Especialistas falam sobre relação de ESG e turismo e práticas sustentáveis


Alexis Pagliarini e Antônio Mazza apresentaram suas contribuições ao setor no 7º Fórum de Turismo, em Santos ESG em pauta no 7º Fórum de Turismo
Raphaella Santucci/LEAD Mkt Digital
No 7º Fórum de Turismo, a pauta de ESG (Ambiental, Social e Governança) foi destaque em palestras que abordaram práticas e desafios relacionados à sustentabilidade no Brasil e no mundo. As discussões reforçaram a importância de ações práticas e integradas para que o setor privado avance em direção a uma economia mais sustentável e inclusiva.
Avanços e contradições no Brasil
O Brasil possui uma matriz energética exemplar, com mais de 90% de sua eletricidade proveniente de fontes alternativas, como energia solar, eólica e biomassa. Porém, o país ainda é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa, devido ao desmatamento e à má gestão do uso do solo. “No Brasil, a matriz energética é exemplar, mas o desmatamento continua sendo um grande problema ambiental”, destacou Alexis Thuller Pagliarini, CEO Founder da Criativista ESG4.
A reciclagem também foi tema de destaque. Embora o índice tenha dobrado nos últimos anos, passando de 4% para 8%, ainda está longe do ideal. “O Chile recicla mais de 30%. Nós ampliamos para 8%, mas ainda é muito insuficiente”, foi apontado, reforçando que o saneamento básico e a gestão de resíduos precisam ser priorizados.
ESG no contexto global
A palestra também trouxe à tona os compromissos firmados na COP21, realizada em 2015, onde 195 países assumiram metas de redução de emissões de CO2. Apesar do avanço em fontes de energia renovável, os índices de emissão continuam a crescer. Além disso, foi lembrado por Pagliarini que, durante o mesmo evento, foram estabelecidos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que vão além das questões climáticas e incluem metas como erradicar a fome e reduzir desigualdades.
O conceito ESG, criado pela ONU em 2004, também ganhou espaço na apresentação. “A sigla ESG nasceu da necessidade de criar formas de negócios mais inclusivos e respeitosos com o meio ambiente. Desde então, empresas de todo o mundo têm buscado alinhar suas práticas a esses pilares fundamentais”, pontuou.
Soluções e estratégias práticas
No âmbito ambiental, ações como privilegiar cadeias de alimentos locais e substituir embalagens plásticas por alternativas ecológicas foram apontadas como soluções simples e eficazes. “Privilegiar cadeias próximas de alimentos evita o transporte de comida por milhares de quilômetros, contribuindo para a redução da pegada de carbono.”
No pilar social, a equidade e a diversidade nas empresas foram discutidas. Foi reforçado que a inclusão de mulheres, pessoas com deficiência (PCDs) e pessoas LGBTQIA+ impacta positivamente o desempenho corporativo. “Empresas que respeitam esses princípios tendem a performar melhor, porque retratam o perfil da sociedade”, destacou Alexis.
Por fim, a governança foi abordada como um elemento essencial para a sustentabilidade corporativa. Medir e reduzir o consumo de água e energia, além de eliminar desperdícios, foram algumas das práticas recomendadas. “Gerenciamento e eficiência energética são cruciais para alinhar as empresas às melhores práticas ESG.”
O papel do setor de eventos
O impacto ambiental de feiras e exposições foi outro ponto debatido. Além da emissão de CO2 causada pelo transporte, como ônibus para shuttles, foi ressaltada a necessidade de integrar soluções verdes nas operações. “Quando organizamos eventos, precisamos pensar em formas de reduzir impactos ambientais e refletir o compromisso da marca com a sustentabilidade.”
O impacto da árvore líquida no ESG
Em outra palestra do evento, entre as inovações apresentadas no fórum, a chamada “árvore líquida” se destacou como um exemplo prático e inovador de combate ao aquecimento global. Desenvolvido sob a liderança de Antônio Mazza, engenheiro, físico e pesquisador do Grupo Life, o equipamento utiliza microalgas em um “reator de fluxo ascendente aberto” para absorver dióxido de carbono e liberar oxigênio.
Antônio Mazza, durante evento
Raphaella Santucci/LEAD Mkt Digital
“Essa árvore pequena equivale, funcionando, a um arbusto de mais ou menos 500 kg, operando e fazendo fotossíntese”, explicou Mazza. Ele ressaltou a eficiência da tecnologia ao apontar que uma árvore comum acumula aproximadamente 164 kg de carbono em 20 anos, enquanto o reator oferece resultados mais expressivos em menos tempo.
O projeto nasceu de uma iniciativa do Grupo Life Service, empresa de facility com forte preocupação socioambiental. “A empresa tem um DNA de sustentabilidade e aplica princípios ESG, mesmo antes de saber que era ESG. Eles sempre buscaram soluções que apoiem comunidades e promovam a redução de resíduos”, destacou Mazza.
Além de sua contribuição ao meio ambiente, a “árvore líquida” é uma ferramenta versátil para empresas e eventos que desejam mitigar suas pegadas de carbono. “Já estamos com pesquisas na Ásia, Estados Unidos, Europa e América do Sul, e até agora não apareceu nenhum outro equipamento com o mesmo controle e evidências de funcionamento. É uma tecnologia única no mundo”, afirmou Mazza, enfatizando o pioneirismo da inovação.
O reator representa uma união entre ciência, tecnologia e práticas ESG, demonstrando como a inovação pode contribuir para as metas globais de sustentabilidade. Colocado em locais estratégicos como eventos de grande porte e áreas urbanas, o equipamento oferece uma solução tangível para o enfrentamento dos desafios climáticos.
Árvore líquida presente no evento
Raphaella Santucci/LEAD Mkt Digital
Adicionar aos favoritos o Link permanente.