Telescópio da Nasa descobre galáxias antigas que mudam o que se pensava sobre o universo

Os ‘Monstros Vermelhos’ receberam esse nome devido ao seu tamanho gigantesco e alto teor de poeira avermelhadaReprodução/Nasa

O Telescópio Espacial James Webb (JWST), da Nasa, detectou um trio de galáxias gigantescas no Universo primordial — região onde se acredita que o universo teve origem — que podem mudar a compreensão dos cientistas de como as estrelas e as galáxias se formaram.

As galáxias batizadas de “monstros vermelhos“, cada uma com 100 bilhões de vezes a massa do nosso Sol e quase tão massivas quanto a Via Láctea, têm mais de 12,8 bilhões de anos. De acordo com a revista Live Science, estima-se que elas se formaram ao longo de um bilhão de anos após o Big Bang — “explosão” descrita pelos cientistas como a origem do universo, há cerca de 14 bilhões de anos.

Isto significa que as estrelas dentro destas galáxias crescem e se agrupam a um ritmo “surpreendentemente rápido”, que desafia os modelos existentes de como as galáxias se formam, diz um estudo publicado na revista Nature.

“Encontrar três monstros tão maciços entre as amostras representa um enigma tentador”, disse em comunicado o coautor do estudo Stijn Wuyts, professor de astronomia na Universidade de Bath no Reino Unido. “Muitos processos na evolução de galáxias têm a tendência de introduzir um passo que limita a velocidade com que o gás pode ser convertido em estrelas, mas de alguma forma estes monstros vermelhos parecem ter rapidamente evitado a maioria destes obstáculos.”

Explicação

A visão convencional entre os astrônomos diz que as galáxias se formam dentro de gigantescos halos (anéis que se formam em volta de corpos celestes) de matéria escura. Neles, a forte gravidade suga para dentro a matéria normal, como gás e poeira, antes de comprimi-la para formar estrelas.

Normalmente, isto é visto como um processo pouco eficiente, com apenas 20% do gás sugado sendo transformado em estrelas. A descoberta dos monstros vermelhos confunde esta visão: neles, 80% do seu gás aparentemente foi convertido em estrelas jovens e brilhantes.

“Estes resultados indicam que as galáxias no Universo primitivo poderiam formar estrelas com uma eficiência inesperada”, disse o autor principal do estudo, Mengyuan Xiao, pesquisador da Universidade de Genebra. “Assim que estudarmos essas galáxias mais profundamente, elas oferecerão novas percepções sobre as condições que moldaram as primeiras épocas do Universo”.

Os monstros vermelhos, que receberam este nome por causa do seu brilho vermelho característico, foram avistados usando a Câmara de Infravermelho Próximo (NIRCam) do satélite JWST.

Formação das galáxias

“Nossas descobertas estão remodelando nossa compreensão da formação de galáxias no universo primitivo”, comentou Mengyuan Xiao no comunicado. A pesquisa se soma a um crescente conjunto de observações de galáxias que contradizem esse entendimento, demonstrando que ainda temos muito a aprender sobre o universo primitivo.

Por exemplo, uma pesquisa do JWST publicada em fevereiro de 2023 encontrou seis galáxias que se formaram apenas 500 a 700 milhões de anos após o Big Bang e são 100 vezes mais massivas do que os astrônomos esperavam que fossem.

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