Da pesquisa aos atendimentos via SUS: entenda como núcleo da Unicamp vai avançar em estudos sobre o sono


Inaugurado na última semana, Núcleo do Sono vai realizar pesquisas e espera credenciamento para atender população por meio da rede pública. Unicamp inaugura núcleo para estudar e tratar problemas relacionados ao sono
Analisar o sono e entender os impactos que o momento de descanso tem no corpo e no comportamento. Esse é o objetivo do Núcleo do Sono do Instituto de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (IOU), da Unicamp, em Campinas (SP).
Inaugurado na última semana, o espaço vai desenvolver estudos sobre distúrbios ligados ao sono – inclusive doenças raras, como a narcolepsia –, além de realizar o monitoramento de voluntários e oferecer exames que só estão disponíveis em clínicas particulares.
A expectativa é, em breve, atender a população pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, o núcleo aguarda por um credenciamento por meio da Secretaria do Estado da Saúde. A pasta foi procurada para comentar o assunto, mas não retornou até a publicação da reportagem.
Dos voluntários aos pacientes do SUS
Voluntário faz exame de polissonografia do sono na Unicamp
Reprodução/EPTV
Atualmente núcleo realiza pesquisas com voluntários que são estudados enquanto dormem. Eles são conectados a diversos sensores que monitoram reações do corpo durante o sono, como explica o otorrino Edílson Zancanella, presidente da Acadeia Brasileira do Sono.
“O que a gente avalia são diferentes fases do sono. O paciente está realmente acordado em alguns momentos, mas depois ele vai dormir. Quando ele dorme, a gente faz uma interpretação das fases do sono que, realmente, são diferentes ao longo do sono”.
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Em exames como a polissonografia tipo I, por exemplo, os médicos do núcleo conseguem verificar o comportamento das diferentes fases do sono, da mais leve à mais profunda. O monitoramento é transformado em gráficos que ajudam a identificar eventuais distúrbios.
Segundo Zancanella, o Núcleo do Sono da Unicamp tem entre seus objetivos tornar esse tipo de investigação acessível à população, contribuindo para a melhora na qualidade do sono e, consequentemente, com o bem-estar diário.
“A população precisa de mais atendimento, de exames de polissonografia que não estão disponíveis ainda pela rede pública. A ideia do núcleo é agregar mais profissionais da saúde, formar mais profissionais que tenham habilitação para conseguir fazer esse tratamento e trazer a população para que esse tratamento aconteça”.
Pesquisas sobre distúrbios
Tânia Marchiori, neurologista e especialista em medicina do dono, explica que, com base na Academia Americana de Medicina do Sono, ao menos 80 distúrbios estão catalogados. No entanto, alguns deles estão entre os mais frequentes, como as insônias, ronco e a apneia do sono.
Além desses, os pesquisadores do núcleo também devem investigar distúrbios raros como a narcolepsia, doença que provoca sono involuntário e faz com que a pessoa durma repentinamente. A síndrome tem diagnóstico difícil e pode ser um fator de estigmatização de pacientes.
“[A pessoa] fica caracterizada como algo que é ruim, que é preguiçoso, que tem que dormir a todo momento”, afirma o Edilson. O médico pontua que a dificuldade em diagnosticar está ligada a falta de recursos que são necessários para realizar o exame, como a própria polissonografia.
No entanto, com o núcleo, isso deve mudar. “Isso envolve um recurso de espaço físico, de equipamentos que é bastante complicado em ofertas. A gente não tem isso disponível na Região Metropolitana de Campinas. Vamos ter muito em breve porque conseguimos o espaço para fazer um dos exames”.
O que é dormir bem?
O objetivo de exames como a polissonografia e outros que serão realizados no núcleo é investigar o que atrapalha a hora de repouso. De acordo com a neurologista, para dormir bem é preciso que o paciente tenha um sono com as seguintes características:
de boa duração de acordo com a necessidade e a faixa etária;
contínuo, que não seja fragmentado por problemas como o calor, barulho ou doenças do sono;
rítmico, que se repita com regularidade, iniciando e terminando nos mesmos horários diariamente.
Segundo os especialistas, dormir bem está muito além de simplesmente descansar. A qualidade do sono influencia diretamente na memória, no humor e na imunidade. Noites mal dormidas aumentam o risco de doenças cardiovasculares, prejudicam o metabolismo e comprometem a concentração.
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