Belo Monte investe em projeto de barco elétrico para contribuir com mobilidade fluvial da Amazônia e descarbonizar rios


Norte Energia, concessionária da usina, pretende desenvolver embarcações a preços acessíveis para a população da região Os barcos elétricos terão preços acessíveis para a população
Helder Lana/Norte Energia
Buscando dar um passo importante em direção à mobilidade fluvial da Amazônia e contribuir para a descarbonização dos rios, a Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Pará, iniciou um projeto para desenvolver barcos elétricos em escala comercial e a preços acessíveis para a população da região. Apelidado de Enguia, em alusão ao peixe elétrico, o trabalho está sendo realizado por professores de Engenharia Naval Universidade Federal do Pará (UFPA).
Belo Monte é maior hidrelétrica do país, 100% brasileira e a quinta maior do mundo. Com capacidade para atender 60 milhões de pessoas, a usina gera energia limpa e renovável e é a que menos emite no bioma amazônico. A hidrelétrica é responsável pelo atendimento de 10% da demanda do Brasil e atua como bateria natural do sistema energético, ajudando na reserva nacional e em momentos de alta demanda de energia.
O estudo de Belo Monte para desenvolver barcos elétricos é um projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Os pesquisadores, que já atuaram em outros projetos pioneiros da companhia para desenvolver embarcações elétricas, duas voadeiras (pequenos barcos) e um catamarã, têm agora como missão construir uma voadeira elétrica nacional completa, bem como o sistema de carregamento elétrico, com bases flutuante e terrestre.
“O desafio é grande, mas a expertise que adquirirmos com os dois projetos anteriores nos garante a segurança que precisamos para darmos mais esse passo. Queremos tornar a tecnologia dos nossos barcos elétricos acessível a todos, de maneira que num futuro não muito distante possa ser uma realidade nos rios da região amazônica”, disse Sílvia Cabral, Diretora de Regulação e Comercialização da Norte Energia.
O catamarã elétrico desenvolvido por especialistas da UFPA
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Há três meses, a companhia concluiu o projeto do primeiro corredor verde da Amazônia, um catamarã elétrico que se integra a dois ônibus movidos a energia solar. Eles circulam no campus da UFPA, em Belém (PA). Juntos, os modais têm capacidade para transportar 2 mil pessoas por dia e evitar o lançamento de 161 toneladas de CO2 na atmosfera por ano, o que equivale a 30 carros populares circulando no mesmo período. Só o catamarã evitará a emissão, por ano, de 100 toneladas de gases de efeito estufa.
Desde maio, a primeira voadeira elétrica amazônica, a Poraquê I, está em atividade na operação da usina, em Altamira, no Pará. Com a medida, ao final de cada mês, a empresa calcula que, em substituição à embarcação tradicional a diesel, tenham deixados de ser consumidos cerca de 1.400 litros de combustíveis fósseis. Os professores da UFPA estão em fase final de testes do motor do segundo protótipo, o Poraquê II. As voadeiras transportam de seis a oito pessoas, têm velocidade média de 27 km/h e autonomia para percorrerem 40 km.
“Os nossos projetos de barcos elétricos podem proporcionar mudanças importantes na vida da população local, já que o custo com combustível para transporte compromete grande parte da renda das famílias. E enquanto promovemos a mobilidade fluvial na Amazônia, deixam de ser emitidas toneladas de gases de efeito estufa. Em 2019, quando começamos os projetos, não podíamos prever que seriam concluídos em um momento tão oportuno, às vésperas da COP 30. Estamos orgulhosos desse legado”, comemora Sílvia.
A escolha desses trabalhos pela companhia se explica porque a maior bacia hidrográfica do mundo está localizada na Amazônia. Nessa região, os barcos a combustíveis fósseis representam o principal meio de transporte da população, especialmente nas comunidades ribeirinhas.
“Ambientalmente falando é uma embarcação que possui zero adição de gás carbônico, ela é totalmente elétrica, a energia que abastece as baterias é de usina fotovoltaica. Não utilizamos combustíveis, lubrificantes, o nível de ruídos é menor do que de uma embarcação comum. Então quando se fala de impacto ambiental ela é muito mais vantajosa do que a que funciona a combustão. Do ponto de vista social, o custo operacional é menor, não usamos gasolina, disponibilizando o transporte de forma mais acessível para população que pode facilmente recarregar as baterias sem custo de operação”, explicou o professor Emannuel Loureiro, Engenheiro Naval e pesquisador da UFPA.
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