Bastidores do Carnaval de Curitiba tem casal de motociclistas voluntários na folia, trabalho em família e quem entrou para ‘tapar buraco’; veja histórias


Desfile dos blocos e escolas de samba ocorre na Avenida Marechal Deodoro nos dias 1, 2 e 3 de março. Renato Ivancheschen e Renilse Felizerdo Ivancheschen, da escola de samba Leões da Mocidade
Reprodução/RPC
Enquanto muitas pessoas se preparam para o Carnaval de Curitiba, uma equipe trabalha incansavelmente nos bastidores para garantir que tudo saia perfeito na avenida. Renato Ivancheschen e Renilse Felizerdo Ivancheschen são exemplos disso.
Acostumados ao som pesado do rock, o casal de Curitiba encontrou no samba uma nova paixão.
✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp
✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram
Foi em um clube de motociclistas que Renato conheceu Renilse, há 12 anos. Mas, em 2016, por meio de um parente que participa da Escola de Samba Leões da Mocidade, foram conquistados pela energia dos ensaios, a batida contagiante e a união da comunidade carnavalesca.
📸 Veja fotos dos bastidores das Escolas de Samba de Curitiba mais abaixo
Ele é mecânico de motos e ela é professora. Juntos, eles dividem a rotina entre as profissões e a escola de samba. Atualmente, Renilse exerce o cargo de vice-presidente da escola e Renato é diretor de barracão.
“O Carnaval é lado cultural, onde o coração bate mais forte na avenida. E o motociclismo é estilo de vida, viagens, aventuras”, disse Renato.
Renato Ivancheschen e Renilse Felizerdo Ivancheschen
Arquivo pessoal
O envolvimento na escola de samba também se tornou uma tradição familiar. A filha do casal participa da bateria, seguindo os passos do pai, que passou seis anos como ritmista antes de assumir outras responsabilidades na organização do desfile.
A rotina no barracão exige dedicação extrema do casal. Renato sai às 18h da oficina e vai direto para o local, sem horário para ir embora.
“A gente fala que o carnaval pra gente não é na avenida, né? Lá na Avenida é a apresentação de todo o trabalho, de todo o envolvimento da comunidade e das pessoas […] Enquanto tiver saúde e condições de estar aqui, a gente estará aqui sempre”, comentou.
Desfile dos blocos e escolas de samba acontece na Avenida Marechal Deodoro, nos dias 1, 2 e 3 de março.
LEIA TAMBÉM:
Morte de jovem enquanto tirava manga: inquérito detalha participação de quatro seguranças
BR-277: Motociclista morre ao ser atingido por caminhão, motorista foge e corpo na rodovia causa segundo acidente
Acidente: Homem morre após viga de concreto cair sobre cabine de caminhão que ele dirigia
Trabalho que levam pra casa – Enamorados do Samba
Família se dedica a confecção das fantasias em casa. Eles participam da escola Enamorados do Samba.
Reprodução/RPC
Na garagem de uma casa em Curitiba, o clima é de correria. Lá, uma família se dedica às últimas etapas da confecção das fantasias da escola de samba Enamorados do Samba. Entre tecidos, adereços e muito brilho, eles ajustam os detalhes finais para colocar o bloco na avenida.
“A gente tem que fazer todos esses detalhes pra ser colocado na fantasia. É muito corrido, falta tempo, faltam pessoas pra ajudar”, disse Paula Armentano.
A casa virou um ponto de apoio para a finalização dos figurinos, complementando o trabalho feito no barracão da escola.
Para este ano, a família quer mostrar que Curitiba tem, sim, Carnaval.
“Esse ano eu acabei pegando e fazendo um lugar aqui pra gente se organizar, pra tentar que as pessoas venham, peguem [as coisas], levem pra casa ou façam aqui. A gente tá organizando mutirão pras pessoas virem”, explicou Paula.
‘Minha prioridade é o Carnaval de Curitiba’ – Deixa Falar
Renato Lepinski, vice-presidente e diretor de harmonia da Escola de Samba Deixa Falar
Reprodução/RPC
Renato Lepinski, vice-presidente e diretor de harmonia da Escola de Samba Deixa Falar. Com quase 50 anos de experiência no Carnaval, é um dos responsáveis pela harmonia da escola e precisa garantir que nada fora do enredo esteja visível na avenida.
Ele diz que é apaixonado pelo Carnaval e as experiências dele não se limitam a Curitiba. Ele já atuou como diretor de harmonia em escolas renomadas de São Paulo e do Rio de Janeiro, incluindo a São Clemente, onde foi convidado a participar do ensaio técnico este ano, mas a prioridade é a Deixa Falar.
“A minha dedicação é 100% a Deixa Falar. Eu não vou trocar por nenhuma outra escola e isso a São Clemente está ciente. Sou convidado deles como um dos diretos de harmonia, mas minha prioridade é o carnaval de Curitiba”, disse.
André Ferreira participa da escola Deixa Falar
Reprodução/RPC
Outro amante da escola é André Ferreira, Além da harmonia e da organização do desfile na escola, ele é um dos responsáveis por dar forma e vida aos carros alegóricos. Com mais de 36 anos de experiência em Carnaval, ele utiliza isopor como base e cria figuras impressionantes que compõem a cenografia do desfile.
Uma das principais ferramentas de trabalho dele é uma simples latinha de sardinha.
“Você fura a lata com um prego, aí você faz a escultura e vai esculpindo com ela, desenha ela através da latinha. Não precisa de lápis, nada, é só prestar atenção”, revelou.
‘Eu me meto em tudo’ – Mocidade Azul
Claudio Gonçalves participa da escola de samba Mocidade Azul.
Reprodução/RPC
Entre soldas, ajustes e reparos de última hora, Claudio Gonçalves é fundamental nos bastidores da escola Mocidade Azul. Ele não desfila, mas se define como alguém que “faz um pouco de tudo” e está sempre atento para resolver problemas que surgem na hora.
“Eu gosto de dizer que me meto em tudo pra saber, na hora que tiver dando errado, dar um palpite ou ajudar na hora do desfile”, brinca.
Durante a construção dos carros alegóricos, ele está lá, lidando com imprevistos e garantindo que cada detalhe esteja pronto para a avenida. No dia do desfile, o papel se intensifica.
Para ele, nada supera a emoção de ver os carros prontos e brilhando na avenida. Ele cresceu cercado pelo samba e hoje vê até os netos seguindo o mesmo caminho. O Carnaval de Curitiba para Claudio é especial.
“Lá [no Rio de Janeiro] é uma indústria. Aqui, a gente põe a mão na massa. Não é nada comprado, é tudo feito aqui”, finalizou.
‘Fui tapar um buraco na ala das baianas’ – Acadêmicos da Realeza
Nazaré Silva participa da escola de samba Acadêmicos da Realeza
Reprodução/RPC
Na escola de samba Acadêmicos da Realeza, a Nazaré Silva, ou Naza, como é conhecida, é integrante da ala das baianas e representa a tradição, a dedicação e o amor pela festa. A história dela com o samba aconteceu de uma forma inusitada.
Há 10 anos, enquanto assistia a um desfile, foi convidada para “tapar um buraco” na ala das baianas.
“Eu falei: ‘Mas eu não sei sambar’. E me responderam: ‘Não precisa saber, quer ir?’ Eu fui tapar aquele bendito buraco que já fazem 10 anos”, riu.
Desde então, ela tem se dedicado integralmente à festa, participando da confecção de fantasias e adereços, além de ajudar na organização do desfile.
“Não meço esforços pra estar aqui diariamente para levar uma fantasia maravilhosa para os componentes”, finalizou.
Mais assistidos do g1 PR
Leia mais em g1 Paraná.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.