
Iniciativa da PUC-Campinas, Prefeitura de Campinas e Ministério Público Estadual visa sensibilizar profissionais da saúde sobre as desigualdades no atendimento O programa de extensão “A Cor da Desigualdade” pretende levar a atenção integral à saúde da população negra com objetivos ousados e desafiadores, dentre os quais, implementar um atendimento digno – Crédito: Divulgação
A PUC-Campinas realizou, no Auditório Monsenhor Salim, no Campus II, a apresentação do programa de extensão “A Cor da Desigualdade: Atenção Especial Integral à Saúde da População Negra”, que tem como foco a conscientização sobre as desigualdades no acesso e atendimento à saúde da população negra no Brasil. Durante o evento, a Universidade, a Prefeitura Municipal de Campinas e o Ministério Público Estadual formalizaram uma parceria para a sua implantação.
A iniciativa, que visa sensibilizar profissionais da saúde, estudantes e gestores para a importância de um atendimento igualitário, considerando fatores étnicos e sociais que impactam a saúde desse grupo, tem como objetivos: a sensibilização de profissionais da saúde e acadêmicos sobre as desigualdades no atendimento para a população negra; a criação de um banco de dados qualitativo sobre a saúde das pessoas; a contribuição para o fomento de políticas públicas mais assertivas no que se refere a população da saúde negra; o desenvolvimento de materiais educativos, como cartilhas, livros e dramatizações; a promoção de educação sobre a temática para os profissionais de saúde e a realização de eventos e seminários sobre o tema; e a difusão de dados científicos de forma acessível ao grande público.
O acordo pretende dar retaguarda à Universidade na articulação com a Prefeitura de Campinas – Crédito: Divulgação
Estiveram presentes na celebração, representando a PUC-Campinas, o Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, Reitor da Universidade; o Vice-Reitor Prof. Dr. Pe. José Benedito de Almeida David; o Prof. Dr. José Gonzaga Teixeira de Camargo, decano da Escola de Ciências da Vida (ECV); a Profa. Dra. Waleska Miguel Batista, coordenadora do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (CEAAB); a Comendadora Edna Almeida Lourenço, presidente do Grupo Força da Raça e integrante do CEAAB; o superintendente e diretor técnico do Hospital PUC-Campinas, Prof. Dr. Aguinaldo Pereira Catanoce; a diretora de Enfermagem do Hospital PUC-Campinas e diretora executiva da Sociedade Campineira de Educação e Instrução (SCEI), Ana Luiza Ferreira Meres; e a diretora de Enfermagem e Assistência do Hospital PUC-Campinas, Eliana Bergamin Vieira.
Além deles, compareceram ainda a coordenadora de Saúde do Adulto e do Idoso da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, representando o prefeito Dário Saadi, Camila Monteiro Gonçalves Dias Silva; o presidente da Câmara Municipal de Campinas, Luiz Carlos Rossini; a vereadora e integrante da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de Campinas, Paolla Miguel; a promotora de Justiça do Ministério Público Estadual (MPE), Cristiane Hilal; a Profa. Ma. Aparecida do Carmo Miranda Campos, assistente social do Hospital Dia (HD) do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que trata pacientes com HIV/Aids e outras doenças infectocontagiosas; e a coordenadora da Casa de Referência para Mulheres Laudelina de Campos Melo, Cleusa Aparecida Silva, que trabalha com a saúde da população negra.
De acordo com o Reitor da PUC-Campinas, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, “’A Cor da Desigualdade’ pretende levar a atenção integral à saúde da população negra com objetivos ousados e desafiadores, dentre os quais, implementar um atendimento digno a esse grupo de pessoas, tratando os diferentes como iguais; promover palestras sobre letramento racial para toda a comunidade acadêmica; estabelecer parcerias na formação antirracista para a rede municipal de saúde de Campinas; e remover as barreiras que impedem a difusão do conhecimento científico e tecnológico nessa área. Isso não é simples, uma vez que nós sabemos da forte presença do racismo estrutural em nossa sociedade”.
Palestras sobre letramento racial para a comunidade acadêmica e formação antirracista para a rede municipal de saúde estão entre as ações a serem desenvolvidas pelo projeto – Crédito: Divulgação
Para o decano da Escola de Ciências da Vida (ECV) da PUC-Campinas, Prof. Dr. José Gonzaga Teixeira de Camargo, a implantação do projeto é importante porque, “lamentavelmente, até hoje, não conseguimos minimizar as particularidades e diferenças que existem entre as pessoas. Assim, o programa visa, primeiramente, conhecer; depois, combater; e, por fim, divulgar, pois é importante que esse conhecimento saia dos muros da Universidade e, de uma forma mais clara, consiga atingir os corações das pessoas e as próprias pessoas, porque o autocuidado também faz parte desse projeto”.
A comendadora Edna Almeida Lourenço, presidente do Grupo Força da Raça e integrante do CEAAB, comenta que a realização do projeto é importante por ser uma oportunidade de “virar a página para uma história que foi contada de forma equivocada. As práticas medicinais com o corpo do povo negro têm agora um novo destino, que é a do compromisso de combater o racismo na área da saúde. Esse é o ponto principal”.
Sobre a assinatura do memorando entre a PUC-Campinas e o Ministério Público Estadual (MPE), a promotora de Justiça Cristiane Hilal explica que o documento pretende dar retaguarda à Universidade na articulação com a Prefeitura de Campinas.
“O MPE estabeleceu um compromisso formal no sentido de estimular que a Prefeitura de Campinas possa estar conectada, ao máximo, com esse projeto com o intuito de que os seus profissionais de saúde venham a receber o curso de letramento racial e tenham acesso aos dados obtidos pela PUC-Campinas nessa seara do racismo na área da saúde”, explica a promotora.