Rodovia Régis Bittencourt é municipalizada no trecho de Taboão da Serra, na Grande SP; especialistas temem mais trânsito


Pedido foi feito pela própria Prefeitura de Taboão após avaliar que o fluxo rodoviário mudou ao longo dos anos; cidade pedia municipalização do trecho há duas décadas. Projeto prevê construção de ao menos seis passagens de nível para ligar bairros e instalação de 12 semáforos. Rodovia Régis Bittencourt
Divulgação/Arteris
A Rodovia Régis Bittencourt, no trecho de Taboão da Serra, foi municipalizada. Agora, 6,5 Km da via federal pertencem ao município, que fica na Grande São Paulo. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (19).
Na prática, a prefeitura da cidade pode fazer obras na região e instalar radares, por exemplo. Especialistas questionam a eficácia desta medida para o trânsito local. O pedido foi feito pela própria Prefeitura de Taboão após avaliar que o fluxo rodoviário mudou ao longo dos últimos anos. Há duas décadas, a cidade pede a municipalização do trecho.
A Régis Bittencourt foi inaugurada em 1961 e liga São Paulo ao Paraná. Até meados de 2000, era conhecida como a “rodovia da morte” devido aos altos índices de acidente. Em 2008, foi concedida à iniciativa privada e inteiramente duplicada.
Segundo o secretário de Transportes e Mobilidade do município, o trecho ganhou mais características de uma via municipal.
“O projeto prevê a oxigenação desse espaço que está dividido em dois ‘hemisférios’ diferentes. Do jeito que está, sem semáforo, nós gastamos por volta de 45 minutos a uma hora, na saída de Embu, até chegar ao Largo de Taboão, e vice-versa. [Com o novo projeto], estamos programando para 50% de redução no tempo, talvez até um pouco mais”, apontou José Vanderlei Santos.
Por trecho, a Arteris, concessionária que administra a rodovia, cobra R$ 4 de pedágio para automóveis e R$ 2 para motos. O maior valor aplica-se a caminhões com reboque: R$ 24.
O g1 questionou se, a partir da municipalização do trecho, a concessionária pretende diminuir o valor do pedágio ou se planeja algum tipo de compensação, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
O projeto
O projeto de municipalização do trecho da BR-116 prevê a construção de pelo menos seis passagens de nível para ligar bairros da cidade;
Segundo a prefeitura, a ideia é diminuir o trânsito na região central e nos retornos da Avenida Paulo Ayres;
Com a municipalização da extensão, a prefeitura passa a ter autonomia para definir os investimentos e qualquer mudança no trecho;
Na prática, ligações de bairros da cidade ao trecho e a instalação de 12 semáforos no cruzamento já estão entre as primeiras mudanças.
Ayres Scorsatto, presidente do Conisud (Consórcio Intermunicipal da Região Sudoeste da Grande São Paulo) e prefeito de Juquitiba, uma das cidades no entorno do trecho, afirma que os 10 meses restantes da gestão não serão suficientes para colocar todo o planejamento em prática.
Especialistas temem mais trânsito
Flaminio Fichmann, especialista em mobilidade transportes, explica que a medida pode gerar mais trânsito no entorno das cidades da Grande São Paulo.
“Existe um conflito muito grande entre os interesses do município, os interesses dos municípios adjacentes, que fazem parte do Conisud, e os interesses dos usuários da rodovia”, afirma.
“Não é fácil o município absorver uma responsabilidade que não cabe [a ele]. As pessoas que utilizam a BR não têm destino nesse município. A área desse município é muito pequena. Ela não tem condições de se responsabilizar por um deslocamento tão importante para o país dessa forma”, explica Fichmann.
“O ideal seria a concessionária absorver essa atribuição e levar todo esse tráfego para uma via mais adequada — que seria a via de transição composta pelas marginais Pinheiros e Tietê. A partir dessas vias, com características de vias expressas, fazer a distribuição do tráfego e a conexão com outros municípios”, completa o especialista.
O presidente do Conisud tem o mesmo receio: “A preocupação da população é a seguinte: quando se fala em 12 semáforos, já tomo um espanto. Será que isso melhora ou piora? Na apresentação do projeto, parece que não seria tanto. Não podemos prejudicar mais a população, o trânsito. Juquitiba e São Lourenço perdem muito emprego em São Paulo porque não conseguem nunca chegar ao horário de trabalho”, pontua Ayres Scorsatto.
O que diz a concessionária
Em nota, a Arteris Régis Bittencourt, concessionária que administra a rodovia, disse que durante todo o processo sempre esteve à disposição dos órgãos públicos competentes para prestar os esclarecimentos.
A TV Globo pediu um posicionamento para a Agência Nacional de Transportes Terrestres, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Trecho da Régis Bittencourt será municipalizado
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