‘Banho de Lua’ nas piscinas naturais de Maceió ameaça corais, alertam especialistas; entenda impactos


Iluminação artificial intensa, música alta, pisoteamento e ancoragem de embarcações nos recifes são práticas apontadas como nocivas para a vida marinha. ‘Banho de Lua’ nas piscinas naturais: festas e passeios noturnos preocupam especialistas
Os passeios noturnos conhecidos como “Banho de Lua”, realizados nas piscinas naturais de Maceió, têm preocupado especialistas devido aos impactos ambientais nos recifes de corais. Com festas, som alto e iluminação intensa, esses eventos vêm alterando o ecossistema marinho, colocando em risco a biodiversidade local.
As piscinas naturais ficam a cerca de 1 km da costa e são cercadas por recifes de corais. Durante a alta temporada, os passeios noturnos atraem grande público, com catamarãs e jangadas iluminadas partindo das praias de Ponta Verde e Pajuçara. No entanto, pesquisadores alertam que essa prática pode causar danos irreversíveis aos corais.
Impactos ambientais preocupam especialistas
O professor e pesquisador Robson Guimarães, doutor em biologia animal e integrante do Laboratório de Ecologia e Conservação no Antropoceno da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), explica que o uso inadequado dos recifes pode comprometer sua recuperação natural.
“A ancoragem das embarcações pode quebrar o recife, enquanto o pisoteamento danifica os corais, e a recuperação desses danos é lenta. Além disso, realizar festas nesses ambientes traz problemas adicionais. A iluminação artificial e o som alto interferem na rotina dos organismos marinhos, que deveriam estar em descanso durante a noite”, alerta o pesquisador.
Estudos internacionais já comprovaram que a luz artificial e o barulho podem alterar a dinâmica da biodiversidade marinha, atraindo predadores para áreas onde normalmente não estariam ativos e afetando processos naturais como a desova dos corais, que ocorre durante a noite e segue os ciclos lunares.
“Uma coisa é você ir lá contemplar o lugar, fazer os passeios ali no ambiental recifal, que é uma das belezas naturais aqui do nosso estado. Outra coisa é você fazer uma festa cima dele”, avaliou o especialista.
Turismo sustentável como solução
Além dos danos ecológicos, o pesquisador destaca que a exploração não sustentável pode prejudicar o próprio turismo a longo prazo.
“O turismo deve ser uma ferramenta de conservação. Não significa que as pessoas não possam visitar esses ambientes, mas é fundamental que isso aconteça de maneira sustentável. Caso contrário, estaremos comprometendo o futuro das nossas riquezas naturais e, consequentemente, do turismo em Alagoas”, reforça.
‘Banho de lua” nas piscinas naturais é alvo de críticas por especialistas em meio ambiente
Reprodução/ TV Gazeta
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