Caipirinha: drink brasileiro foi criado na década de 1950 em Santos e reúne histórias curiosas


Drink se popularizou e, cerca de 70 anos depois, possuiu diversas variações. Além da tradicional receita com limão, outras frutas e ingredientes também fazem parte do modo de preparo. Caipirinha surgiu na década de 1950 e foi batizada em Santos, no litoral de SP
Bruno Coelho/ Ecos Eventos
A Caipirinha, bebida tradicionalmente brasileira feita originalmente com limão, cachaça, gelo e açúcar, foi batizada e teria se originado em Santos, no litoral de São Paulo, durante a década de 1950. Anos antes, já existia um drink parecido, uma batida de limão e cachaça. Porém, foi a partir dos anos 50 que a Caipirinha à moda caiçara ganhou sua fama. Atualmente, novas frutas e ingredientes foram inseridos à receita, como rapadura e geleia de frutas vermelhas.
O coquetel conhecido como Caipirinha surge no fim dos anos 50 como uma bebida de praia, influenciada pelas barracas de praia e balneários, combinando sol, praia, tempo de relaxar e férias. Seu nome deriva do hábito local de chamar o que vinha do interior de caipira. E a caninha industrializada que se tomava em Santos era caipira. Portanto, Caipirinha, com o maior carinho.
Segundo descrito pelo pesquisador no livro A Terra da Caipirinha – de 2012 (três anos antes da sua morte), a batida de limão, feita com o suco da fruta e aguardente de cana-de-açúcar surgiu na década de 1920. A bebida era feita em grande quantidade e armazenada. Porém, a Caipirinha, feita individual, com o limão cortado em pedaços e macerado no copo, servida com açúcar, aguardente e gelo, surgiu décadas depois, em meados de 1954, no mesmo período que foram criados os refrigeradores elétricos e quando aumentou a produção de gelo.
Como a bebida é diluída no gelo, ela deve ser feita com uma cachaça mais forte e, de acordo com o caipirólogo, o ideal é fazer a bebida industrializada. E é por este motivo que a história da Caipirinha teria iniciado em Santos.
Bebida com água ardente, limão, gelo e açúcar se popularizou em Santos em meados de 1950
Rafaella Fraga/G1
No morro da Nova Cintra existiam diversos alambiques e plantações de cana-de-açúcar. Na década de 1950, era produzida no local uma pinga artesanal, chamada de Morrão. Essa bebida era considerada ‘nobre demais’ para ser misturada com gelo e limão.
Na região também eram vendidas cachaças industrializadas, que vinham do interior e eram chamadas pelos caiçaras de cachaça caipira. Sendo assim, a mistura feita com limão começou a ser chamada de Caipirinha, para se diferenciar da Morrão, que era servida pura.
Ao g1, o jornalista e historiador Sergio Willians explicou que a qualidade da aguardente produzida nos alambiques de Santos não era muito boa, e que a cachaça que vinha do interior era relativamente melhor.
“Brincavam perguntando se as pessoas queriam a bebida com a cachaça caiçara ou a caipirinha. O nome pegou e se alastrou para o Brasil inteiro. E a aguardente com limão virou a nossa Caipirinha brasileira”, ressalta Willians.
Além da tradicional receita com limão, outras frutas e ingredientes foram incorporadas à Caipirinha
Bruno Cesar Ricardo
Novas receitas
Além da receita tradicional com limão, novas frutas e ingredientes surgiram nos cardápios. No Bartu, localizado em Santos, há cerca de três anos são comercializados 30 sabores de Caipirinha, como caju com rapadura e maracujá.
A gerente do bar, Marina Virginia da Silva Neta, de 29 anos, afirmou ao g1 que conhece a história da bebida e que a ‘Caipirinha é a cara do santista’. Segundo ela, entre outros drinks servidos no local, a Caipirinha é o mais pedido por moradores e turistas.
“Temos um cardápio inteiro só de Caipirinhas com mais de 30 sabores. As receitas mais pedidas são: três limões com rapadura; kiwi com pitaya; morango, mexerica e hortelã; abacaxi, manga e geleia de frutas vermelhas; caju com rapadura e maracujá; e carambola e mel de gengibre”, finaliza Marina.
Bartu, em Santos, possuí 30 receitas de Caipirinhas no cardápio
Reprodução/Redes Sociais
Outras histórias
Há outras vertentes históricas que afirmam que a Caipirinha foi criada no interior de São Paulo, como Piracicaba, ou mesmo em Paraty, no Rio de Janeiro. Porém, segundo o caipirólogo Marco Antonio Batan, o termo ‘caipirinha’, a princípio, era ofensivo aos moradores do interior. Há também o registro de um universitário que viajava de Santos à Piracicaba em 1975 e foi expulso de um botequim na cidade interiorana ao pedir a bebida e explicar que não era apenas uma batida de limão.
“Esses ocorridos servem para reafirmar que o nome Caipirinha não nasceu no interior de São Paulo, onde era ofensivo aos locais. Diferentemente do morador do litoral, que chama o do interior de ‘caipira’ pelas costas. E o do interior, por sua vez, chamava o nativo do litoral de ‘caiçara’. Nesse contexto, por evidência, o nome da bebida não poderia surgir no interior, e sim no litoral de São Paulo”, pontuou em seu livro.
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