Faro, ‘fofura’ e proteção: conheça os cães da GCM de Sorocaba que ajudam agentes em ocorrências policiais e eventos


Thor, Buddy e Rocco são os três cães do canil da Guarda Civil Municipal de Sorocaba (SP) que atuam em eventos, ocorrências policiais e patrulhamento preventivo. Animais passam por treinamentos e recebem cuidados veterinários. Buddy, Rocco e Thor, cães do canil da Guarda Civil Municipal de Sorocaba (SP) que auxiliam no trabalho dos agentes
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
Eles são fofos, carismáticos, saem bem nas fotos e muita gente sente vontade de acariciá-los. Mas para além dos atributos físicos, os cães que ajudam no combate ao crime e no atendimento à população possuem coragem, disciplina, inteligência e são ótimos parceiros de trabalho.
O canil da Guarda Civil Municipal (GCM) de Sorocaba (SP) conta com sete cães, sendo três adultos e quatro filhotes, ainda em fase de treinamento. Cada animal possui uma área de atuação, passam por treinamentos constantes e recebem cuidados veterinários.
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“Os cães policiais são animais treinados para auxiliar as equipes em diversas situações, desde o patrulhamento preventivo, até o apoio a outros órgãos de segurança pública”, explica o agente e coordenador do canil da GCM Wellington de Almeida Torres.
Filhotes que estão passando por treinamentos no canil da GCM de Sorocaba (SP), King, Apollo e Koda.
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
‘Focinho’ apurado
Segundo a GCM, algumas características físicas e comportamentais do animal contribuem para que ele se destaque entre os “cãodidatos”. O olfato aguçado permite que o cão detecte variedades de odores em objetos pequenos e em pouca quantidade.
Segundo especialistas, um cão tem até 300 milhões de receptores olfativos em seu nariz, enquanto os seres humanos têm cerca de cinco a seis milhões.
Treinamento
Ainda na infância, a partir dos três meses, o cão começa a aprender a socializar e se ambientar. Neste período, a intenção do treinamento é fazer com que o animal saiba se comportar em meio às pessoas, outros animais, carros, ônibus, aviões, áreas de mata, entre outros ambientes cheios de estímulos que possam dispersar a atenção do animal.
Já adulto, o cão é treinado por um condutor, que atua nas forças de segurança. São cerca de duas horas de treinamento diárias.
No caso do animal que atua para encontrar e identificar entorpecentes durante ocorrências policiais, o treinamento é feito por um adestrador especializado em cinotecnia, conforme explica Wellington Torres.
“Durante o treinamento, os cães são expostos a odores específicos de drogas enquanto recebem uma recompensa, como comida ou brinquedo. Isso cria uma associação positiva entre o odor da droga e a recompensa. O treinamento intensivo pode levar de meses a um ano, dependendo da habilidade do cão e do programa de treinamento”, explica Torres.
Torres reforça que é mentirosa a ideia de que um cão farejador de drogas é viciado em entorpecentes.
“Ele não identifica porque é droga, identifica porque foi treinado para reconhecer aquele odor. Se você ensinar ele a identificar pó de café, vai encontrar pó de café em troca da recompensa, que é o real objetivo dele, ser recompensado com o que ele mais gosta”, reforça.
Treinamentos começam com o cão ainda filhote. Adultos, os animais passam por treinos específicos para a função que vão desempenhar
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Thor, o cão de faro
Quem atua nas ocorrências para encontro de entorpecentes é o Thor, cão da raça pastor-belga-malinois que integra a equipe do Canil da GCM. Caçula do trio, aos três anos, ele foi destaque nas atividades do 1º Encontro K9 2024 de Sorocaba.
Entre os 20 cães que participaram do evento, Thor foi o que mais encontrou entorpecentes escondidos, em simulação de situações evidenciadas no dia a dia de operações de canis táticos.
“O Thor é treinado para saber diferenciar odores. Por exemplo, ele consegue identificar o cheiro de cocaína e ignorar odores de outras drogas que não são relevantes para o trabalho policial”, explica o agente.
Wellington de Almeida Torres, coordenador do canil de GCM de Sorocaba, acompanhado do Thor
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
Em alguns casos, a equipe do canil da GCM é chamada para dar apoio à outras corporações. A ocorrência com maior quantidade de drogas localizada pelo Thor foi em 2022, quando foi encontrado a 6,4 quilos de entorpecentes.
Quando identifica odores específicos de drogas, o cão de faro alerta o seu adestrador ou condutor.
“Ele pode se sentar, se deitar, latir ou raspar o local com as pastas. São atitudes que mostram que ele achou algo que pode ser o que a equipe está procurando”.
Buddy, o cão terapeuta
Por onde passa, o golden retriever Buddy recebe muitos cafunés. É quase impossível ficar indiferente à presença dele.
Buddy atua como cão “terapeuta” do canil da GCM. Ele chegou em 2018, ainda filhote, para substituir Mayke, cão da mesma raça, que ocupou o posto de trabalho por oito anos e morreu em 2018. Buddy tem 5 anos.
De farda, Buddy atua em escolas, hospitais, asilos, centros de reabilitação e outros locais. Sua responsabilidade é oferecer um momento de alívio, contato físico e conforto emocional para quem mais precisa.
“Nessa parte de reabilitação, a simples presença do cão, para que as pessoas possam tocar e interagir com ele, já é suficiente para o restabelecimento do estado psicológico da pessoa”, destaca o GCM Torres.
Buddy, cão “terapeuta” da Guarda Civil Municipal de Sorocaba (SP)
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
Mas se engana quem pensa que cães terapeutas não precisam passar por treinamentos rigorosos, assim como os cães de faro.
“O cão terapeuta passa por um treinamento de sensibilização, para que ele possa se acostumar com toques em todas as partes do corpo. Como o Buddy convive muito em ambientes com crianças, ele precisa conseguir lidar com a agitação delas, os apertões, as carícias”.
Cães ‘terapeutas’ ajudam no tratamento de pessoas com deficiência no interior de SP
Buddy participa de eventos e atua em escolas, hospitais, asilos, centros de reabilitação e outros locais
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Rocco, o cão protetor
O instinto protetor também é um ponto forte dos cães. No caso do Rocco, da raça rottweiler, seu trabalho consiste em proteger agentes e cidadãos em situações de agressão ou brigas. Rocco tem cinco anos.
“O Rocco acompanha os guardas no patrulhamento preventivo. É muito usado em eventos esportivos, patrulhamento diário, controle de distúrbios. É muito disciplinado e está sempre atento a tudo. Ele é treinado para defender seu condutor”, comenta o coordenador do canil.
A beleza do Rocco chama atenção nos eventos e há quem pense que tudo bem fazer um carinho no animal, mas o coordenador ressalta “em cães de patrulha, só se o condutor autorizar. São cães bravos. Diferentemente do Buddy, que é treinado para receber toques e não se incomodar”, alerta.
Rocco, à direita, atua em eventos esportivos e patrulhamento diário feito pela GCM de Sorocaba (SP)
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Vida fora do trabalho
Depois de cumprir o horário de expediente, os cães da GCM de Sorocaba voltam para o canil da guarda, onde moram. Segundo a prefeitura, eles passam por consulta veterinária regularmente e são vacinados sempre que necessário.
Assim como todos os trabalhadores brasileiros, eles também têm direito à férias. Geralmente, as férias caninas acompanham o período do seu GCM. Já a aposentadoria costuma chegar aos oito anos de trabalho do animal, mas pode ser indicada antes, caso o desempenho do animal esteja prejudicado devido à doença ou outra condição.
Quando é aposentado, o cão fica disponível para adoção.
Segundo a prefeitura, a preferência é que ele fique com seu GCM condutor. Se este não puder adotá-lo, a doação se estende para os integrantes do canil e, não havendo interesse, o processo é estendido para a população. O cão também pode permanecer no canil, caso não seja possível a doação.
Na foto, Mayke, antigo cão terapeuta da Guarda Municipal de Sorocaba, que morreu em 2018. Guardas prestaram homenagens ao cão
Guarda Civil Municipal/Divulgação
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