São José: conheça a história do monumento no Rio Amazonas em homenagem ao padroeiro do AP


Localizado na ‘pedra do guindaste’, escultura e a localização são repletas de histórias e curiosidades que marcam a cultura do estado. imagem, são josé, pedra do guindaste, macapá, Amapá
Arquivo/g1
A ‘pedra do guindaste’ é a localização de um dos monumentos mais tradicionais de Macapá, capital do Amapá. Sobre ela, fica a estátua de São José, uma obra cheia de história e curiosidades. A data do padroeiro da capital e do estado é celebrada nesta quarta-feira (19).
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A figura história chama a atenção por estar dentro do rio Amazonas e de costas para a Fortaleza de São José de Macapá. Quando a maré desce, é possível ver toda a extensão da lendária pedra. Outro fator é que a figura não possui o menino Jesus nos braços, como usualmente retratada.
São José, é considerado o santo dos navegadores e dos pescadores, fato que é especialmente relevante para a região do Amapá, banhada pelo Rio Amazonas, que possui uma forte tradição de pesca e navegação, além de ser o protetor das famílias e dos trabalhadores.
Estátua de São José
Eude Rocha – Pedra do Guindaste
Eude Rocha/Arquivo Pessoal
A obra foi feita pelas mãos pelo mestre de obras português/brasileiro Antônio Pereira da Costa e foi inaugurada no ano de 1958. Antônio é o responsável por muitas outras obras de grande relevância no estado, ele faleceu em 1983. A estátua é um símbolo histórico para os amapaenses.
“Antônio era um português escultor, engenheiro e arquiteto, chegou aqui na década de 50, trazido pelos americanos para a construção da base aérea do Amapá do Pará e desde então fixou residência por aqui e contribuiu com muitas obras, dentre ela o São José, trazendo matérias primas europeias como concreto armado com tintas”, disse o Sérgio guerreiro, bisneto do mestre Antônio Pereira da Costa.
Antônio produziu inúmeras obras que marcam a história amapaense
Divulgação/Família Costa
No ano de 1973, um navio colidiu contra a pedra do guindaste original. O impacto acabou quebrando a imagem de São José e a lançando no Rio Amazonas. O dono do navio arcou com os custos da restauração da imagem e um pilar de concreto foi erguido onde a pedra costumava ficar.
A pedra até antes da inauguração da imagem, na década de 40, era um local onde os barcos costumavam ser atracados, até a construção do trapiche. Ela servia também como um alvo para exercício de pontaria dos soldados.
Pedra do guindaste era ponto de ‘atraque’ de embarcações
Divulgação
Proposta de troca da imagem
Em 2017, uma proposta foi feita pela Associação Comercial e Industrial do Amapá (Acia), para substituir a imagem por uma maior. A imagem chegou a ser confeccionada pelo artista maranhense Lindomar Plácido e tinha cerca de 3 metros de altura.
O presidente da Acia levantou a proposta ao governo pois segundo o mesmo ,a imagem original estava deteriorada em razão do tempo e que, devido ao tamanho, a visão não é privilegiada da orla da cidade.
Estátua era feita de gesso e cimento
Arquivo/g1
“No ano de 2017 tivemos um embate muito grande pra permanência dessa imagem […] primeiro que ela está atrelada a história do território na década de 60, 70 e a figura do mestre construtor”, disse Dinah tutyia, professora de arquitetura da Universidade Federal do Amapá (Unifap).
Familiares do Antônio Pereira interviram alegando que a imagem original deveria ser preservada, respeitando a memória do mestre de obras e a história do monumento com a pedra do guindaste.
“A minha família quer a garantia de que a imagem não será trocada e vamos buscar meios para que isso aconteça e fazer com que a estrutura seja resguardada, através de tombamento”, disse Lídia Costa, neta de Antônio, durante uma entrevista ao g1 em 2017.
No mesmo ano, o presidente da Acia lamentou o ocorrido e disse que não queria causar transtornos ou polêmicas, apenas destacar a história amapaense. A solicitação de tombamento foi feita no ano de 2018.
Em 2025, Lídia contou que é um bom sentimento poder celebrar o dia de São José com a obra ainda em seu devido local e conservada. Além dessas, muitas outras obras feitas por Antônio devem ser preservadas no estado.
“Nós temos o hospital geral, nós temos a pediatria, nós temos maternidade nós temos várias obras construídas por ele. Dentre elas o Macapá Hotel, temos ainda várias casas que ficavam próximas ao palácio do setentrião, que também obra do nosso avô. Ele construiu todo entorno da praça do Barão do Rio Branco, os correios, a atual OAB. Dentre outras maravilhosas obras”, contou Lídia.
Lendas populares no imaginário amapaense
Cobra grande 🐍
Uma das lendas mais populares referente ao ponto, é a da cobra grande. A história diz que uma cobra gigante mora logo abaixo da pedra, bebe a água do rio Amazonas e não deixa a maré subir a ponto de cobrir o monumento.
“Quando eu era criança, ouvia que se a pedra do guindaste saísse de lá, a cobra iria sair do lugar e a água do rio Amazonas iria inundar tudo. Pensava que corríamos sérios riscos de sermos apagados do mapa. Morria de medo da cobra, que diziam que ela derrubava as embarcações”, disse o estudante João Ferreira.
A lenda diz que quando a atual cidade de Macapá ainda era uma vila pequena, a indígena Iara ficou grávida e passou a se preocupar com o destino da filha. Enquanto a mãe d’água estava ocupada, a invejosa Boicorá fez subir as águas do rio Amazonas inundando a vila de São José de Macapá.
Tupã e Iara tentaram de todas as formas quebrar o encanto da cobra invejosa, mas não tiveram sucesso. Nesse meio tempo, a filha de Iara nasceu, mas ainda assim a mãe d’água continuou triste com as lamentações dos habitantes da vila.
Reza a lenda que Iara decidiu transformar a própria filha em cobra, que foi mandada para o rio Amazonas, onde passou a beber uma grande quantidade de água para baixar a maré.
A cobra se estabeleceu embaixo de uma pedra em frente a vila onde permanece até os dias de hoje sob o encanto de Iara. Anos depois, um escultor colocou acima da pedra uma imagem do padroeiro São José de Macapá.
Os mais velhos contam que se algum dia a pedra for retirada do rio Amazonas, as águas vão subir e inundar toda a cidade.
Tristeza transformada em pedra
Outra lenda diz que uma indígena tucujú se apaixonou por um rapaz da mesma tribo, e todo o dia iria às margens do Rio Amazonas em busca de alimento. Ela aproveitava o momento para encontrar o rapaz secretamente.
O relacionamento foi rejeitado pela tribo e no outro dia o homem não retornou ao local onde se encontravam. A indígena chorou desesperadas por dias e noites, até que se transformou na pedra que remete uma silhueta feminina, a pedra do guindaste.
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