‘Confiava estar segura’, diz marido de mulher que morreu após perder filho e útero em maternidade de CG


Jorge Elô, marido de Danielle e pai do bebê Davi, fez uma carta aberta rebatendo afirmação da prefeitura de Campina Grande de que morte não teve relação com parto no Isea, mas com uma condição genética pré-existente. Jorge Elô é marido dulher que morreu após perder filho e útero em maternidade de Campina Grande
Reprodução/Instagram (@jorge.elo)
Jorge Elô, marido de Maria Danielle Cristina Morais Sousa, que morreu após um parto no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em que perdeu o bebê e o útero, disse que ela estava confiante por saber que seria atendida pelo médico que havia acompanhado a gestação. “Chorou ao ver o médico, disse que confiava estar segura”.
A afirmação foi feita em uma carta aberta, feita pelo marido de Danielle e pai do bebê para o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima. Em uma coletiva nesta quarta-feira (26), a Prefeitura de Campina Grande afirmou que a morte de Danielle não teve relação com o parto no Isea, mas com uma condição genética pré-existente.
O professor, marido de Danielle e pai do bebê, começa a carta falando que a esposa teve um trombo aos seis meses de gestação. Ele ressalta que, no entanto, a gestante foi bem acompanhada e medicada pelo mesmo médico que fez o parto.
“Essa medicação não deixou de ser aplicada nenhum dia sequer – mesmo com os braços dela roxos e doloridos, chorando pela dor que a medicação causa. Tenho em casa TODAS as seringas aplicadas, que ela decidiu guardar para recordar o quanto foi forte para tornar nosso sonho realidade”.
Jorge Elô continua a carta contando que no dia 25 de fevereiro, três dias antes do parto, o casal foi ao médico, em uma consulta particular, e estava tudo bem com o bebê e com a gestante.
No dia 28, quando Danielle estava em trabalho de parto no Isea, o médico receitou uma medicação intravenosa para induzir o parto natural. Jorge Elô se queixou que esse profissional que acompanhou Danielle durante toda a gravidez “não foi verificar como ela estava antes de abandonar seu turno”.
O marido afirma que uma profissional aumentou a dosagem da medicação intravenosa e também que o medicamento foi aplicado sem o uso da bomba de infusão controlada (BIC). Após 50 minutos de tentativas, segundo o texto, Danielle Morais desmaiou, e só então a equipe levou a gestante para a sala de cirurgia. Porém, o útero dela já havia se rompido e o bebê nasceu morto.
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Morte de Danielle
Danielle Cristina, de 38 anos, teve o útero removido após complicações durante o parto
Reprodução/TV Paraíba
Maria Danielle morreu na terça-feira (25), vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico, após seu marido denunciar que ela sofreu negligência médica no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em Campina Grande, resultando na morte do bebê durante o parto e na retirada do útero.
Segundo o marido de Maria Danielle, Jorge Elô, ela acordou bem na terça-feira (25). No entanto, ao se sentar na cama, sentiu uma dor de cabeça intensa, começou a gritar e caiu no chão. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, e ela foi encaminhada ao Hospital Pedro I pela manhã. No período da tarde, o marido recebeu a notícia de seu falecimento.
A mulher foi enterrada na tarde desta quarta-feira (26), em um cemitério particular no bairro do Velame, em Campina Grande.
Parto aconteceu na maternidade do Isea, em Campina Grande
Reprodução/TV Cabo Branco
A Secretaria de Saúde de Campina Grande divulgou uma nota lamentando a morte de Danielle. Segundo a pasta, a mulher se recuperou bem de uma segunda cirurgia realizada no Hospital Doutor Edgley, e tinha recebido alta no domingo (23). A secretaria relatou que ela foi internada no Hospital Pedro I com sinais de um possível Acidente Vascular Cerebral hemorrágico.
Na manhã desta quarta-feira, a Prefeitura de Campina Grande afirmou que a morte de Maria Danielle não teria ligação direta com a perda do filho no parto e a retirada do útero. De acordo com a pasta, a paciente já possuía comorbidades e possíveis doenças genéticas que podem ter relação com o Acidente Vascular Cerebral (AVC) que resultou na morte de Danielle.
Além da Secretaria de Saúde, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) abriu uma investigação preliminar para apurar a possível negligência médica envolvida no ocorrido. A promotora de Justiça de Campina Grande, Adriana Amorim, afirmou que está aguardando o resultado das sindicâncias solicitadas à Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande, ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren) para adotar as providências cabíveis.
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