Menino de 13 anos era dopado por professor de jiu-jitsu e denunciou abusos após revelações de outros atletas mais velhos


Segundo a polícia, pelo menos 12 vítimas já foram identificadas, e outras seis ainda aguardam para prestar depoimento. Alcenor Alves deverá ser ouvido na Depca nesta semana, conforme informou a Polícia Civil. Menino de 13 anos era dopado por professor de jiu-jitsu e denunciou abusos após revelações de outros atletas mais velhos.
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Um menino de 13 anos denunciou ser vítima de abusos sexuais cometidos pelo professor de jiu-jitsu Alcenor Alves Soeiro, de 56 anos, preso suspeito de estuprar e explorar sexualmente seus alunos. De acordo com a polícia, o adolescente é uma das vítimas mais recentes do treinador e confirmou ter sido dopado por ele. O jovem decidiu denunciar os abusos após outros atletas mais velhos compartilharem relatos semelhantes.
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O professor foi preso em Balneário Camboriú, Santa Catarina, enquanto participava de uma competição com crianças e adolescentes. Ele chegou a Manaus na madrugada de sábado (30). Segundo a polícia, pelo menos 12 vítimas já foram identificadas, e outras seis aguardam para prestar depoimento.
“Ele dava melatonina. Teve uma vez que ele deu melatonina pra todo mundo. Ele deu mais para mim, aí ele foi no banheiro e voltou em direção para a minha cama. Ele falou ‘vai dormir’. Eu fui dormir, aí quando eu acordei, meu short estava baixo, minha cueca também estava tipo, meio babado. Quando eu acordei, aí ele falou eu fui o primeiro a acordar, que ele me acordou e falou ‘vai tomar seu banho direto'”, lembrou o adolescente, que começou a treinar com Alcenor há um ano.
Os abusos deixaram traumas no adolescente, que resolveu contar tudo para os pais depois que Lucas Carvalho e mais três atletas, todos maiores de idade e vencedores de títulos mundiais, prestaram depoimento à polícia e revelaram os abusos sofridos.
“Então eu me sentia muito mal. Eu ficava travado, não ficava muito bem, não queria falar com ninguém. Demorava para passar o sentimento. Só ficava muito triste mesmo. Eu não queria mais falar com ninguém”, contou.
Alcenor Alves, de 56 anos, mestre de jiu-jitsu
Reprodução
A mãe do menino vai continuar apoiando o filho no sonho de ser campeão mundial de jiu-jitsu e disse ter orgulho pela coragem dele de denunciar os abusos sofridos.
“Estou muito orgulhosa pelo filho que eu tenho e eu sou mais orgulhosa ainda porque ele está sendo um herói. É como eu falo para todos, todos, todas as vítimas que hoje são adultos, que sofreram calado, que a gente não tem ideia do que aconteceu. Eles são heróis, mas o meu filho, ele está tendo a coragem enquanto criança, de falar tudo o que aconteceu com ele. Ele está sendo um herói que veste quimonos, é tão novo, é tão herói”, afirmou a mãe do adolescente.
Alcenor Alves está com prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça. Ele será ouvido esta semana e indiciado por pelo menos 15 crimes de estupro de vulnerável. Na sequência, a delegada Juliana Tuma vai pedir a prisão preventiva do treinador, ou seja, para que ele fique preso até o julgamento.
“E a gente quer enaltecer aqui a coragem dessas vítimas, a coragem desses atletas, o tanto de combatividade, de comprometimento que esses atletas tiveram com o esporte, não só com o esporte, mas com a causa da criança e do adolescente. A gente sabe que não é fácil expor abuso sexual, ainda mais quando você é vítima e eles conseguiram trazer e quantas vítimas têm, quantas vítimas foram feitas. A nossa investigação tá só no começo e nós vamos continuar a investigação no sentido de identificar novas vítimas”, afirmou a delegada.
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Um mandado de prisão temporária em nome do professor de jiu-jitsu foi expedido pela Justiça do Amazonas e cumprido em Santa Catarina, no sábado (23).
Conforme informações que basearam o pedido de prisão, ao qual o g1 teve acesso, o homem teria se favorecido do fato de atuar como professor de jiu-jitsu para abusar de crianças e adolescentes desde 2014, “havendo possibilidade de tais crimes estarem sendo perpetrados ainda atualmente”.
A decisão cita que a prisão foi pedida por conta da “iminente possibilidade de fuga do representado e o risco à obtenção da prova e coação das vítimas”.
A defesa do suspeito afirmou que o processo corre em segredo de Justiça e que espera tomar conhecimento dos fatos e das provas apresentadas. Disse, também, que ainda não teve contato com o cliente porque eles está preso em Santa Catarina.
Por determinação da Justiça, ele foi transferido para Manaus no último final de semana para responder as acusações.
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