Auxílio doença cresce 40% na região de Campinas, mas moradores relatam demora de até 1 ano para fazer perícia


Embora INSS diga que o aumento seja justificado pelo enfrentamento às filas, moradores da região dizem que a demora ainda é longa. Advogada explicou à EPTV quais são os direitos dos beneficiários. Aumenta em Campinas e região número de pessoas que recebem auxílio-doença do INSS
O número de pessoas que recebem o benefício por incapacidade temporária, também conhecido como auxílio doença, cresceu 40% na região de Campinas (SP), segundo informações do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os dados foram obtidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação.
👉 Ao todo, foram 38.024 concessões em 2023. No ano anterior, o total ficou em 26.987. O levantamento leva em consideração, além da metrópole, os municípios de Americana, Indaiatuba, Hortolândia, Pedreira, Sumaré, Valinhos, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Cosmópolis, que integram a mesma gerência-executiva.
📅 Embora o INSS afirme que a alta se dê pela diminuição nas filas, moradores que buscam pelo benefício em Campinas relatam demora de até um ano apenas para conseguir fazer a perícia. Além dessa dificuldade de atendimento, há também quem tenha recebido resposta negativa para o pedido sem uma justificativa (assista à reportagem acima).
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Confira abaixo os relatos dos moradores:
Um ano de espera
Inspetora de aluno Maísa Primo, de Campinas, esperou 1 ano para realizar perícia do INSS
Reprodução/EPTV
Foi ao descer de um ônibus que a inspetora de aluno Maísa Primo acabou torcendo o tornozelo esquerdo. O acidente causou diversos problemas de saúde e deu início a uma longa saga. “Caí, torci o tornozelo, tive duas tromboses. Tive desligamento e tive que fazer cirurgia”, relata.
Ela foi afastada do trabalho e entrou com o processo para receber o benefício por incapacidade temporária, mas a espera foi demorada. “Um ano. Eu tive que ficar com a minha filha durante um ano, porque não tinha de onde tirar dinheiro para pagar minha água, minha luz, e comer, né?”.
👉 De acordo com dados do Instituto, a demora na região de Campinas é de 61 dias em média.
Benefício cortado
Empregada doméstica Eliana Maria teve o benefício do INSS cortado após várias negativas
Reprodução/EPTV
A empregada doméstica Eliana Maria também precisou procurar o INSS depois de enfrentar um problema no joelho. “Quando dei entrada, os médicos recusaram. Eu não tinha condição de trabalhar. Eles ficaram recusando. Só me deram depois que eu fiz a cirurgia, que era meu direito ficar em casa. Depois já cortaram”.
A situação da faxineira Ilda da Silva foi parecida. Ela também teve o auxílio negado depois de recebê-lo por meses. “Caí, quebrei a patela do joelho, fiz duas cirurgias e não consigo trabalhar. Eu sou faxineira e meu joelho não dobra, ele dobra só um pouquinho. Eu tinha passado na perícia dia 29 de janeiro, aí não passei”.
“Passei mal, fui parar no hospital porque eu não tenho ganho nenhum. Sem conseguir dormir pensando o que você vai fazer para pagar as contas. Se eu pudesse trabalhar, jamais estaria aqui”.
Ilda da Silva é de Campinas e conta que também teve o auxílio doença cortado
Reprodução/EPTV
Quais são os direitos dos beneficiários?
A EPTV conversou com a advogada Adriana Zanardi, especialista em previdência, para entender mais detalhes sobre o benefício. Entenda:
👥 Quem tem direito? “Não basta a pessoa ter a doença, porque a doença por si só não gera o direito automático ao benefício. Ela tem que ser incapacitante, incapacitante de forma parcial e temporária”, explica.
🗣️ Como solicitar? “Tem que fazer o requerimento junto ao meu INSS, através do site, juntar a documentação médica e os documentos pessoais. Esse documento médico vai passar por análise pericial e a perícia vai atestar ou não a possibilidade desse afastamento”.
⏰ Quanto tempo leva? “A lei prevê um prazo de 30 dias para análise do requerimento. Esse prazo pode ser postergado por mais 30 dias e o INSS tem que justificar, mas na prática isso não acontece”, afirma a profissional.
“O INSS não justifica por quê ele não apreciou e 30 dias. Então, às vezes passa desse prazo e o segurado fica vendo no site que o processo está em análise e ele não tem muito o que fazer”.
Ainda de acordo com o levantamento, as doenças ortopédicas foram as mais recorrentes entre os auxílios concedidos:
Fratura no punho e mãos
Lesões no ombro
Lesões na coluna
Fratura nas pernas
Fratura nos tornozelos
A advogada diz que é difícil conseguir o benefício, mas que o interessado pode adotar algumas medidas para tentar contornar a demora. “Procurar um médico que faz um acompanhamento, que faz um tratamento, pedir pra ele um relatório bem consistente do início da doença, de toda a evolução dela e da perspectiva de melhora ou não ou até da sua estagnação.
“O médico tem que colocar no atestado o CID [Classificação Internacional de Doenças] dessa doença e dizer, mais ou menos, o tempo de afastamento para que a pessoa possa se tratar e se recuperar. isso vai para análise da perícia médica do INSS e o perito que vai avaliar essa condição”.
O que diz o INSS
Agência do INSS Previdência Social em Campinas
Reprodução/EPTV
Questionado sobre o aumento, o Ministério da Previdência Social informou que o aumento de concessões dos benefícios por incapacidade tem relação com medidas de enfrentamento à fila. A EPTV rebateu a resposta, uma vez que os entrevistados relatam um cenário diferente e de alta demora. No entanto, ainda não teve resposta.
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Perdeu o benefício após e
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