
Obra traz ilustrações, curiosidades e linguagem acessível para aproximar as crianças da biodiversidade e despertar o interesse pela conservação da natureza. Ilustrações do livro foram feitas por Fernando Igor de Godoy
Arquivo pessoal
Com informações de 45 espécies, o livro “Os sapos incríveis do Brasil” aborda conceitos científicos de forma simples para chamar a atenção das crianças. Produzida pelos biólogos Fernando Igor de Godoy e Vinicius de Avelar São Pedro, a obra será lançada oficialmente no Avistar 2025, mas o material já está disponível na pré-venda pelo site Ornitologia e Arte.
Voltado ao público infantil, o livro apresenta as principais espécies de sapos do país e ajuda a desmistificar ideias equivocadas sobre o grupo de anfíbios. A idade mínima recomendada para a leitura é oito anos.
Ao longo de três anos, a dupla de especialistas foi conversando por e-mail e acertando os detalhes da produção. “Eu ia desenhando, ele sugeria as espécies, eu estudava sobre elas. Criei uma historinha, ia desenhando e a gente foi criando conjuntamente isso”, explica Fernando.
Ilustrações mostram detalhes da espécie para atrair a atenção das crianças
Arquivo pessoal
A ideia de produzir o guia partiu de Vinicius. Especialista em répteis e anfíbios, o professor adjunto da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) procurou Fernando depois que o ilustrador publicou o livro “Minhas primeiras observações: Guia de Identificação de Aves Infantil” em 2022.
O filho de Vinicius adorou conhecer mais sobre as aves e isso motivou o pai a escrever um guia para crianças sobre sapos.
“A importância de um livro desse para crianças, primeiramente, é a popularização da fauna brasileira. De uma forma geral, a gente ainda conhece pouco dos nossos animais, embora tenhamos uma das maiores biodiversidades do planeta. As pessoas, em geral, conhecem muito pouco dessa grande biodiversidade, a não ser por aquelas espécies que aparecem mais na televisão, em reportagens, documentários”, ressalta Vinicius de Avelar.
Segundo os autores, ele permite que as crianças compreendam o papel fundamental dos sapos nos ecossistemas, promovendo a conscientização ambiental nos pequenos desde cedo.
“O objetivo é fazer com que os anfíbios, que é um grupo que é o pessoal tem tanto receio e nojo, se aproximassem mais das pessoas para que elas entendam que é um grupo carismático, bem curioso e que o Brasil tem uma biodiversidade muito grande”, afirma Fernando.
Livro destaca informações sobre mais de 40 espécies brasileiras de sapo
Arquivo pessoal
Entre as páginas, as crianças encontram curiosidades sobre sapinhos que carregam filhotes nas costas, sapos venenosos, espécies comuns e raras. Todas muito diferentes entre si, principalmente nos hábitos e nas características físicas.
“Pensar no futuro é investir no presente, é investir nas nossas crianças. E eu acredito que se a gente conseguir falar a linguagem delas, isso facilita muito o aprendizado. Você não pode chegar já introduzindo muitos termos científicos. Por isso, o livro tem um glossário das poucas palavras que são um pouquinho diferentes para elas”, comenta o ilustrador.
Mais do que aprender, os biólogos esperam que esta e outras obras sobre a biodiversidade despertem o interesse das crianças pela natureza, fazendo com elas procurem e identifiquem essas espécies no campo. Finalmente, que aprendam a amar e conservar todos os seres.
“Outro aspecto importante é ir especificamente sobre abordar os anfíbios em um livro como esse, é que está dentro de uma parte da fauna ainda muito estigmatizada. Culturalmente a gente aprende a partir da infância que os anfíbios são feios, que são perigosos, que eles não têm muita serventia, acaba sendo uma parte da nossa biodiversidade desvalorizada”, acrescenta o herpetólogo da Ufscar.
Capa do livro escrito por Fernando Igor de Godoy e Vinicius de Avelar São Pedro
Arquivo pessoal
Ainda segundo ele, muitos preconceitos sobre os anfíbios são passados desde a infância, por gerações que não tiveram acesso a informações de qualidade. Criar um livro infantil sobre o tema é uma forma de quebrar esses mitos desde cedo, mostrando que esses animais, além de importantes ecologicamente e até economicamente, não são perigosos e não devem ser perseguidos.
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