Entenda sobre o vírus de rápida mutação que infectou 127 passageiros em navio de cruzeiros


Especialistas alertam que o norovírus, devido à sua rápida mutação, tem maior facilidade de se espalhar. A MSC Cruzeiros informou que, após um aumento no número de casos de doenças gastrointestinais na região da Baixada Santista, foram adotadas precauções para manter um ambiente saudável a bordo. 127 passageiros foram contaminados por norovírus em navio de cruzeiros que passou por Santos, SP
Vanessa Rodrigues/AT
Um navio de cruzeiros reúne milhares de pessoas interessadas em relaxar e curtir a viagem, mas o espaço, assim como qualquer outro com grande concentração de pessoas, se torna propício à disseminação de vírus, como o norovírus, que infectou 127 pessoas, entre os 6.293 passageiros do MSC Grandiosa (entenda mais abaixo).
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O g1 conversou com especialistas que, com base em pesquisas e dados, afirmam que o norovírus tem rápida mutação e, portanto, mais facilidade de se espalhar e contaminar pessoas.
De acordo com Fernanda Marcicano Burlandy, virologista e coordenadora do serviço de referência regional para rotavírus e norovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), os primeiros registros do norovírus surgiram após um surto de gastroenterite na cidade Norwalk, em Ohio, nos EUA, em 1968.
O médico infectologista e professor universitário Evaldo Stanislau, ressaltou que, quando descoberto, o norovírus era mais restrito a ambientes de confinamento, como escolas e navios de cruzeiro, mas que também presente em locais com aglomeração e água contaminada, como as praias do litoral paulista.
De acordo com Stanislau, tais mutações e recombinações genéticas podem acontecer dentro da própria pessoa infectada.
O médico acrescentou que as mudanças climáticas também facilitam a proliferação do norovírus. “O aumento de chuvas tem um potencial disseminação […]. Facilita a transmissão hídrica desse vírus, evidentemente por contato de esgoto”, disse.
Norovírus
As proteínas que compõem o revestimento externo do norovírus agem como uma espécie de armadura.
GETTY IMAGES via BBC
O que é?
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), as noroviroses representam um grupo de doenças de origem viral, conhecidas como gastroenterites.

Quais são os sintomas? Náusea, vômito, diarreia, dor abdominal, podendo ocorrer também dores musculares, cansaço, dor de cabeça e febre baixa, segundo a SES-SP.

Pode matar?
A virologista Fernanda afirmou que o norovírus pode levar à morte caso o paciente entre em desidratação profunda. De acordo com ela, pessoas com comorbidades, idosos e bebês precisam de atenção redobrada.
O que aconteceu no navio?
O navio MSC Grandiosa passou pelo Porto de Santos durante o período de surto de virose na Baixada Santista. O embarque de passageiros ocorreu em 11 de janeiro e o desembarque no dia 18.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que uma equipe de saúde fez testes nos passageiros após eles apresentarem sintomas da Doença Diarreica Aguda (DDA). O surto, portanto, foi confirmado um dia antes do desembarque, na sexta-feira (17).
De acordo com a Anvisa, logo após a confirmação dos casos, os infectados foram isolados.
Agentes da Secretaria de Saúde de Santos realizaram uma investigação complementar a bordo, no sábado (18) e coletaram amostras adicionais em tripulantes para confirmar o agente infeccioso, assim como amostras de água e alimentos.
O que diz a MSC Cruzeiros?
Em nota, a MSC Cruzeiros informou que, após um aumento no número de casos de doenças gastrointestinais na região da Baixada Santista, foram “adotadas as precauções necessárias para manter um ambiente saudável a bordo”.
MSC Grandiosa no Porto de Santos
Vanessa Rodrigues/AT
“Estamos monitorando de perto os relatos de casos entre os hóspedes, e intensificamos os procedimentos de limpeza e sanitização em todo o navio. Todos os hóspedes foram orientados a lavar as mãos com frequência e entrar em contato com o Centro Médico no caso de apresentarem quaisquer sintomas gastrointestinais”.
Passageiros foram isolados
Ainda segundo a Anvisa, após a detecção dos casos foram verificadas as medidas de controle para o vírus, como o isolamento dos passageiros com sintomas e orientação a bordo para a higienização frequente das mãos e superfícies.
O navio retornou ao Porto de Santos no sábado “conforme programado antecipadamente”, segundo a APS, que também não confirmou quando desceram os passageiros infectados.
“As atividades de vigilância epidemiológica estão previstas no Guia Sanitário para Navios de Cruzeiros e visam monitorar a situação de saúde a bordo e as medidas de prevenção e controle aplicadas pela equipe do navio”, disse a Anvisa, em nota.
Prefeitura de Santos
Em nota, a administração municipal informou que atendeu uma solicitação da Anvisa e enviou uma equipe do Departamento de Vigilância em Saúde (Devig) da Secretaria de Saúde de Santos na manhã de sábado (18) ao navio MSC Grandiosa, atracado no Porto de Santos, onde os profissionais coletaram amostras de cinco tripulantes com suspeitas de norovírus.
“Também foram coletadas amostras de água e alimentos. O material foi encaminhado ao Instituto Adolfo Lutz (IAL) na Capital”. A prefeitura disse que não há previsão para a entrega dos resultados, e que os tripulantes estão com quadro geral estável e assistidos pela equipe médica da MSC. “O navio tomou todas as medidas sanitárias necessárias.”
Tratamento
Governo de SP confirma casos de norovírus na Baixada Santista
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SES-SP), as noroviroses representam um grupo de doenças de origem viral, conhecidas como gastrenterites, e normalmente são transmitidas via fecal-oral. Trata-se de uma doença considerada autolimitada com duração de, em média, três dias.
O principal tratamento é a hidratação. Para casos mais graves, ainda segundo a SES-SP, é preciso realizar a hidratação endovenosa. A hospitalização, porém, é considerada “muito rara”. Crianças e idosos precisam de atenção especial.
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