Procura por tratamento psicológico a crianças e adolescentes cresce 27% na região de Bauru


Dados da Secretaria de Estado da Saúde mostram que 86 mil jovens de até 14 anos receberam atendimentos na Diretoria Regional de Saúde (DRS) de Bauru em 2023. Número em 2019 era de 67,7 mil. Busca por psicólogos para crianças e adolescentes aumenta na região
A procura por tratamento psicológico para crianças e adolescentes na rede pública de Bauru (SP) aumentou 27,24% entre 2019 e 2023, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. No ano passado, foram 86 mil atendimentos de pacientes com até 14 anos.
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Entre os fatores que podem explicar a alta na busca por esse tipo de acompanhamento, especialistas apontam a pandemia da Covid-19 como um dos elementos que justificam o cenário.
Em 2019, ano anterior ao início da pandemia e, consequentemente das medidas mais restritivas de isolamento social e quarentena, a Diretoria Regional de Saúde (DRS) de Bauru registrou 67,7 mil atendimentos para crianças e adolescentes. O número passou para 76,2 mil em 2022 e, no ano passado, já com o fim da pandemia, saltou para 86 mil atendimentos.
O DRS de Bauru abrange 67 cidades, dentre elas Bauru, Botucatu, Lençóis Paulista, Jaú e Lins, no centro-oeste do estado de SP.
Em Bauru, a busca pelo tratamento aumentou 12% entre 2021 e 2023, segundo dados da prefeitura. Em 2021, foram 5.583 atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) infantil contra 6.272 registrados no ano passado.
“Até depois da pandemia veio um crescimento bem considerável, onde recebemos tanto a criança com várias queixas e sinais de sintomas de algum tipo de transtorno”, pontua Luciana de Oliveira Perosso, diretora da divisão de saúde mental de Bauru.
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) infantil de Bauru atende gratuitamente crianças e adolescentes portadores de transtornos mentais graves e persistentes, através de encaminhamentos por serviços da comunidade ou demanda espontânea. O local funciona das 7h às 18h, na Rua Azarias Leite, 13-38.
Atendimentos no CAPS de Bauru tiveram aumento de 12%
Divulgação
Pandemia
Especialistas pontuam que são vários os fatores que podem contribuir para que crianças e adolescentes tenham dificuldade de se relacionar.
Mariane Feijó, supervisora de Psicologia Aplicada da Unesp Bauru, destaca que a pandemia da Covid-19 acentuou a dor desses jovens e a procura por ajuda profissional.
“Essa dificuldade de interação traz um sofrimento. Durante esse período, tivemos episódios específicos de alta de glicose, por falta de interação. Outras crianças, por sua vez, se esconderam nos seus computadores e, na hora de voltar para a escola, demonstraram uma dificuldade muito grande”, explica.
O psicólogo Lucas Castanho Xavier ressalta que a visão dos pais sobre a terapia também tem colaborado para o crescimento dos atendimentos entre o público infanto-juvenil.
“Caiu esse tabu com a terapia. Os próprios pais, além de identificarem a importância dela, conseguem perceber a melhora no convívio dos filhos com eles”, ressalta.
“Ele precisa de apoio, de sentir que tem alguém que escute, que também veja o que ele tem de positivo, criativo. Mas não é só acolhimento desses jovens. Na terapia, a gente consegue trabalhar estratégias e técnicas para melhorar a sociabilização”, diz.
Melhora que é atestada fora dos consultórios. É o que garante Felipe Ferro Cabello, de 14 anos. Ele começou a receber atendimento psicoterapêutico durante a pandemia e, para além de atenuar a dor emocional por conta do isolamento, conseguiu alterar padrões de comportamento .
“Eu era muito estressado, tinha uma ansiedade muito grande, uma compulsão alimentar. Quando eu paro para pensar como era antes, que eu realmente precisava de ajuda, porque sozinho ou somente com a ajuda da família, eu não conseguiria ter uma mudança”, relata.
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