
Retorno pode ser finalizado ainda nesta sexta (28), porém pode se estender até domingo (30). Rio Acre ficou duas semanas em situação de transbordo. Nível do Rio Acre está em 10,80 metros nesta sexta-feira (28), mais de três metros abaixo da cota de transbordo, que é de 14 metros. Mais de 300 famílias retornaram para suas casas após ficarem desabrigadas pela cheia do Rio Acre
Asscom/Defesa Civil
A operação “De volta para casa”, iniciada nesta quinta-feira (27), já levou de volta para casa 86 famílias, um total de 312 pessoas. O nível do Rio Acre continua diminuindo e nesta sexta-feira (28) chegou aos 10,80 metros, de acordo com dados da Defesa Civil Municipal.
Nas últimas 24 horas, houve uma diminuição de 82 centímetros. Nesta quinta, às 6h, o rio foi medido em 11,62 metros, às 9h a medição apresentou 11,53 metros, às 12h foi medido com 11,36 metros, continuou diminuindo e às 15h em 11,25 metros, às 18h o rio estava com 11,20 metros e a última medição do dia, o Rio Acre estava com 11,17 metros.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, foram verificados todos os pontos de monitoramento e o único com alteração foi o município de Brasiléia, que oscilou positivamente alguns centímetros a mais.
“Mas isso não muda o cenário da bacia, todos estão em vazante, inclusive o Riozinho do Rola que saiu da casa dos 14 metros e já está em 13 metros, tudo indicando que aquela normalidade vai acontecer nesse final de semana”, disse.
Foram mobilizados 97 servidores, 17 carros grandes e cinco carros leves para fazer o trabalho de transporte e retorno para casa.
‘Alívio’
Leani da Silva, mãe de três crianças e moradora do bairro Taquari há mais de 30 anos, foi a primeira a voltar pra casa. “Sentimento de alívio e gratidão por ter esse privilégio de poder voltar para casa, ter uma casa pra voltar, isso é ótimo”, comemorou ela.
Joiciara Santos, também moradora do bairro Taquari, estava no abrigo desde os primeiros dias acompanhada da filha Luna. “Até quando chove lá alaga tudo. Entra tudo lá para dentro do apartamento, aí não tem como eu morar lá com ela”, lamentou.
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Famílias que estavam em abrigos começam a voltar para casa na capital
A dona de casa, Pedrita Oliveira, mora há mais de 40 anos no bairro Taquari e estava no abrigo desde o dia 14 de março com o marido e os filhos. Ela reclamou que já enfrenta a enchente por vários anos e nunca foi contemplada com uma casa em conjunto habitacional para ser removida definitivamente do local.
“Desde 2009 eu fiz o meu cadastro e até hoje. Aí eu fui lá verificar, eles disseram que meu nome não se encontrava. Agora eu espero ser uma das premiadas” , frisou.
Por etapas
Sobre a volta dos desabrigados para casa, o coordenador comentou que esse trabalho que começou ontem, tem a possibilidade de ser finalizado nesta sexta (28), porém o cronograma está previsto para acabar no máximo neste sábado (29).
“É claro que tudo isso não é um encerramento, é apenas mais uma etapa por como diz o popular: ‘nós temos muita água pra passar embaixo da ponte’, relacionado a esse evento hidrológico de 2025”, destacou.
Famílias são levadas de volta para casa após ficarem desabrigados pela cheia do Rio Acre
Asscom/Defesa Civil
Falcão ainda explicou que o abrigo montado no Parque de Exposições Wildy Viana, chamado de parque-abrigo, ainda não será desmobilizado pois há famílias que não conseguirão retornar para suas casas, já que apresentaram problemas durante a vistoria feita pela Defesa Civil de Rio Branco.
“Pela quinta vez consecutiva a gente utiliza o Parque de Exposições para abrigar as pessoas. Dentro das nossas vistorias nós identificamos algumas unidades habitacionais que não podem mais receber essas famílias, estão condenadas e já estamos verificando o que será feito com essas famílias”, afirmou ele.
O tenente-coronel ainda comentou que há quatro fases para que a família retorne para sua casa.
“Uma delas é a limpeza dos bairros que já foi concluído os primeiros bairros no dia de ontem e também a vistoria de segurança nas casas e nos bairros, também auxiliar na limpeza dessas casas para voltarem com segurança e também auxiliá-los na saída onde eles vão levar mais um kit limpeza e uma cesta básica”, explicou o coordenador.
Famílias em abrigo esperam retorno para casa após vazante do Rio Acre
Limpeza
O nível do Rio Acre, em Rio Branco, saiu da cota de transbordamento na última medição de domingo (23), às 21h. Por conta da redução, a Defesa Civil municipal iniciou a limpeza de nove bairros e famílias precisam aguardar protocolos para voltar para casa, o que inclui o manancial ficar abaixo dos 10 metros.
Na quarta-feira (6), a limpeza de oito dos nove bairros que serão inicialmente limpos foi finalizada. Para o trabalho, foram mobilizadas 150 pessoas e 55 equipamentos.
A Secretaria Municipal de Cuidados com a Cidade a limpeza foi feita nos bairros: Seis de Agosto, Baixada da Habitasa, Baixa da Cadeia Velha, Triângulo Novo, Taquari, Cidade Nova, Alzira Cruz e Ayrton Sena. Os abrigados também irão receber kits de limpeza para utilizar em suas residências.
Conforme o último boletim da Defesa Civil de Rio Branco, a cheia deste ano afetou:
Mais de 8,6 mil famílias diretamente, o equivalente a 31.318 pessoas;
Cerca de 171 famílias ficaram em abrigos, totalizando 547 pessoas;
Outras 598 famílias ficaram desalojadas, ou seja, foram para casa de parentes ou amigos;
19 comunidades rurais afetadas, dentre elas três são isoladas, e 2.198 famílias rurais atingidas;
43 bairros da capital atingidos.
O prefeito Tião Bocalom decretou, no último dia 14, situação de emergência devido à enchente. Já o governador Gladson Cameli decretou situação de emergência diante do aumento do nível dos rios Acre, Juruá, Purus e Envira, no dia 10 de março. Na última terça (18), após uma semana, governo do estado alterou o decreto e acrescentou os rios Tarauacá, Abunã e Moa.
Rio Acre chegou aos 15,88 metros em 2025
Pedro Devani/Secom
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