Conselho Consultivo do CEAAB da PUC-Campinas é nomeado em solenidade no Mescla


No total, foram empossados treze representantes da comunidade interna e da sociedade civil
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O Espaço Mescla recebeu, na noite do último dia 1º de novembro, o evento de nomeação do Conselho Consultivo do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros “Doutora Nicéa Quintino Amauro” (CEAAB) da PUC-Campinas.
Foram empossados na ocasião, como representantes da comunidade interna, a Comendadora Edna Almeida Lourenço, presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac) e membra do CEAAB; a Profa. Dra. Eliete Aparecida de Godoy, diretora da Faculdade de Educação; o Prof. Me. José Donizeti de Souza, coordenador do Centro de Atendimento à Comunidade Interna (CACI); a Profa. Dra. Mara Ligia Biazotto Bachelli, diretora da Faculdade de Nutrição; o Prof. Me. Roberto Brito de Carvalho, diretor da Faculdade de Ciências Econômicas; a Dra. Waleska Miguel Batista, coordenadora do CEAAB e professora da Faculdade de Direito; Rafaela Meyer Lelo de Oliveira, estudante de Direito e representante do corpo discente; e Ana Flávia Colaneri, chefe de gabinete da Reitoria.
Como representantes da sociedade civil, foram empossados a Profa. Dra. Alessandra Ribeiro Martins; a Profa. Dra. Angela Fátima Soligo; Diogo Damazio da Silva, graduando de Medicina; o babalorixá Pai Moacir Barra Grande e o senhor Sebastião Moreira Arcanjo.
As professoras Maria Lígia Biazotto Bachelli e Alessandra Ribeiro Martins, bem como o senhor Sebastião Moreira Arcanjo, não puderam comparecer a solenidade, mas foram devidamente investidos junto aos demais membros.
Despertando o conhecimento
Em seu discurso, o reitor da PUC-Campinas, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, disse que a criação do conselho é mais um passo em uma trajetória que se iniciou em 2019, logo após a Universidade ter passado por uma situação de racismo, em que a Instituição
“precisou realizar uma reflexão e superar aquele episódio para que outros acontecimentos do gênero não ocorressem mais no interior da comunidade universitária e também para que pudéssemos despertar um processo de conhecimento de tudo aquilo que leva uma sociedade a ser racista”.
O reitor da PUC-Campinas, Prof. Dr. Germano Rigacci Júnior, disse, durante o evento, que os membros do Conselho têm um compromisso com o CEAAB no sentido de auxiliar na construção de caminhos propositivos e que permitam que a cultura afro-brasileira e que os negros possam ter uma vida digna dentro da PUC-Campinas e das sociedades campineira e brasileira.
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O reitor disse que, desde então, foi possível criar o projeto Diálogos sobre Racismo, que promove uma série de debates referentes ao tema, com o propósito de ampliar o conhecimento dos estudantes e de toda a sociedade acerca dos aspectos que envolvem a discriminação racial nos diversos espaços sociais.
Ele lembrou ainda que houve um grande avanço com a construção do CEAAB que, no último mês de agosto, completou um ano de existência, e agradeceu a Comendadora Edna Almeida Lourenço “pela paciência, pelo apoio, sempre presente junto à nossa Universidade, diariamente no Centro, junto com a Neia (Valdineia Bueno, auxiliar administrativa do CEAAB), com a doutora Waleska (Miguel Batista, coordenadora do CEAAB), e sempre com a inspiração e o sorriso do professor (José) Donizeti (de Souza, coordenador do CACI), que está sempre animando e apoiando todas as iniciativas que nascem desse trabalho de vocês”.
Conselho representativo
O professor Germano ressaltou, inclusive, que a composição do Conselho Consultivo foi muito discutida com a Comendadora para que fosse representativa, tanto da comunidade interna, quanto da sociedade civil. Ele disse também que os membros do Conselho têm um compromisso com o CEAAB no sentido de auxiliar na construção de caminhos propositivos e que permitam que a cultura afro-brasileira e que os negros possam ter uma vida digna dentro da PUC-Campinas e das sociedades campineira e brasileira.
“Sei que não vai ser fácil, sei que não será simples, sei que nós teremos dificuldades a enfrentar conjuntamente, mas nós chegamos até aqui e ainda temos um longo caminho a percorrer e com o compartilhamento de ideias e experiências, de angústias e alegrias, nós vamos construir muita coisa ainda a partir do nosso Centro”, encerrou o reitor.
Alcançando grandes conquistas
A presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac) e membra do CEAAB, Comendadora Edna Almeida Lourenço, por sua vez,
disse estar muito feliz com o aniversário de um ano do CEAAB e que, passo a passo, está sendo possível conquistar “muitas coisas concretas”.
A presidente da Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac) e membra do CEAAB, Comendadora Edna Almeida Lourenço disse estar muito feliz com o aniversário de um ano do CEAAB e que, passo a passo, está sendo possível conquistar “muitas coisas concretas”.
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Ela explicou que “todos os dias, ao lado do professor Donizeti, das professoras Eliete e Waleska, da Néia, eu sempre aprendo um pouco mais. Nós aprendemos juntas. Eu tenho 73 anos de idade, mas vejo que ainda há muita coisa para ser feita e todo mundo no nosso grupo tem muita boa vontade e eu acho que é isso que faz com que a gente consiga alcançar grandes conquistas. Por isso mesmo, eu agradeço a todos pelo incentivo e gostaria de agradecer muito mesmo ao professor Germano por receber aqui, dentro do Centro de Estudos, um grupo de cosmovisão de matriz africana”.
A Comendadora completou dizendo que “eu quero mesmo é que a gente continue caminhando, sempre de cabeça erguida. Nós esperamos pelo dia em que o racismo não aconteça mais e que a gente possa dizer a todos que é possível sonhar e lutar pelo sonho e que foi lutando por esse sonho que nós estamos aqui. Eu nunca falo na primeira pessoa. Eu sempre falo na primeira pessoa do plural. Somos nós. A conquista é nossa. Nós estamos juntos”.
Fazendo cada vez mais
O coordenador do Centro de Atendimento à Comunidade Interna (CACI), Prof. Me. José Donizeti de Souza, em seu discurso,
disse que o evento era um momento de celebração e de agradecimento, em que “nós olhamos para o que já realizamos e nos sentimos felizes com o pouco que fizemos, sabendo que podemos fazer muito mais. E faremos cada vez mais”.
Sobre a implantação do CEAAB, ele disse se lembrar de um pedido do professor Germano, ainda em março de 2020, quando todos estavam trabalhando à distância, de modo on-line, em virtude da pandemia de Covid-19, para que ele chamasse a Comendadora Edna e desse início a montagem do Centro de Estudos.
“Eu só tenho a agradecer ao professor Germano por ter me colocado junto à Comendadora Edna, que é uma pessoa que conta com uma história de vida pautada pela dimensão étnico-racial e que encarnou em sua existência toda essa dimensão da luta, da continuidade da luta dos ancestrais, lançando-se na construção de uma sociedade de respeito pelos direitos da comunidade”, exaltou o professor Donizeti.
Ele disse ainda ter aprendido bastante e lembrou que, com a Comendadora, no início do projeto Diálogos sobre Racismo, os embates foram e ainda são muitos,
“porque isso é importante, o direito à fala, à discussão, aos olhares, às visões e isso tudo tem sido feito porque nós temos horizontes comuns. Isso é fundamental. E é preciso ter também o coração aberto para aprender sobre o outro, para dialogar com profundidade, para rever caminhos, para repensar e olhar para novos lados para fazer com que o outro também possa enxergar. Isso é fundamental. E é isso que nós vemos, nesse tempo todo, desde a criação do Centro de Estudos”.
Representando a ancestralidade
A coordenadora do CEAAB e professora da Faculdade de Direito, Dra. Waleska Miguel Batista, lembrou que, no dia 1º de novembro de 2023, foi plantado, próximo ao CEAAB, um baobá, que, segundo ela,
“representa tanto a nossa ancestralidade, quanto a nossa luta e unidade, pois nós somos um coletivo, e o Conselho Consultivo surge dentro dessa ideia, com o objetivo de trazer mais crescimento para a formação humana, em especial de nossos alunos e de toda a sociedade campineira. É por isso que eu agradeço ao professor Germano por colocar em nossos braços a possibilidade de desenvolver várias ações como o Grupo de Cosmovisão, Raça e Decolonialidade, e nós estamos sempre buscando por novas ações, práticas e projetos. E que nos segurem, porque para 2025, muita coisa boa virá por aí”.
A coordenadora do CEAAB e professora da Faculdade de Direito, Dra. Waleska Miguel Batista, disse durante o seu discurso que o CEAAB está sempre buscando desenvolver novas ações, práticas e projetos e que 2025 será um ano bastante intenso nessa questão.
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Problema ou oportunidade?
Por fim, discursou a diretora da Faculdade de Educação, Profa. Dra. Eliete Aparecida de Godoy, que disse ter notado na Universidade, nos últimos tempos, uma maior representatividade e salientou que “quando ela surge, também surgem as dificuldades nas relações. E é aí que entra o nosso desafio. Todo problema não deve ser visto como um problema, mas como uma oportunidade. Desde 2019, muitas coisas que nós desejávamos poder alcançar, passo a passo, devagar, a gente foi conquistando e nós fomos vendo esse contexto universitário se modificando, se transformando. Então, é uma alegria imensa todos os momentos que nós vivemos com o Centro e a partir dele. Não que tudo tenha começado com o CEAAB, mas ele é o espaço físico, a referência, dá concretude e, por meio dele, a gente tem tornado muitas coisas bonitas, concretas. E não é sem sofrimento, pois todas as coisas são desafiantes”.
“Viver a diversidade, trabalhar e se compor dentro dela não é nada simples, mas isso nós vamos construindo dia a dia, então, eu sou grata, muito grata, por fazer parte desse contexto, dessa história, por contribuir com um pouquinho. Quem sabe lá na frente, a gente possa dizer que com a união entre docentes, discentes, membros da sociedade civil e com todos aqueles que quiseram contribuir, nós deixamos um grande legado para a sociedade campineira. É o que eu espero”, encerrou a diretora da Faculdade de Educação.
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