Coronel aposentado é investigado por criticar nas redes sociais governador e comandante-geral da PM investigado pela PF


Corregedoria da PM, que é subordinada ao atual comandante-geral coronel Miramilton Goiano, intimou o coronel Edison Prola após postagens no Instagram. Edison Prola foi indiciado por fazer críticas ao governador de Roraima, Antonio Denarium, e ao comandante-geral da PM, Miramilton Goiano
Reprodução/Instagram/Prola
O coronel aposentado Edison Prola é investigado pela Corregedoria da Polícia Militar de Roraima por criticar nas redes sociais o governador Antonio Denarium (PP) e o atual comandante-geral da PM, Miramilton Goiano de Souza, investigado e apontado pela Polícia Federal como líder de um grupo criminoso responsável por venda ilegal de armas e munições.
Miramilton também é investigado no “Caso do Surrão”, em que um casal de agricultores foi assassinado a tiros numa disputa por terras.
Prola, que também foi secretário de Segurança Pública na gestão de Denarium, deve prestar depoimento nesta quarta-feira (27) na Corregedoria da PM. Ele também já ocupou o cargo de comandante-geral, a mesma função que Miramilton exerce atualmente.
O coronel aposentado foi intimado no dia 22 de novembro. O documento, assinado pelo coronel Nelson de Deus Silva, que é corregedor da PM e subordinado a Miramilton, afirma que a investigação se iniciou a partir de uma anônima feita na plataforma do governo Federal FalaBR, repassada para o Ministério Público de Roraima, e em seguida para a PM.
Um trecho da intimação de Prola cita que ele “estaria publicando diariamente críticas e acusações sem provas contra o Governador do Estado e o Comandante Geral da PMRR em sua rede social no Instagram, com o intuito de desmoralizá-los perante a tropa e a população”.
As postagens em questão envolvem textos que Prola fez no Instagram comentando o envolvimento de Miramilton com o assassinato de casal de agricultores do Surrão, a investigação da PF sobre venda ilegal de armas e munições.
Na apuração da Corregedoria da PM, é apurado se o comportamento do coronel Prola se classificou como “crimes militares e transgressões cometidas por Oficial da Corporação”. A denúncia recebida pelo FalaBR foi repassada para a corregedoria por meio do promotor Raphael Talles Pereira.
👉 O g1 procurou o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), o comandante da PM Miramilton Goiano e o Ministério Público de Roraima e aguarda resposta.
‘Considero um absurdo’
Aposentado desde 2015, Prola disse, em entrevista ao g1, acreditar que a denúncia ao FalaBR foi feita pelo próprio coronel Miramilton. Mesmo aposentado, Prola ocupou em 2017 o comando-geral da PM à pedido da então governadora Suely Campos.
Na gestão de Denarium, ele foi secretário de Segurança Pública de setembro de 2020 à abril de 2023.
“Entendo que o comandante da PM não teve coragem de abrir o inquérito diretamente e optou por utilizar essa denúncia anônima como um subterfúgio, o que considero um absurdo. Se tivesse coragem, ele mesmo teria tomado a decisão de abrir o inquérito”, disse o coronel.
Nas redes sociais, Edison Prola demonstrou descontentamento com a intimação. O coronel aposentado deu a entender que o governo de Roraima não está priorizando a apuração dos investigados pela PF por venda ilegal de armas. Classificou a ação contra ele como “Inversão de valores”: “Quando o correto é errado e o errado torna-se correto”.
De acordo com Edison, nas postagem não houve nenhuma “ofensa pessoal” ao governador ou ao comandante Miramilton.
“O que fiz foi repostar matérias da imprensa, que circularam tanto a nível estadual quanto nacional. Meu comentário sempre foi baseado no conteúdo dessas reportagens. Jamais fiz críticas pessoais, mas expressei minha preocupação em relação às atitudes do governo, como a ausência de providências diante de uma situação grave envolvendo um comandante investigado por dois casos, um de homicídio e outro envolvendo a Polícia Federal”, disse ao g1.
Ele também se disse surpreso com a postura do governador de Roraima em dar prioridade à uma denuncia que classificou como “desnecessária”.
“Minha surpresa também é com a postura do governador e do comandante, que ao invés de tomarem providências diante das graves acusações, preferiram me chamar para depor, sem se preocupar com a responsabilidade moral e ética de suas próprias atitudes”. ”
“Isso me entristece muito, especialmente considerando que a Polícia Militar está celebrando 49 anos e, como um veterano, lamento profundamente o momento difícil que a instituição está atravessando”, disse Edison Prola.
Edison Prola será ouvido na sede do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da PM e afirmou que levará os prints das postagens assim como as notícias compartilhadas.
“Em relação às postagens que me citaram, vou levar no meu depoimento cópias de todas as matérias que repostei. Meu único ato foi compartilhar informações da imprensa, sem fazer nenhuma acusação direta”.
“Sempre procurei me posicionar de maneira responsável, e não vejo razão para estar sendo tratado dessa forma, considerando que meu único ato foi repostar informações publicadas por veículos de comunicação confiáveis”, disse.
Aposentado, ex-comandante-geral da PM e secretário de Denarium
Edison Prola é coronel aposentado desde 2015. Em 2017, foi comandante-geral da PM do governo Suely Campos. À época, coronéis da PM chegaram a pedir que Prola fosse afastado do cargo por entenderem que militares da reserva não poderiam assumir a mais alta função da polícia.
No governo de Antonio Denarium, Prola foi secretário de Segurança Pública do governo Denarium de setembro de 2020 à abril de 2023. Questionado sobre o motivo do rompimento com o atual governador, o coronel da reserva afirmou não saber o motivo de sua exoneração.
“Até hoje não sei o motivo exato. Fui chamado ao Palácio e o governador pediu para eu deixar o cargo, alegando que precisava de um cargo para alocar outra pessoa. Isso foi feito de maneira rápida e sem explicação. Minha exoneração foi publicada poucas horas depois, o que nunca tinha acontecido em seu governo”, afirmou Edison Prola.
Além disso, Edison Prola já foi chefe da Casa militar dos governos Ottomar Pinto e José de Anchieta e comandante Geral da Polícia Militar, entre 2013 e 2014.
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