
O homem de 59 anos suspeito de matar Vanessa Rocha Teixeira, em Holambra (SP), se entregou à Polícia Civil. A mulher de 31 anos foi encontrada morta sem roupas e com hematomas na casa do namorado na noite de 14 de janeiro.
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Ele está preso em São Paulo, onde se apresentou no fim de semana. A Polícia Civil de Holambra havia instaurado inquérito para investigar o feminicídio, o primeiro da cidade desde que a tipificação do crime foi incluída no Código Penal, em 2015.
De acordo com a polícia, no imóvel onde Vanessa foi encontrada não havia sinais de arrombamento. No local foram encontradas sete armas e munições.
O g1 não conseguiu localizar a defesa do suspeito.
Quem era a mulher morta a tiros pelo companheiro em posto de combustíveis de Campinas
Morta na casa do namorado é 1º feminicídio em Holambra desde alteração do Código Penal em 2015
Vanessa Rocha Teixeira foi encontrada morta em Holambra
Reprodução/EPTV
112 vidas
Dos 31 municípios da área de cobertura do g1 Campinas, 20 registraram crimes tipificados como feminicídios desde 2015.
Ao todo, são pelo menos 112 casos desde março de 2015, o que representa, em média, uma ocorrência por mês em que mulheres são mortas em crimes de ódio motivados pela condição de gênero.

Ciclo de violência
A advogada Thaís Cremasco, cofundadora do movimento Mulheres pela Justiça, destaca que é difícil falar em subnotificação de feminicídios, uma vez que a materialidade do crime mostra-se evidente para as estatísticas, mas que vale destacar que outros casos de agressão aos direitos das mulheres, relacionados com a escalada da violência, estão, sim, longe de transparecer a realidade.
“Se você pegar estatísticas de crime de violência sexual, os números mostram que no Brasil ocorre um estupro a cada 8 minutos. Mas sabemos que é muito mais, há pesquisas, estimativas que aconteçam a cada 2 minutos”, diz.
A advogada fez esse comparativo para lembrar que na ampla maioria dos casos, o feminicídio não aparece como primeiro ato de violência.
“Existe uma escalada da violência contra a mulher, existe um ciclo de relacionamento abusivo. Começa com um xingamento, um olhar. E não se pode colocar a culpa na vítima, muitas vezes inserida em um contexto ciclíco, que aposta ainda em um relacionamento por tentar perdoar, achar que vai ser diferente. Isso mostra um dado muito triste, em que a mulher não tem segurança dentro da sua própria casa”, opina Thais.
A Secretaria de Segurança Pública diz que a variação dos casos “é alvo de análise permanente por parte da pasta, que criou o programa SPVida, o qual analisa a dinâmica criminal dos crimes contra vida, incluindo os feminicídios”.
“De janeiro a novembro [de 2023], dos 195 casos ocorridos no Estado, 56,4% foram provocados devido a relação afetiva entre a vítima e o autor, e em outros 39,4% a vítima possuía relação com familiares ou amigos. Ainda, em 83% dos casos, a vítima já possuía um histórico de violência doméstica”, informa a pasta.
Para Thaís Cremasco, a legislação brasileira avançou bastante, a ponto de criminalizar a violência psicológica (não é necessário haver agressão física), e prevê pena de até 30 anos de prisão, o que não é brando na avaliação da advogada, mas outros fatores são fundamentais para combater o problema.
“Falta avançarmos no sentido de conseguir demonstrar às mulheres para que elas reconheçam os primeiros sinais de violência. E ensinar aos homens que mulheres não são propriedades deles. A causa número 1 de feminicídios envolve a mulher querer terminar o relacionamento. É direito de qualquer pessoas não estar com a outra. Precisamos fazer essa reflexão. Enquanto as mulheres não forem livres sequer para terminar um relacionamento, não vão viver em paz”, destaca.
Casos na região
Campinas e Holambra registram os primeiros casos de feminicídio em 2024
Um levantamento a partir de dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostra 105 ocorrências tipificadas como feminicídio desde março de 2015 na região de Campinas. A estatística criminal considera dados até novembro de 2023.
Outros sete casos ocorreram entre dezembro de 2023 (4) e janeiro de 2024 (3), e ainda serão contabilizados nas estatísticas oficiais.
Campinas (SP), maior cidade da região, é a que reúne também o maior número de vítimas de feminicídio: 58.
Feminicídio: total de casos por município
Águas de Lindóia – 2
Americana – 4
Amparo – 1
Artur Nogueira – 1
Campinas – 58
Espírito Santo do Pinhal – 1
Estiva Gerbi – 1
Holambra – 1
Hortolândia – 6
Indaiatuba – 4
Itapira – 4
Louveira – 1
Mogi Guaçu – 3
Mogi Mirim – 7
Paulínia – 3
Pedra Bela – 1
Pedreira – 1
Pinhalzinho – 2
Serra Negra – 2
Sumaré – 9
Cidades sem ocorrências de feminicídio
Jaguariúna
Lilndóia
Monte Alegre do Sul
Monte Mor
Morungaba
Santo Antônio de Posse
Santo Antônio do Jardim
Socorro
Tuiuti
Valinhos
Vinhedo
O que prevê a lei?
Segundo o Código Penal Brasileiro, o feminicídio é punido com prisão que pode variar de 12 a 30 anos. De acordo com o texto da Lei do Feminicídio, a pena do crime pode ser aumentada em um terço até a metade, caso tenha sido praticado sob algumas condições agravantes, como:
Durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto
Contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência
Na presença de descendente ou ascendente da vítima
Prédio da 1ª DDM de Campinas.
Luciano Claudino/Código19
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