Mãe de Alexei Navalny entra com ação judicial em tribunal russo exigindo a liberação do corpo do filho


Família e aliados informaram que Lyudmila recebeu no último sábado a confirmação da morte do filho. Porém, desde então, o governo russo diz que não entregará corpo até concluir investigação da causa da morte. Foto de arquivo mostra Alexei Navalny durante protestos em 29 de fevereiro de 2020
Pavel Golovkin/AP
A mãe de um dos maiores opositores russos Alexei Navalny, Lyudmila Navalnaya, entrou com uma ação judicial em um tribunal da cidade ártica de Salekhard, exigindo a liberação do corpo de seu filho, informou a agência de notícias estatal russa Tass nesta quarta-feira (21).
A família e aliados informaram que Lyudmila recebeu no último sábado a confirmação da morte do filho. Porém, desde então, o governo russo diz que não entregará corpo até concluir investigação da causa da morte.
Desde que a morte foi anunciada, a causa não foi informada e o governo russo disse não ter nenhum detalhe a respeito. O Kremlin disse apenas que está investigando o caso (entenda mais abaixo).
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Uma audiência a portas fechadas foi marcada para 4 de março, disse o relatório, citando funcionários do tribunal.
A esposa do opositor russo apelou na terça-feira ao presidente russo, Vladimir Putin, para que libertasse os restos mortais de seu filho para que ela pudesse enterrá-lo com dignidade.
“Devolvam o corpo de Alexei e deixe-o ser enterrado com dignidade, não impeça as pessoas de se despedirem dele. E peço a todos os jornalistas: não perguntem sobre mim, perguntem sobre Alexei”, disse Yulia na rede social X (antigo Twitter).
Em vídeo na frente da prisão IK-3 Lobo Polar, onde Navalny morreu, sua mãe Lyudmila reforçou que quer ter o corpo de seu filho volta. Ela denunciou que pelo quinto dia seguido ela tem o acesso ao corpo de Alexei negado e não tem nenhuma informação do governo russo.
“Pelo quinto dia consecutivo, não consigo ver Alexei Navalny. Não me entregam o corpo dele e nem mesmo me dizem onde ele está. Estou me dirigindo a você, Vladimir Putin, a solução para o problema depende apenas de você. Deixe-me finalmente ver meu filho. Exijo que o corpo de Alexei seja imediatamente entregue para que eu possa enterrá-lo dignamente”, afirmou a mãe.
Quem foi Alexei Navalny, principal opositor de Putin que morreu na prisão
Corpo ocultado
Segundo a porta-voz do opositor russo, Kira Yarmysh, o corpo de Alexei Navalny está escondido para sumir com vestígios de assassinato.
O jornal russo Novaya Gazeta revelou no domingo (18) que o corpo de Alexei Navalny tem sinais de hematomas e convulsões. As marcas não seriam consequência de espancamento e também indicariam tentativas de massagem cardíaca nele.
Desde que a morte de Navalny foi anunciada, na sexta (16), a causa da morte não foi informada e o governo russo disse não ter nenhum detalhe a respeito. O Kremlin disse apenas que está investigando o caso.
A porta-voz de Navalny disse que os investigadores russos transferiram o corpo de uma colônia penal no Ártico para a cidade vizinha de Salekhard, onde seria examinado. A expectativa dos familiares era que o corpo já estivesse liberado.
Porém, a porta-voz de Navalny afirmou que o Comitê de Investigação, responsável pelas investigações penais na Rússia, comunicou que o inquérito sobre a morte de Navalny “foi prolongado”.
O Kremlin também confirmou que a investigação “segue em curso” e não chegou a nenhuma conclusão.
Nas redes sociais, porém, a porta-voz de Navalny afirmou que o teste de 14 dias para descobrir a causa é uma “mentira descarada”. Para ela, o tempo será usado esconder sinais de que ele foi morto.
Alexei Navalny: Família e apoiadores cobram explicações do governo russo sobre as circunstâncias em que o ativista morreu
Reprodução/TV Globo
Morte de Navalny
O Serviço Penitenciário Russo (FSIN) informou que Alexei Navalny morreu na sexta-feira, depois que perdeu a consciência durante uma caminhada.
Navalny, de 47 anos, era um ex-advogado que ficou conhecido ao fazer acusações de corrupção ao governo do presidente Vladimir Putin. Ele se apresentava como um político liberal e principal adversário do atual presidente.
Na década de 2010, por exemplo, liderou um movimento contra Putin que levou milhares de pessoas às ruas do país. Já em 2018, ele convocou outra manifestação chamada de “greve de eleitores” após Putin ser eleito.
O opositor do atual governo foi sentenciado à prisão até completar 74 anos por acusações que, segundo ele, foram forjadas para mantê-lo afastado da política.
Os Estados Unidos e a União Europeia culparam o governo Putin pela morte. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou estar “profundamente entristecido e perturbado” pela morte e exigiu que a Rússia esclareça as circunstâncias do ocorrido.
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