Entre a fúria e o medo: Lula busca maioria num Congresso acossado pela investigação sobre emendas; apuração pode embolar reforma


Avaliação é de presidentes de partidos ouvidos pelo blog; eles afirmam que deputados, senadores e prefeitos temem “uma Lava Jato das emendas” 05/07/2024 – O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participa da cerimônia de inauguração do novo Edifício Acadêmico e Administrativo da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (EPPEN), no Campus Osasco da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em Osasco, grande São Paulo, na manhã desta sexta-feira, 05 de julho de 2024. Lula esteva acompanhado da primeira-dama, Janja da Silva, e de ministros
ANDRé RIBEIRO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre o ano de 2025 sob rumores de uma reforma ministerial que deveria abrir caminho para uma maioria mais confortável no Congresso. Há, porém, um problema.
Segundo presidentes de partidos ouvidos pelo blog, deputados, senadores e prefeitos estão divididos entre a fúria e o medo. O motivo? As investigações sobre emendas parlamentares do chamado Orçamento Secreto.
O Congresso distribuiu cerca de R$ 50 bilhões só no último ano, debaixo de critérios parcos e, há dois anos, considerados ilegais pelo Supremo Tribunal Federal.
A farra das emendas foi interrompida pelo ministro Flávio Dino, que dando continuidade a caso inicialmente tocado pela ministra aposentada Rosa Weber, travou a execução dos pagamentos e mandou a PF investigar as dezenas de indícios de desvio de dinheiro público.
Inicialmente, o Congresso reagiu com indignação raivosa. Agora, admite um presidente de partido, o clima é de medo.
“Todo mundo (no Congresso) está irritado, mas também agora com muito medo. Ninguém sabe onde isso vai parar. E não fica só no Congresso. O que falam é em uma ‘lava jato das emendas'”, diz o líder partidário.
O desvio de emendas já rendeu cenas insólitas, como a de um vereador atirando uma mala com R$ 200 mil pela janela ao ser surpreendido pela PF.
Como a distribuição dos recursos foi, por anos, centralizada em figuras muito proeminentes no Congresso, como o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre, a sensação é a de que o avanço das apurações tende a azedar um ambiente já conturbado entre o governo e o Parlamento.
A situação é tal que os próprios parlamentares já admitem que houve “certo descontrole”.
Um outro presidente de partido detalha que começa a circular entre os próprios políticos acusações contra colegas que teriam feito mau uso do dinheiro público.
“A relação Judiciário – Governo e Legislativo está tensa e é muito difícil de isso mudar. As apurações indicam muito dinheiro para entidade que não existe. Agora que começou a mexer, o Dino indica que vai até o fim. Está difícil projetar um cenário de tranquilidade”, analisa outro presidente de sigla do centrão.
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