Mauro Cid confirmou no STF que Bolsonaro sabia do plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Mauro Cid prestou novo depoimento a Moraes na quinta (21)Agência Brasil

O tenente Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), prestou novo depoimento nesta quinta-feira (21) a Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator dos inquéritos. De acordo com seu advogado, Cid confirmou que o ex-presidente sabia do plano de execução de Lula, Alckmin e do próprio Moraes nos planos golpistas de 2022.

“Confirma que sabia, sim, na verdade o presidente de então sabia tudo. Na verdade, comandava essa organização”, afirmou o advogado Cezar Bitencourt em entrevista à Globonews. Nove minutos depois, o advogado recuou e disse que não teria falado em “plano de morte”.

Ao ser perguntado se Cid detalhou a reunião do dia 12 de novembro de 2022 que, segundo a PF, teria acontecido na casa de Braga Netto e que houve apresentação do plano de golpe e assassinato, o advogado respondeu que o tenente “deu alguns detalhes”.

Bolsonaro tinha “interesse no que estava acontecendo”

“Agora uma coisa importante que eu tenho que retificar, que saiu uma coisa errada aí, eu não disse que o Bolsonaro sabia de tudo. Até porque o tudo é muita coisa, né. Alguma coisa evidentemente ele tinha conhecimento, mas o que é o plano. O plano tem um desenvolvimento muito grande”, continou Bittencourt para a Globonews.

“O presidente [Bolsonaro], segundo a informação, teria conhecimento dos acontecimentos que estava se desenvolvendo, isso ele não pode negar, mas não tem nada além disso. Eu não falei plano de morte, plano de execução, de execução como sendo o plano de morte, falei da execução do plano pensado, imaginado, desenvolvido, nesse sentido”, reiterou o advogado.

Bitencourt afirmou que o ex-presidente sabia, que “tinha interesse no acontecimento que estava acontecendo naqueles dias”.

Segundo o advogado, o ex-ajudante de ordens “participou como assessor, verificou os fatos, indicou esses fatos ao seu chefe [Bolsonaro], que teria toda a liderança”. Bitencourt disse que Mauro Cid era um assessor de reuniões do presidente, mas que não possui detalhes do que foi falado nestes encontros. 

“O que ele confirmou foi que as reuniões foram realizadas e com quem foi realizada”, afirmou. “[O depoimento] ontem foi apenas o coroamento desses fatos. Agora vem a conclusão e deve ir para a PGR elaborar a denúncia”, contou o advogado.

Inconsistência nos depoimentos

Na terça-feira (19), Cid prestou depoimento e negou ter conhecimento de um plano para um golpe de Estado em dezembro de 2022. Ele foi chamado para depor após a PF recuperar dados apagados do computador dele e acabou também sendo interrogado sobre o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes.

Os investigadores não ficaram satisfeitos com a versão apresentada pelo tenente e estavam convencidos de que Cid omitiu informações e nomes. A delação corria risco de ser cancelada. Na quinta-feira (21), Moraes ouviu Cid no STF e decidiu manter os acordos de delação.

“O presidente teria conhecimento dos acontecimentos que estava se desenvolvendo, isso ele não pode negar, mas [Cid] não tem nada além disso”, afirmou Cezar Bitencourt.

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