Dois anos dos atos golpistas: autoridades se reúnem para reafirmar a importância da democracia


Lula disse que a democracia é uma obra em construção; defendeu o diálogo entre opostos e o cumprimento da Constituição; e disse que os responsáveis pelos atos golpistas serão punidos. Manifestações em defesa da democracia marcaram, nesta quarta-feira (8), os dois anos dos atos golpistas que depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
A programação começou às 10h, no Palácio do Planalto. Primeiro com a apresentação de obras de arte destruídas pelos vândalos e que foram restauradas. Em seguida, uma cerimônia no Salão Nobre, com o presidente Lula e a participação dos Três Poderes.
O vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego, do MDB, representou o senador Rodrigo Pacheco, do PSD, presidente da casa. E a segunda secretária, a deputada Maria do Rosário, do PT, o presidente da Câmara, Arthur Lira, do Progressistas. Pelo STF – Supremo Tribunal Federal estava presente o ministro Luiz Edson Fachin, presidente em exercício. Ele leu uma mensagem do presidente da Corte, Luís Roberto Barroso:
“Precisamos sempre lembrar do que aconteceu, para que não se repita. Existimos na democracia. Nós, os ministros do STF – Supremo Tribunal Federal, sabemos que existimos na democracia e vivemos pela democracia e da democracia jamais desistiremos”.
Antes de começar a ler o discurso, o presidente Lula se dirigiu aos presentes:
“Participar de um ato como esse dentro do Palácio do Planalto é dizer em alto e bom som: não é possível que alguém consiga imaginar que existe uma melhor forma de governança de qualquer lugar do mundo, fora da democracia”.
Dois anos dos atos golpistas: autoridades se reúnem para reafirmar a importância da democracia
Jornal Nacional/ Reprodução
Ao ressaltar a importância da democracia, Lula fez uma comparação entre esposas e amantes:
“Eu voltei com a certeza de que a democracia não é uma coisa pequena. A democracia é uma coisa muito grande para quem ama a liberdade, para quem ama a cultura, para quem ama educação, para quem ama a igualdade de direitos. Somente no processo democrático a gente pode conquistar isso. É por isso que eu sou um amante da democracia. Não sou nem marido, sou um amante da democracia porque na maioria das vezes os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres, e eu sou um amante da democracia porque eu conheço o valor dela”.
Depois, o presidente passou a ler o discurso. Disse que o ato desta quarta-feira (8) representa a vitória da democracia e das instituições:
“Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ‘Ainda estamos aqui’. Estamos aqui para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 8 de janeiro de 2023. Estamos aqui, mulheres e homens de diferentes origens, crenças, partidos e ideologias, unidos por uma causa em comum. Estamos aqui para dizer em alto e bom som: ditadura nunca mais, democracia sempre. Estamos aqui para lembrar que se estamos aqui é porque a democracia venceu”.
Presidente Lula
Jornal Nacional/ Reprodução
Lula disse que a democracia é uma obra em construção; defendeu o diálogo entre opostos e o cumprimento da Constituição; e disse que os responsáveis pelos atos golpistas serão punidos:
“Os responsáveis pelo 8 de janeiro estão sendo investigados e punidos. Ninguém foi ou será preso injustamente. Todos pagarão pelos crimes que cometeram. Todos, inclusive os que planejaram o assassinato do presidente e do vice-presidente da República e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Terão amplo direito de defesa e terão direito a presunção de inocência”.
Dois anos dos atos golpistas: autoridades se reúnem para reafirmar a importância da democracia
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Pouco depois do meio-dia, o presidente Lula, autoridades e convidados desceram a rampa do Palácio do Planalto em direção à Praça dos Três Poderes para mais um ato em defesa da democracia.
Ministros do STF – Supremo Tribunal Federal que estavam presentes na cerimônia do Planalto não foram até a praça. Nos bastidores, a explicação para não participar foi o caráter político e não institucional dessa parte do ato.
Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e os representantes da Câmara e do Senado se juntaram a um público formado por militantes do PT, integrantes do Movimento Sem-Terra e grupos sociais – tradicionalmente alinhados a Lula. Eles promoveram um abraço ao redor da palavra “democracia” – escrita com flores.
À tarde, do outro lado da praça, o STF – Supremo Tribunal Federal também lembrou o 8 de janeiro. O ministro Fachin abriu uma roda de conversa com servidores e colaboradores que atuaram na limpeza e reconstrução do prédio depois da depredação. O decano da Corte, o ministro mais antigo, Gilmar Mendes, disse que a memória dos atos golpistas é fundamental para preservar a democracia:
“É necessário sedimentar a ideia de que o 8 de janeiro não é um simples fato pretérito, mas uma ferida aberta na sociedade brasileira. Para que jamais esqueçamos desse triste marco da nossa história política e para que festejemos o êxito da democracia, convém repetir em alto e bom som a frase de Ulysses Guimarães proferida naquele inesquecível 5 de outubro de 1988, quando da promulgação da Constituição: ‘Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações’”.
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