Estudo da USP em Ribeirão Preto sugere mudanças em teste usado para predizer risco de queda em idosos


Novo protocolo utiliza como base o teste dos ‘dez segundos’ em quatro diferentes posições. Avaliação pode ser mais efetiva se o tempo for aumentado para 30 segundos e em apenas duas posições, indica pesquisa. USP de Ribeirão Preto desenvolve protocolo que prevê risco de queda em idosos
Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) sugere mudanças em um teste utilizado mundialmente para predizer o risco de queda de idosos. A pesquisa com 153 voluntários com idades entre 60 e 89 anos indica uma maior efetividade nos resultados se forem feitas pequenas alterações no protocolo: no aumento de dez para 30 segundos e na redução de quatro para duas posições que o idoso precisa fazer.
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as quedas são a segunda causa de morte relacionada a ferimentos entre adultos com 65 anos ou mais.
Por isso, esse protocolo desenvolvido é tão importante, como comenta a pesquisadora do Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (LARE) da Faculdade de Medicina da USP, a fisioterapeuta Daniela Cristina Carvalho de Abreu.
“Para aqueles idosos com desequilíbrio sutil, o tempo do teste parecia não ser suficiente e há muito tempo a gente já realiza esse teste por 30 segundos. O que a gente quis nesse estudo é realmente mostrar que dez segundos pode não ser suficiente quando a gente quer prevenir que aquele idoso que não tem um equilíbrio tão prejudicado caia nos próximos meses, essa é a grande diferença do nosso teste.”
O estudo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) foi publicado na revista internacional BMC Geriatrics. O objetivo é que o protocolo desenvolvido sirva de base para testes desde a atenção básica de saúde até consultas com especialistas.
Estudo da USP em Ribeirão Preto aponta mudanças em teste usado mundialmente para predizer risco de queda em idosos
Reprodução/EPTV
Como funciona o teste?
O teste usado em todo o mundo e usado como base no estudo da USP requer que o paciente fique por dez segundos em quatro posições. São elas: pés paralelos [bipodal], um dos pés ligeiramente à frente do outro [semi-tandem], um pé na frente do outro [tandem] e equilibrado em um pé só [unipodal].
A pesquisadora Daniela, responsável pela estudo, explica quais foram as mudanças aplicadas no método.
“A gente fez as quatro posições, mas com 30 segundos cada posição e a gente observou que à medida que você muda de posição você dificulta o teste, fica mais difícil manter essa posição, o corpo tem maiores oscilações durante a manutenção da posição. Só que para a predição de queda, a gente viu que só os dois últimos testes, das duas últimas posições, são suficientes pra gente identificar o idoso que vai cair.”
Estudo da USP em Ribeirão Preto aponta mudanças em teste usado mundialmente para predizer risco de queda em idosos
Reprodução/EPTV
A partir dessa primeira avaliação, considerada como uma triagem, é preciso realizar exames mais detalhados. O médico precisa com o conjunto de resultados entender o desequilíbrio do paciente e se ela está relacionado à fraquezas muscular, alterações no alinhamento postural, problemas articulares ou outros fatores.
A partir de todos os resultados o médico responsável consegue definir quais intervenções serão necessárias para o idoso.
“Esse teste é fundamental porque assim o mundo inteiro já diz que anualmente os idosos deveriam passar por um rastreio de risco de quedas, então todo o serviço de saúde que atende a população idosa deveria pelo menos uma vez por ano fazer o rastreio de queda.”
A médica ainda explica que esse é um teste considerado simples, já que não requer um espaço físico grande e nenhum equipamento. Além disso, a capacitação dos profissionais é rápida, o que facilita a implantação nas unidades básicas de saúde.
Importância para os idosos
A aposentada Cecília Pires, de 74 anos, mora atualmente no lar de idosos ‘Casa do Vovô’, em Ribeirão Preto. Ela conta que já sofreu com diversas quedas e reconhece a importância da realização de exames.
“Cai bastante vezes, até em uma das vezes quebrei o braço, eu perdi o equilíbrio da perna e cai, e eu morava sozinha, no outro dia que as pessoas iam me levantar, eu arrastava no chão, já aconteceu 16 vezes.”
Estudo da USP em Ribeirão Preto aponta mudanças em teste usado mundialmente para predizer risco de queda em idosos
Reprodução/EPTV
Atualmente, Cecília faz sessões de fisioterapia para tentar recuperar alguns movimentos e melhorar a sua qualidade de vida. Fisioterapeuta que atende os idosos da instituição, Sérgio Henrique Pedroso explica que o ideal são exercícios de prevenção e fortalecimento para que os idosos consigam enfrentar os desafios do dia a dia.
O processo após a queda se torna mais difícil e demorado, além de impactar significativamente a qualidade de vida, como comenta o fisioterapeuta.
“Muitas vezes pra recuperar a confiança de andar do idoso já é muito difícil porque ele vai ter medo de uma nova queda. A queda é um assunto tão importante por conta das fraturas, por ter uma densidade óssea mais baixa, as fraturas acontecem com mais facilidade e aí essa recuperação é mais demorada.”
Nesse sentido, é importante que o idoso realize o teste de queda no período recomendado pelos especialista. Dessa forma é possível definir um protocolo de fortalecimento e prevenção.
*Sob supervisão de Rodolfo Tiengo.
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