Apesar de surto de virose, quase 200 mil foram para o litoral de São Paulo após Réveillon

Nos primeiros dias de janeiro de 2025, aproximadamente 180 mil veículos desceram ao litoral paulista após as festividades de Réveillon, segundo dados da Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes. Este número reflete a alta demanda de turistas para a região, apesar do surto de virose que afetou diversas cidades do litoral.

Entre os dias 3 e 5 de janeiro, a Ecovias registrou o tráfego de 179.545 carros em direção à Baixada Santista. No período das festas de Natal e Ano Novo, mais de 1 milhão de veículos seguiram para o litoral, e ainda cerca de 200 mil carros permanecem na região. Quando comparado com o mesmo período de 2023, o número de veículos foi significativamente maior – no ano passado, 660.414 carros foram contabilizados.

Apesar dos alertas das autoridades de saúde sobre o surto de virose, que afetou cidades como São Vicente, Praia Grande, Santos, Guarujá e Ubatuba, o litoral segue sendo o principal destino de verão dos paulistas. Guarujá, especificamente, enfrenta um surto de gastroenterocolite aguda, com mais de 2.000 atendimentos registrados em dezembro. A virose tem causado sintomas como cólicas, diarreia e febre.

As filas nos serviços de emergência, que chegaram a quatro horas de espera no dia 1º de janeiro, foram diminuindo ao longo da semana. No sábado (5), o tempo de espera caiu para 1h20 na UPA Enseada e 40 minutos no PAM Rodoviária.

O coordenador da Vigilância Sanitária de Guarujá, Marcos Checon, afirmou que as medidas emergenciais, como o reforço nas equipes médicas e a ampliação do horário de atendimento nas unidades de saúde, ajudaram a controlar a situação. Algumas Unidades de Saúde da Família, como as localizadas nos bairros Jd. dos Pássaros, Vila Rã e Cidade Atlântica, agora funcionam até às 22h, e essa extensão será mantida caso a demanda continue alta.

Especialistas apontam que o surto pode ter diversas causas, com destaque para a poluição das águas do litoral paulista. A Cetesb classificou 38 praias como impróprias para banho, incluindo todas as praias de Santos, devido à presença de coliformes fecais, E. coli e enterococos.

Infectologistas dizem que a água da torneira e a aglomeração são os principais fatores para a propagação da virose. A recomedação é para levar alimentos próprios, lavar as mãos com frequência, evitar consumir alimentos crus ou gordurosos, e tomar cuidado com a água e gelo, como formas de prevenção.

A Prefeitura de Guarujá informou que acionou a Sabesp para investigar possíveis vazamentos de esgoto e ligações clandestinas, mas a companhia afirmou que os sistemas de água e esgoto estão operando normalmente, com monitoramento constante.

Mesmo assim, a Sabesp reconhece que fortes chuvas podem sobrecarregar o sistema devido à entrada irregular de água pluvial. No entanto, a companhia garantiu que a água fornecida está dentro dos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde.